Boa notícia para BH

O conjunto de edifícios Sulamérica-Sulacap, construído nos anos 40 do século passado, é ou foi uma referência icônica na arquitetura da cidade, assim reconhecido nacionalmente. E, sobretudo, pela harmonia dos dois prédios, erguidos em posição simétrica com uma praça central e bela escadaria, que se integra com admirável beleza ao viaduto de Santa Tereza. Mas o pouco valor dado a estas obras, ou a ganância, talvez os dois combinados, determinou, nos anos 70, sua descaracterização, com a construção, no que era a praça central, de um caixote de cimento e concreto. Foi o fim, literalmente.
Acabou a beleza harmonia, começou a degradação de um ponto que era, à época, um dos mais nobres da cidade. Mas não é hora de lamentar e sim de comemorar. O belo conjunto que parecia definitivamente condenado foi desapropriado pela Prefeitura de Belo Horizonte no mês de março passado, considerado seu valor arquitetônico histórico e o fato de ser uma das principais referências no hipercentro da cidade. Na sequência, acaba de anunciar a abertura de licitação para contratação de empresa a ser incumbida da demolição do degradado trambolho ali construído, se não ilegalmente, com certeza contra as mais elementares regras do bom senso. Na sequência e, espera-se, com a mesma agilidade, será feita a recuperação da praça que ali existiu para que o conjunto volte a ser o que nunca deveria ter deixado de ser numa cidade que tanto se orgulha de sua arquitetura.
O prefeito Fuad Noman só merece aplausos pela iniciativa, que está no contexto do processo de revitalização do hipercentro, agora simpaticamente batizado como “O centro de todos nós”.
Espera-se também que o importante passo que está sendo dado seja também demonstração do muito que pode ser feito, no caso começando pela recuperação dos dois imponentes prédios, devolvendo-lhes as características originais. E de iniciativas antigas, porém deixadas de lado, como a revitalização dos prédios históricos distribuídos ao longo da avenida Afonso Pena, padronização dos letreiros comerciais, além de melhorias na circulação de veículos, segurança pública e iluminação. Em síntese, criando condições para que o hipercentro volte a ser ocupado, para que os prédios fechados sejam reabertos e melhor utilizados. Tudo isso não apenas para devolver vida e beleza à região, a partir da qual deu-se o crescimento de Belo Horizonte. Talvez, sobretudo, para que nossas raízes sejam melhor cuidadas.
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