O novo livro de Bernardo Mata-Machado
Filho de Edgar Godói da Mata-Machado e sobrinho de Aires da Mata-Machado Filho, saudosos membros da Academia Mineira de Letras (AML), Bernardo Mata-Machado formou-se em história e fez o mestrado em ciência política. Em 1989, ganhou o Prêmio Diogo de Vasconcelos pelo livro “História do sertão noroeste de Minas Gerais – 1690 – 1930”. Ator e diretor de teatro, ainda escreveu “Do transitório ao permanente: Teatro Francisco Nunes – 1950-2000”. Pesquisador da Fundação João Pinheiro por mais de quatro décadas, foi secretário-adjunto de Cultura de Belo Horizonte, quando trabalhou com a acadêmica Antonieta Cunha, então secretária, na gestão do prefeito Patrus Ananias, atual ocupante da cadeira de número 39 da AML. Bernardo também foi secretário-adjunto da Cultura no governo de Minas Gerais, além de ocupar, por cinco anos, a secretaria nacional de Articulação Institucional do Ministério da Cultura. É justamente sobre Cultura o seu mais recente lançamento.
Em “Política cultural: fundamentos” (Edições Sesc, 287 páginas), a sua intenção se explicita logo nas primeiras páginas: o volume vem para orientar a gestão pública e para servir como livro-texto para cursos de graduação e de pós-graduação na área. No texto da ‘orelha’, Isaura Botelho, doutora em Ação Cultural, diz acreditar, no entanto, que o trabalho “se tornará uma referência para um público interessado mais amplo, num país em que a bibliografia em políticas culturais ainda está aquém do necessário”.
Dedicada à memória do professor Fernando Correia Dias e de Virgínia Mata Machado, a obra ganhou apresentação de Danilo Miranda, diretor do Sesc São Paulo: “A escrita de Mata-Machado (…) oferece, dessa maneira, um arrazoado de reflexões sobre esse objeto que se tornou tão debatido na atualidade. As políticas culturais tornaram-se assunto corriqueiro inclusive em situações que transcendem seu âmbito originário: outrora restrito a iniciados, passaram a ser discutidas por alguns grupos sociais”.
O livro é de natureza didática, sem perder, em nenhum momento, a profundidade e o rigor. Sua linguagem é clara, precisa e direta, apropriada para a ampla difusão e para todos os leitores. Depois de enfrentar o desafio de conceituar ‘cultura’, o autor disserta sobre os direitos humanos e os direitos culturais; sobre criatividade e direito autoral; os direitos culturais na Constituição Federal; os campos de produção da cultura: indústria cultural, campo erudito e cultura popular e sobre arte (suas origens, características, modos de produção e função social), além de tratar dos instrumentos de fomento à cultura, do cotidiano da gestão das políticas públicas de cultura e da transversalidade da política cultural (em suas relações com a educação, a comunicação, o turismo, o meio ambiente e as relações internacionais).
Como apaixonado pelo tema, adquiri rapidamente o meu exemplar autografado, na sessão de lançamento de quinta-feira à noite, na Savassi, para logo mergulhar na introdução do livro, em que Bernardo registra a definição de cultura, para a Unesco: “A cultura deve ser considerada como o conjunto dos traços distintivos espirituais e materiais, intelectuais e afetivos que caracterizam uma sociedade ou um grupo social e que abrangem, além das artes e das letras, os modos de vida, as formas de viver em comunidade, os sistemas de valores, as tradições e as crenças”.
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