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Inteligência artificial pode ser ferramenta de ajuda na profissão

Especialistas alertam que o mercado de trabalho 5.0 pode ser colaborativo e robôs devem ser vistos como aliados
Inteligência artificial pode ser ferramenta de ajuda na profissão
Crédito: Freepik

A inteligência artificial, com seu arsenal de algoritmos capazes de processar dados e gerar resultados concretos, está redefinindo radicalmente o cenário profissional. À medida que essa tecnologia avança, surgem crescentes preocupações sobre a substituição de seres humanos em uma variedade de tarefas laborais.

Segundo dados divulgados pelo Laboratório de Aprendizado de Máquina em Finanças e Organizações (LAMFO) da Universidade de Brasília (UnB), mais da metade dos empregos formais no Brasil, ou seja, 54%, estão sob ameaça de serem automatizados. Um impressionante percentual de 54% das pessoas empregadas atualmente desempenha funções que apresentam uma probabilidade “alta” (60% a 80%) ou “muito alta” (acima de 80%) de serem executadas por máquinas. Essas funções geralmente são rotineiras e não cognitivas, incluindo ocupações como a de ascensorista de elevador, bem como tarefas cognitivas agora alcançadas pela IA, como a função de cobrador de ônibus.

Para Edgar Jacobs, advogado, especialista em tecnologia e inteligência artificial e professor na faculdade SKEMA, essas estatísticas levantam preocupações legítimas. Jacobs argumenta que as pesquisas mais recentes em IA relacionadas ao mercado de trabalho apontam para a necessidade de uma colaboração híbrida, na qual os robôs se tornem aliados dos seres humanos. Ele enfatiza: “Para afastar o medo devemos colocar a inteligência artificial ao lado da inteligência humana. Esse é seu lugar. A IA serve para otimizar processos, executar tarefas operacionais, deixar as pessoas livres para atuar estratégica e criativamente.”

O especialista destaca ainda a importância de todos aprenderem a utilizar as ferramentas mais demandadas em suas respectivas áreas, bem como as habilidades básicas necessárias em todos os setores. Ele ressalta que, da mesma forma que há atividades em que as máquinas superam os humanos, também existem tarefas onde a máquina não consegue igualar o desempenho humano, como o processamento de informações contextuais e a compreensão de nuances.

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Jacobs contextualiza a expressão “à prova de máquina”, cunhada por Joseph Aoun em seu livro “À Prova de Robôs: Educação Superior na Era da Inteligência Artificial”. Estudiosos sugerem que essa vantagem humana pode ser aprimorada através da aprendizagem e da adaptação às mudanças tecnológicas.

O especialista também observa que os profissionais mais experientes no mercado de trabalho podem enfrentar maiores desafios na adaptação. Ele comenta: “O salto do conhecimento é difícil para todos. Porém sentem mais aqueles acima de 50 anos, criados de modo analógico, como eu mesmo. Existe um overbooking de conhecimento, uma pressão por performance, uma crise econômica e ambiental mundial. Sem falar na pressão até para ser feliz. Tudo isso provoca opressão e até novas doenças ligadas ao trabalho. Incluir a tecnologia pode ajudar. E as corporações devem estar atentas às tendências de inteligência humana da mesma forma que estão atentas à IA, porque são complementares.”

Demanda por inteligência artificial pode ser oportunidade

Ana Paula Veloso, psicóloga e coordenadora do Núcleo de Carreira da faculdade SKEMA, compartilha a visão de Jacobs e enfatiza que os aspectos emocionais e educacionais desempenham um papel significativo na capacidade dos profissionais de se adaptarem ao mercado de trabalho em constante transformação. Ela argumenta que a crescente demanda por IA pode ser uma oportunidade para melhorar a educação, desde que políticas públicas de qualificação e recondução da força de trabalho para funções mais especializadas sejam implementadas.

Em resumo, a presença da IA no mercado de trabalho pode ser vista como uma ferramenta para estimular o desenvolvimento contínuo dos profissionais, desde que haja alinhamento educacional e direcionamento adequado para essa nova era.

*estagiário sob supervisão da edição

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