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“Poderia ser Rosa” ganha nova versão

"Poderia Ser Rosa" é uma apresentação que faz parte da comemoração dos 17 anos da Lei Maria da Penha e fecha o Agosto Lilás
“Poderia ser Rosa” ganha nova versão
Crédito: Paulo Lacerda

Suscitado pelo crescente número de mulheres assassinadas na região do Anel Rodoviário de Belo Horizonte no fim da década de 1990, o espetáculo “Poderia ser Rosa”, da Cia de Dança Palácio das Artes, estreou em 2001. Mais de 20 anos depois, a violência contra as mulheres segue sendo um tema urgente na sociedade brasileira. Dados do 17º Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostram que os crimes motivados por gênero cresceram em 2022, quando comparados ao ano anterior. É o caso dos feminicídios, que subiram 6,1%, e também das agressões em contexto de violência doméstica, cujos registros aumentaram em 2,9%.

É neste quadro alarmante que a Cia de Dança Palácio das Artes (CDPA) apresenta, na Praça da Estação, uma nova versão de “Poderia ser Rosa”. Com coreografia novamente assinada por Henrique Rodovalho, o espetáculo será encenado amanhã, a partir das 16h, de forma gratuita. A classificação indicativa é de 14 anos. A apresentação contém cenas que simulam violência.

O evento faz parte das comemorações da Defensoria Pública de Minas Gerais, em função do aniversário de dezessete anos da Lei Maria da Penha. O espetáculo marca também o encerramento do Agosto Lilás, campanha centrada na luta pelo fim da violência contra a mulher.

“Poderia ser Rosa” aborda frontalmente o feminicídio a partir de quatro casais e suas histórias, que apresentam o começo das relações e seus desmembramentos. Em um País que registrou uma média de quatro feminicídios por dia em 2022, Henrique Rodovalho revisita sua criação e concebe, de forma totalmente reformulada, o tema da violência de gênero. Somando-se à proposta artística, a apresentação no Centro de Belo Horizonte também contará com banners indicando contatos para denúncias, além da presença da Polícia Militar de Minas Gerais. Aliando sensibilidade e intensidade, “Poderia Ser Rosa” assume seu caráter de denúncia como papel ativo no combate à violência.

A Praça Rui Barbosa, popularmente conhecida como Praça da Estação, é um dos principais espaços abertos para a realização de shows e eventos, além de um ponto de intenso tráfego. Sônia Pedroso, diretora da Cia de Dança Palácio das Artes, reforça a importância da nova versão de “Poderia Ser Rosa” ser encenada neste espaço, notável pela grande circulação de pessoas. “Eu entendo que é um assunto de extrema importância e atualidade. Ao retomarmos esse trabalho na Praça da Estação, estamos fazendo um alerta para a população de uma forma geral. Para nós é fundamental podermos trazer essa retratação de algo que, infelizmente, acontece todos os dias”, ressalta.

A partir de um novo entendimento, constantemente aprimorado, o delicado tema da violência doméstica volta a ser objeto de reflexão e elaboração artística da Cia de Dança Palácio das Artes. “Certamente não é uma temática fácil, e os bailarinos estão imersos neste assunto extremamente violento. Então estamos tendo muitas conversas, e contamos também com ajuda profissional, para que eles possam receber e abordar melhor este problema, que será retratado através do corpo”, afirma Sônia Pedroso.

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