Opinião

Accountability: o pilar da cultura ESG

Accountability: o pilar da cultura ESG
Crédito: Adobe Stock

O conceito de ‘accountability’ (que não tem tradução específica para o português), talvez seja um dos mais importantes para uma efetiva implantação de uma cultura de ESG nas empresas. Provavelmente, esta palavra não é novidade, pois tem sido bastante utilizada nas estratégias de engajamento nos ambientes corporativos. Mas será que as organizações – sejam elas dos mais variados segmentos, como indústria, comércio ou serviço – estão mesmo preparadas para se responsabilizar pelas suas ações e pelos impactos gerados pelas suas operações diante da sociedade e, principalmente, dos seus públicos de relacionamento direto?

É preciso entender, e colocar em prática, que o termo accountability vai muito além da responsabilização. Para isso já existe o arcabouço legal, as fiscalizações administrativas, a opinião pública e a sociedade civil, (amparada pelas organizações não governamentais, imprensa, Ministério Público e o público consumidor de uma forma geral) que tem feito um importante e altivo trabalho no sentido de reduzir os impactos negativos causados pelas empresas.

Junto de uma autorresponsabilização, é preciso também uma transparente prestação de contas diante das partes interessadas. Mas isso somente será possível acontecer em ambientes com alto grau de maturidade corporativa, e da participação das principais lideranças. E mais: a prestação de contas deve vir junto com um diálogo aberto e propositivo oriundo de todas as partes.

As empresas precisam estar prontas para não apenas focar no que foi realizado, ou no que deu certo, mas, também, no que não aconteceu ou no que deixou a desejar. É preciso estar aberto para ouvir, reconhecer os erros, aprender com eles e replanejar, buscando a melhoria contínua. E, ainda, tornar a jornada das lições aprendidas um processo de construção conjunta em parceria com os públicos de interesse.

As respostas prontas e as soluções de prateleira não fazem parte deste propósito. Para isso, é importante conhecer profundamente seus públicos de relacionamento, suas demandas e expectativas e, principalmente, reconhecer os potenciais impactos que as operações das empresas podem trazer para as comunidades anfitriãs.

Mais que um relatório publicado no site, transformado em textos e números e distante da realidade das pessoas, a prestação de contas deve ser feita por meio de um engajamento verdadeiro, a fim de criar um ambiente seguro e de qualidade onde se possa falar e ouvir com franqueza no sentido de encontrar um propósito comum, que atenda os anseios. Para tanto, é fundamental que as empresas mantenham ativos fóruns de engajamento, de modo que possam não apenas transmitir as mensagens para seus públicos, mas, também, para que possam receber comentários, críticas e sugestões.

Neste sentido, é primordial que o fórum seja representativo, contendo representantes das mais diversas culturas e grupos, oferecendo especial atenção para os mais vulneráveis, pois são justamente esses que mais precisam ser ouvidos. Muitas vezes, as melhores soluções chegam pela própria comunidade, que só reconhecerá a legitimidade das ações de desenvolvimento social se for envolvida em todo o processo e perceber que houve uma efetiva participação social.

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