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Consumo da água por indivíduo ganha calculadora on-line

A escassez da água, contrastando com a ideia de abundância, exige mudanças e o IPT desenvolveu uma ferramenta para promover uso responsável
Consumo da água por indivíduo ganha calculadora on-line
Queremos promover o uso consciente da água, diz Zanella | Crédito: IPT/Divulgação

Um dos maiores reservatórios hídricos do mundo, concentrando cerca de 15% do total de água disponível na Terra, o Brasil ainda faz um uso pouco racional da água. Conforme a Organização das Nações Unidas (ONU), uma pessoa gasta, em média, 110 litros de água por dia para atender suas necessidades básicas de higiene, enquanto no Brasil o uso pode chegar a 200 litros.

O histórico de abundância e a ideia de que, como recurso renovável, a água sempre estará disponível dificulta o desenvolvimento de uma cultura de consumo – residencial e industrial – responsável.

A Terra é composta por 70% de água, entretanto apenas 2% é potável e 1% está disponível para consumo.

Além de criar dispositivos que permitam regular o uso, é preciso desenvolver ferramentas que subsidiem com dados a adoção de comportamentos responsáveis.

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Nesse sentido, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), de São Paulo, desenvolveu uma calculadora on-line que permite estimar o consumo da água para uma pessoa ou para todos os indivíduos que moram juntos em uma residência, tanto em casas quanto em apartamentos.

Segundo o pesquisador do IPT, Luciano Zanella, um dos responsáveis pelo desenvolvimento da nova ferramenta, a calculadora, além de estimar o consumo, verifica o quanto de água poderia ser poupada se fossem utilizados equipamentos economizadores. O usuário poderá, ainda, ter uma ideia de quanto da água consumida em uma casa poderia ser, teoricamente, substituída por água da chuva.

“A gente já teve algumas outras iniciativas como cartilhas sobre o aproveitamento de água de chuva, por exemplo. A ideia da calculadora é tirar o uso que fazemos da água no automático, sem reflexão. Entendendo como o consumo acontece, talvez seja possível usar melhor, economizar. Existe um aspecto ligado à responsabilidade ambiental e também à economia”, explica Zanella.

A ideia da calculadora não é a precisão nos resultados – que seria possível apenas pela medição direta do consumo -, mas servir como uma ferramenta de educação para um consumo mais consciente. Por isso a versão pode ser usada tanto em desktops como em smartphones

A iniciativa se alinha ao Movimento Minas 2032 – pela transformação Global (MM 2032), liderado pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO, que propõe uma discussão sobre um modelo de produção duradouro e inclusivo, capaz de ser sustentável, e o estabelecimento de um padrão de consumo igualmente responsável, com base nos ODS, promovidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), desde 2015.

“Existem outras calculadoras desse tipo. O que trouxemos de inovação foram dois módulos: um que sugere possibilidades de uso de tecnologias economizadoras, demonstrando em litros o quanto poderia ser economizado com a adoção em determinado ponto da casa. E, o segundo, para quem mora em casa, que estima o quanto seria possível economizar substituindo parte da água consumida por água de chuva”.

ODS e o uso da água

O consumo racional da água está ligado a, pelo menos, seis dos 17 ODS. São eles:

Objetivo 6: Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todas e todos.

Objetivo 11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis.

Objetivo 12. Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis.

Objetivo 13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos.

Objetivo 14. Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável.

Além do Objetivo 7: “Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todas e todos”, especialmente no Brasil, que tem sua matriz energética baseada na produção hidráulica.

Ainda que as indústrias e empresas de agronegócios sejam responsáveis por mais de 70% do consumo de água no Brasil, a opção de uma calculadora para residências levou em conta o efeito pedagógico da ferramenta.

“Escolhemos o uso residencial porque as atividades diárias são muito mais parecidas entre as casas, do que entre as indústrias e até mesmo entre os estabelecimentos comerciais. E, o mais importante, porque assim conseguimos atingir um número muito maior de pessoas que podem multiplicar o conhecimento. Também trabalhamos para ter uma interface parecida com os jogos eletrônicos, potencializando o uso da plataforma em sala de aula para atividades acadêmicas”, destaca o pesquisador do IPT.

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