Sebrae tem iniciativas para os pequenos negócios da economia criativa

Você sabe o que é economia criativa? Economia criativa é um conceito que compreende atividades econômicas que utilizam a criatividade e o conhecimento e geram valor e desenvolvimento econômico. Doze em cada 100 negócios da economia criativa no Brasil estão em Minas Gerais, conforme o último levantamento do Observatório do P7 Criativo – Agência de Desenvolvimento da Indústria Criativa de Minas Gerais, divulgado em 2018.
E a participação desse setor na economia vem aumentando nos últimos anos. A participação do Produto Interno Bruto (PIB) Criativo no total do PIB brasileiro, por exemplo, passou de 2,61% em 2017 para 2,91% em 2020, totalizando R$ 217,4 bilhões, conforme Mapeamento da Indústria Criativa de 2022 da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). Em Minas Gerais, a participação também cresceu, saltando de 1,8% em 2017 para 1,9% em 2019. Em 2020, chegou a 2%.
Os negócios criativos são um dos pilares da nova economia. O escopo da economia criativa é amplo, englobando atividades já consolidadas e agregando novas possibilidades e incluem segmentos de moda, atividades artesanais, editorial, cinema, rádio e TV, música, desenvolvimento de software e jogos digitais, serviços de tecnologia da informação dedicados ao campo criativo, arquitetura, publicidade e serviços empresariais, design, artes cênicas, artes visuais, museus e patrimônio.
A analista do Sebrae Minas, Nayara Bernardes, explica que o empreendedor que trabalha com criatividade nos seus serviços ou produtos tem como diferencial a singularidade, mesmo com o uso da tecnologia e da internet. “Um produto de Belo Horizonte, por exemplo, vai ser diferente de um produto de Tóquio, porque eles têm características e identidade que os tornam únicos”, observa.
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Ações
A especialista explica que o Sebrae Minas possui várias ações para os pequenos negócios criativos, uma delas é o programa Sebrae Aceleração Criativa (Sacri), voltado para micro e pequenas empresas (MPEs), microempreendedores individuais (MEIs) e potenciais empreendedores que tenham uma ideia inovadora e criativa nas áreas de artes cênicas, música, artes visuais, literatura e mercado editorial, audiovisual, rádio, artesanato, cultura popular e entretenimento e queiram se capacitar para colocá-la em prática.
Outra iniciativa é o maior evento de audiovisual do Estado, a 8ª edição da MAX (Minas Gerais Audiovisual Expo), que está agendado para os dias 7 a 9 de novembro deste ano, na sede do Sebrae Minas, em Belo Horizonte. Na oportunidade, são realizadas rodadas de negócios, painéis de capacitação, pitchings, desafios de inovação audiovisual, mostras de conteúdos e exposições artísticas.
Para este ano, o foco do evento é a inclusão dos elos da literatura e da música ao setor audiovisual, ampliando os negócios mineiros da economia criativa à forte atividade econômica do cinema. Esta ação consolida a estratégia do Sebrae de ampliar a abordagem da MAX para toda a economia criativa, fortalecendo o audiovisual e as cadeias adjacentes.
Nayara Bernardes ressalta que dentro da estratégia de fortalecer a cadeia produtiva do livro e incentivar a leitura como atividade da economia criativa, foi criado por meio de uma parceria entre o governo do Estado e o Sebrae Minas o programa “Minas Literária”, que propõe uma abordagem transversal entre educação, cultura e turismo.
O investimento inicial do Executivo mineiro é de R$ 9 milhões nos próximos dois anos. O programa contempla todas as regiões de Minas Gerais, incluindo a criação da Rede de Bibliotecas Integra Gerais, implementação da biblioteca digital, criação do selo Minas Literária, entre outras ações.
Empregos
Além do crescimento na participação do PIB, a Indústria Criativa empregou 935 mil pessoas em todo o País em 2020, uma alta de 11,7% em relação a 2017, o que equivale a 70% de toda a mão de obra que atua na indústria metalmecânica brasileira. A edição 2022 do levantamento da Firjan, que é divulgado a cada dois anos, cobre o período entre 2017 e 2020. Minas Gerais ocupou o terceiro lugar em geração de empregos, com 82 mil profissionais criativos formalmente empregados no período analisado.
Neste ano, no primeiro trimestre, a economia criativa registrou um aumento de 2% (equivalente a 123 mil postos de trabalho) em seu nível de emprego em comparação com o primeiro trimestre de 2022, no Brasil, conforme dados do Observatório Itaú Cultural.
Nas áreas pesquisadas pelo Itaú Cultural, o maior crescimento de vagas se deu no segmento de tecnologia, com a criação de 107 mil vagas. Ao todo, o setor das indústrias criativas emprega 7,2 milhões de pessoas no País.
Bandas e gamers se capacitam
A banda Sr. Garvim, de Araguari, na região do Triângulo, participou do programa “Meu Negócio é Cultura”, promovido pelo Sebrae Minas e pela Fundação Araguarina de Educação e Cultura (Faec) . O músico Reginaldo Humberto diz que o Sebrae acabou assumindo um papel decisivo no processo de profissionalização da banda, a partir do curso que teve a duração de 10 meses.

“Tivemos a oportunidade de conhecer grandes nomes do setor do entretenimento nacional, que vêm influenciando de forma muito positiva nas tomadas de decisão e planejamento estrutural da banda. Sem a oportunidade ofertada pelo Sebrae a possibilidade de não termos tido contato com tanta gente importante do setor do entretenimento seria muito grande”, destaca.
Para o fundador e gestor do Mundo Cênico, Bruno Costa, a paixão pela atividade é fundamental e serve como combustível para superar as adversidades. “No entanto, a paixão por si só não é suficiente. Dominar as diversas ferramentas de administração é igualmente essencial para criar um trabalho sustentável e eficaz”, diz.
Formado em teatro pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), o empreendedor conta que a atuação da associação privada e sem fins lucrativos, localizada em Perdões, na região Centro-Oeste do Estado, envolve a produção de espetáculos teatrais que circulam na região, além da promoção de shows e eventos culturais.
“Adicionalmente, mantemos uma loja de artesanato que opera como uma cooperativa de talentosas artesãs da nossa cidade, resultando em produtos autênticos e diversificados”, destaca.
Outro segmento que faz parte da economia criativa é o de games. É o ramo de atuação da Long Hat House, que é um estúdio independente de criação de jogos, sendo o mais importante o Dandara, lançado em 2018.
“Para desenvolver o Dandara conseguimos uma parceria com a Raw Fury, uma publisher da Suécia. O Dandara foi um sucesso para nós, abriu portas e nos permite trabalhar de forma independente no desenvolvimento do nosso próximo título”, conta um dos sócios da empresa, Lucas Mattos.

No Brasil, o mercado de games movimentou no ano passado US$ 2,4 bilhões, consolidando o País como maior mercado da América Latina. Pesquisa divulgada pela Euromonitor mostra que, até 2024, o setor deve movimentar mais de US$ 219 bilhões em receitas em todo o mundo. O levantamento mostra também que cerca de 74% das pessoas no Brasil se declararam adeptas a jogos eletrônicos em 2022.
Formado em Ciência da Computação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o empreendedor conta que na indústria de jogos existe um mix de dificuldades que envolvem a falta de legislação e de estruturas de fomento “Bem como a falta de empresas mais estruturadas e bem enraizadas para tornar o ambiente mais seguro para se construir uma carreira”, diz. Ele acrescenta que, apesar dos desafios, criar projetos com total liberdade criativa é um dos aspectos mais gratificantes de ser empreendedor.
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