CCBB BH é palco da peça “Estrangeiro de mim”

Estreia hoje “Estrangeiro de mim”. Dirigido por Cris Diniz, o espetáculo apresenta, com humor e poesia, histórias vividas por dois nordestinos, o ator Marcelo Marques e o músico Tomaz Mota, que migram para Belo Horizonte por melhores oportunidades de trabalho e sofrem preconceito. A peça faz curta temporada, até a próxima segunda-feira (4), sempre às 19h, no Teatro II do CCBB BH. Todas as sessões contam com interpretação em libras. Amanhã e no domingo (3), as apresentações possuem também audiodescrição. Os ingressos custam R$30 (inteira) e R$15 (meia-entrada) na bilheteria ou pelo site bb.com.br/cultura.
O projeto oferece ainda a oficina gratuita “O Som na Cena: compondo a partir de estímulos”, com Tomaz Mota, voltada para músicos e musicistas que trabalham com áudio para trilha sonora, atores e atrizes que têm interesse na composição musical para a cena, artistas do cinema que buscam aprimorar seus trabalhos e interessados em geral. A oficina acontece amanhã e domingo, no Teatro II, das 13h às 17h. A idade mínima é 16 anos e as vagas são limitadas. A inscrição prévia pode ser feita clicando aqui.
“No Sudeste a gente é o de fora, quando a gente volta, a gente é o que tá fora. Então, onde estamos? Por isso, estrangeiro de mim. Passo a ser então, um ser nômade, um corpo andarilho, porque não estou nem aqui, nem lá”, conta Marcelo. É no clima de confidências como essas que o espetáculo “Estrangeiro de mim” se desenvolve.
O cenário, inspirado nos móveis de cozinha das avós dos intérpretes, todo feito de madeira com puxador de metal, contribui para reviver memórias e afetos. A luz de cena cria uma atmosfera quente e acolhedora. Neste ambiente de intimidade, os artistas nordestinos Marcelo e Tomaz dividem com a plateia suas vivências na região Sudeste. “Quem se sentar perto do palco pode se surpreender com um convite para degustar um cafezinho ou um cuscuz nordestino”, adianta Marcelo.
O ator paraibano Marcelo Marques veio, pela primeira vez, para Minas, em 2016, em busca de novas experiências artísticas e iniciou pesquisa de mestrado sobre o bufão na Universidade Federal de Ouro Preto. Em 2018, já no doutorado, mergulhou em uma residência artística no Palácio das Artes, quando nasce “Pathos” – experimento em que o artista tenta identificar manifestações com características bufanescas, em Belo Horizonte, e materializá-las no corpo. “O bufão é uma figura marginalizada socialmente, assim como o nordestino em relação ao Sudeste. Daí surge o ponto de partida para a montagem do espetáculo”, explica.
Neste momento da residência, Marcelo conheceu o músico baiano Tomaz, que topa entrar como parceiro no processo de criação, introduzindo um papel musical no espetáculo. “Tomaz veio da Bahia para BH e traz consigo toda uma bagagem de vivências e percepções em sua história”, conta Marcelo. O espetáculo, que neste momento ainda se chama “Mungunzá”, se afasta da pesquisa do bufão e ganha agora um acento pessoal. “Antes a discussão estava num caráter político, como uma resposta ao sudestino. Porém, com o tempo, vieram os próprios questionamentos individuais”, ressalta.
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