Agronegócio

Queijo Cabacinha será caracterizado

A expectativa com a pesquisa e a regulamentação do Cabacinha é abrir mercado, agregar valor ao queijo e gerar desenvolvimento no campo
Queijo Cabacinha será caracterizado
Queijo Cabacinha produzido no Vale do Jequitinhonha foi reconhecido como Patrimônio Cultural e Imaterial em junho | Crédito: Divulgação/Fazenda Bonança

Reconhecido como patrimônio cultural e imaterial de Minas Gerais, o Queijo Cabacinha está passando pelo processo de caracterização.

A pesquisa, que vem sendo feita pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), vai servir de base para que o queijo, fabricado no Estado há mais de 80 anos, possa ser, finalmente, regulamentado.

A expectativa com a pesquisa e a regulamentação do Cabacinha é abrir mercado, agregar valor ao queijo e gerar desenvolvimento no campo.

De acordo com o presidente da recém-criada Associação dos Produtores de Queijo Cabacinha do Vale do Jequitinhonha (Aprocaje), José Valério de Souza Filho, a pesquisa para o regulamento técnico do Cabacinha já está em curso e a expectativa é concluí-la em março de 2024.

“A pesquisa é essencial para estabelecer as características e a qualidade do queijo Cabacinha. Ela será a base para que o governo de Minas estabeleça o regulamento técnico da forma de fazer o queijo. Assim, os produtores poderão regulamentar a atividade”.

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As expectativas são positivas e é esperado aumento na produção do queijo. Na região do Jequitinhonha, o Cabacinha é produzido por centenas de produtores, em sua grande maioria, da agricultura familiar.

“Com a pesquisa, vai se abrir espaço para a legalização do queijo. Isso vai estimular os investimentos, abrir mercados e permitir que as famílias produzam mais, garantindo escala para atender os clientes e maior rentabilidade. Sendo importante, inclusive, para estimular a sucessão no campo”. 

Além da pesquisa, um dos principais avanços para que a produção possa ser regulamentada foi a criação da Associação dos Produtores de Queijo Cabacinha do Vale do Jequitinhonha (Aprocaje), formalizada em 20 de julho e que tem sede em Pedra Azul. A princípio, são 34 associados mas, assim que o registro for liberado pelo cartório, será feito um trabalho para atrair novos produtores. 

“A Aprocaje foi criada para reunir os produtores, organizar a produção e para atender às regras do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Para reconhecer os municípios como produtores do Cabacinha, o que já foi feito pelo governo do Estado, o INPI exige uma associação responsável”, explicou.

Os municípios que produzem o Queijo Cabacinha são: Pedra Azul, Medina, Cachoeira do Pajeú, Comercinho, Itaobim, Divisópolis, Joaíma, Ponto dos Volantes e Jequitinhonha.

De acordo com  Souza, a associação, além de organizar os produtores, promoverá a melhoria no processo de ordenha e produção de queijos. Também é meta organizar os produtores para buscar novos mercados, que valorizem mais o produto.

“Aliado a isso, vamos trabalhar a melhoria da qualidade, a sanidade, o espaço de fabricação nas propriedades. Vamos agregar valor ao produto e tornar a produção do Cabacinha mais rentável e atrativa também para os jovens. Estimular a sucessão familiar é muito importante para a região”.

A produtora Adriana Silva Brito Rocha produz o Queijo Cabacinha na Fazenda Rancho do Ipê, em Pedra Azul. Junto com o esposo, Renato Rocha Santos, eles fabricam de 10 a 50 queijos por dia, dependendo da época do ano. 

Adriana é associada a Aprocaje e espera que a regulamentação do queijo traga valor e reconhecimento para o produto

“A pesquisa para a caracterização do Queijo Cabacinha será importante para permitir a regularização. Acho que isso vai contribuir para ampliar nosso mercado e valorizar o queijo. Com tudo isso, espero ter melhorias, o selo vai diferenciar o nosso produto e garantir a qualidade”, acredita.

A pesquisa

Segundo dados da Epamig, o processo de caracterização servirá de base para a regulamentação técnica da qualidade e identidade do Cabacinha. O procedimento consiste em análises laboratoriais de amostras do queijo e de seus componentes para a definição de parâmetros que viabilizarão tanto a fiscalização quanto a comercialização da iguaria.

Queijo Cabacinha com goiabada: para agregar valor | Crédito: Divulgação/Fazenda Bonança

Pesquisadores da empresa concluíram a primeira etapa de visitas, que ocorreram ao longo do primeiro semestre, para reconhecimento das técnicas e prospecção de demandas junto aos produtores do Vale do Jequitinhonha.

Agora, a equipe do projeto “Caracterização do Queijo Cabacinha na região do Vale do Jequitinhonha” se prepara para receber amostras de 30 queijarias de cinco municípios (Joaíma, Pedra Azul, Medina, Cachoeira do Pajeú, Ponto do Volantes). 

Com as amostras, será feita a definição das características físico-químicas (como proteína, gorduras, sais, umidade, dentre outros), microbiológicas (microrganismos e possíveis patógenos presentes no queijo) e sensoriais (como cor, consistência, aroma, textura, tamanho) do Cabacinha.

As análises serão realizadas em laboratórios das Universidades Federais de Minas Gerais (UFMG) e São João del-Rei (UFSJ).

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