Melhorar ou piorar?

Depois de anos a fio de abusos que não têm explicação minimamente razoável, finalmente parece decidido o que fazer a respeito dos juros cobrados sobre refinanciamento de faturas de cartão de crédito, também chamado de rotativo. Para quem não sabe, as taxas cobradas andam ao redor de 437% ao ano, ou 15% ao mês, aberração que não tem tamanho, tampouco justificativa. Vem sendo assim faz longo tempo, o que implica também, automaticamente, em elevar a inadimplência nessas operações a mais de 50%, nível que também não tem similar no planeta. Para o presidente do Banco Central, o festejado Roberto Campos Neto, tal situação seria causa das taxas praticadas, nunca consequência.
Fato é que, independente de avaliações de conveniência e que por natureza nada esclarecem, o BC parece ter se dado conta de que o modelo não tem mais como parar de pé. E pode mudar pelo caminho mais curto, o que parece fazer sentido, ainda que não faça sentido a engenharia em vigor, que limita o rotativo a 30 dias, sendo obrigatório, depois desse prazo, o parcelamento, que remete os juros a 196,1% ao ano. Algo que na comparação pode parecer até modesto, embora na realidade prossiga absolutamente escandaloso. A diferença, apresentada como algo comparável a uma grande sacada, é que o tal rotativo desapareceria.
Melhorar de um lado, piorar de outro, nesse caso com consequências bastante ruins. O BC está falando também em acabar com o parcelamento, sem juros ou taxas modestas, que pode ser de 3 a 10 vezes, até mais, de compras feitas com cartão de crédito. Estas operações, que ficam dentro do limite do razoável e ganharam muita força nos últimos anos, seriam também o terror dos bancos, daí talvez a decisão do BC “independente”.
Muito provavelmente não será maldosa a conclusão de que, medida a água e o fubá, sobrará a conclusão de que o Banco Central está propondo manter o que é ruim, ainda que com algum disfarce, para justificar dar fim ao que é bom. Falta saber o que pensam a respeito comerciantes e consumidores.
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