Editorial

Avanços positivos

Avanços positivos
Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A ordem econômica mundial, pelo menos no que diz respeito à correlação de forças, mudou rápida e profundamente a partir do explosivo crescimento da China, que caminha para tomar dos Estados Unidos a posição de maior economia do planeta. Algo que há pouco parecia distante, impossível mesmo, está acontecendo, apesar dos movimentos do presidente Biden e seus aliados para, explicitamente, deter o processo em que enxergam o mal. Nesse contexto, ganham importância os países que integram o Brics, independentes e emergentes, do qual faz parte o Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Um alinhamento que começou despretensioso, mas vai se tornando crucial na geopolítica global e, principalmente, por ajudar a dar fim à polarização ainda dominante, com interesses que definitivamente não são aqueles que mais nos convém.

Tudo isso para levar a uma nova ordem, longe da hegemonia atual e capaz de promover desenvolvimento mais equilibrado, com menos imposição de interesses determinados e menos concentração de renda. Assim, não foi por acaso certamente que na última reunião do Brics, realizada na África do Sul, foi proposta a criação de moeda própria para começar a dar fim à predominância do dólar americano, que desmontou o padrão-ouro, como moeda única nas transações internacionais. O movimento está na mesma lógica, por exemplo, da utilização do real e do yen nos negócios entre Brasil e China, que nos é absolutamente interessante, o que evidentemente não acontece na perspectiva dos Estados Unidos.

Estamos enxergando o mundo em movimento, na direção que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apontou em recente palestra em Paris, quando afirmou que a ordem estabelecida ao final da Segunda Guerra e que abriu caminho para a expansão dos Estados Unidos já não representa os interesses da maioria e deve ser revista. Ainda na mesma linha e como incômodo para a ordem estabelecida, está a disposição do Brics de fortalecer seu banco, atualmente presidido pela brasileira Dilma Rousseff, financiando operações dentro e fora do bloco. Não será por coincidência, evidentemente, antes como consequência das mudanças comentadas, que diversos países estão batendo às portas do Brics, solicitando sua adesão ao grupo.

Tudo faz crer que estamos diante de algo que pode ser comparado a um impulso natural e destinado a dar forma a mudanças que não apenas são reclamadas faz muito, mas são também absolutamente necessárias. Mudanças para melhor, mudanças para fomentar a pluralidade e o equilíbrio, tudo isso num processo em que felizmente desde o início o Brasil tem posição protagonista.

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