Economia

Aluguel residencial tem alta de 20,81% em BH

Variação do aluguel no acumulado dos últimos 12 meses em agosto foi o menor registrado nos últimos seis meses.
Aluguel residencial tem alta de 20,81% em BH
Apesar da desaceleração, o resultado ainda é considerado alto em razão do baixo estoque de imóveis | Crédito: Charles Silva Duarte

Os novos contratos de aluguel em Belo Horizonte tiveram elevação de 20,81% nos últimos 12 meses encerrados em agosto, segundo informação do índice de aluguel QuintoAndar Imovelweb, lançado ontem na capital mineira. Foi o menor patamar registrado nos últimos seis meses.

O resultado do último mês mostra que o mercado residencial de aluguel na cidade começa a dar sinais de desaceleração no segundo semestre deste ano, conforme o especialista em dados do Grupo QuintoAndar, Pedro Capetti. Em março de 2023 frente igual mês do ano passado, a alta na capital mineira foi maior: 24,32%. 

Ele acrescenta que a situação é semelhante em diversas capitais do País, como São Paulo e Curitiba, após a forte recuperação dos preços no cenário pós-pandemia.

“Esse movimento vem acontecendo desde o fim do ano passado e se concretizou nos últimos meses. Belo Horizonte ainda registrou um certo aquecimento no início do ano, período marcado pela alta procura por aluguéis. No entanto, os meses consecutivos indicam que a tendência de acomodação dos preços retomou, o que deve se manter daqui para frente”, avalia. 

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Apesar da desaceleração, o percentual em Belo Horizonte ainda é alto e é fruto, segundo Capetti, do baixo estoque de imóveis. Dado do Censo do Mercado Imobiliário realizado pela Brain Consultoria, para o Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), mostra que o número de empreendimentos lançados no primeiro semestre deste ano frente ao mesmo intervalo de 2022 teve recuo de 3,45% em Belo Horizonte e Nova Lima. 

Para ele, os estoques no mercado podem crescer com lançamentos estimulados pela redução da taxa básica de juros, a Selic, e o impacto do retorno do programa habitacional do governo federal Minha Casa, Minha Vida.

Em julho, a alta do aluguel residencial em Belo Horizonte no acumulado dos últimos 12 meses foi superior ao de outras capitais pesquisadas pela empresa (21,82%), seguida por Curitiba (21,67%) e Rio de Janeiro (17,08%). São Paulo registrou alta de 11,62%.

Especialista do AluOK avalia cenário

De acordo com o CEO do AluOK, plataforma que oferece serviços completos de gestão para imobiliárias, Eduardo Luiz, o mercado de locação nos últimos 12 anos cresceu aproximadamente 90%. “Saímos de 7 milhões de moradias no regime de locação para quase 14 milhões de moradias. Esse dado é muito relevante, porque ele demonstra que a locação está sendo uma demanda muito bem procurada por clientes dos mais variados tipos, mas principalmente pelos millennials. E aí a gente tem que entender que os millennials, já a partir de 2022, já são maioria na força motriz do PIB brasileiro”, avalia.

O especialista também pontua que a modalidade de locação já deixou de ser uma opção, e passa a ser uma preferência. Uma referência para aqueles que gostariam de estar usando o imóvel e não ter um imóvel. “Então quando a gente fala de locação, principalmente residencial, ela tende a ter um aumento, porque na medida em que você tem uma oferta que é menor do que a procura, isso faz com que a aceleração dos imóveis fique mais alta”. 

Novo índice

O novo indicador, lançado ontem, combina dados do QuintoAndar, maior plataforma de moradia da América Latina, com os do Imovelweb, um dos maiores portais de classificados do País. Ao unir valores de contratos fechados aos de anúncios, o novo índice consegue apontar o preço do metro quadrado mais próximo do praticado no mercado.

A metodologia do novo índice usa um modelo de preços hedônico, flexível, e incorpora dezenas de variáveis estruturais e locacionais para melhorar a qualidade e precisão dos dados. Fatores como tamanho, número de vagas de garagem, acessibilidade a escolas, entre outros, são levados em conta.

O Índice de Aluguel QuintoAndar Imovelweb substitui o antigo Índice QuintoAndar de Aluguel (e também o Index do Imovelweb). O novo Índice parte de uma base de dados maior e mais representativa.

Lançado em São Paulo e Rio de Janeiro em julho e em Curitiba, mês passado, o indicador terá periodicidade mensal e, até o final do ano, será divulgado em ao menos outras duas capitais brasileiras: Porto Alegre e Brasília.

Aluguel acumula alta de 18,91% em 2023

Apesar da redução do ritmo de crescimento do aluguel na capital mineira, o preço médio do metro quadrado chegou a R$ 32,64, alta de 0,48% em relação ao registrado em julho. É o maior em toda a série histórica, iniciada em abril de 2019. Em 2023, o preço do aluguel na capital mineira subiu 18,91%.

Entre os tipos de imóveis monitorados pelo levantamento, os de três dormitórios apresentaram redução de 0,45% em comparação com julho. Já aqueles com um e dois quartos registraram aumento dos preços no mês passado, de 1,11% e 0,69%, respectivamente. Ambos apresentaram redução do ritmo no acumulado de 12 meses.

Na comparação com os últimos três meses, quase metade dos bairros monitorados pelo indicador registrou desvalorização do preço do metro quadrado. Ao todo, 16 dos 38 bairros monitorados tiveram queda no valor, conforme o estudo. 

Mobília

Uma das novidades do índice é a divulgação de preços médios de aluguel de apartamentos padrão. O objetivo é avaliar o impacto da mobília e das vagas de garagem e estimar um intervalo de preço na cidade.

De acordo com o indicador, para apartamentos com um dormitório, os valores médios ficam entre R$ 1.110 e R$ 1.210, podendo chegar a R$ 1.480 para unidades mobiliadas. Já apartamentos com dois dormitórios têm uma faixa de preço variando de R$ 1.380 a R$ 1.510, podendo alcançar o preço de até a R$ 1.810, caso possua uma vaga de garagem. Para apartamentos com três quartos, os valores médios situam-se entre R$ 2.030 e R$ 2.210.

Apesar do preço elevado na cidade, os consumidores ainda têm encontrado espaço para negociação. Dados do Índice de Aluguel QuintoAndar Imovelweb mostram que o desconto médio das transações feitas em agosto foi de 3%, 0,2 ponto porcentual acima do registrado no mesmo mês do ano passado.


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