BNDES subscreve debêntures para rodovias de MG

Da oferta pública de R$ 520 milhões feita pela concessionária Eco135 para investimentos em melhorias de trechos de rodovias de Minas Gerais, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) subscreveu R$ 312 milhões em debêntures de infraestrutura.
No processo, coordenado por um consórcio formado pelo BNDES e pelo Bradesco BBI, a emissão foi subscrita pelo BNDES na proporção de 60% da oferta, e o restante foi adquirido pela Kinea, gestora de fundos do grupo Itaú e uma das maiores da América Latina.
O superintendente de Infraestrutura do BNDES, Felipe Borim, ressalta que a operação mostra que a participação do banco funciona de maneira complementar ao mercado, trazendo investidores para títulos com características em que o mercado normalmente não entraria, com prazo mais alongado e risco de investimento maior.
As debêntures vão suplementar financiamento aprovado pelo BNDES em 2019 para o lote rodoviário concedido à Eco135, que compreende 301,2 quilômetros da BR-135 e trechos das rodovias estaduais LMG-754 (40,10 quilômetros) e MG-231 (22,65 quilômetros), nas proximidades de Montes Claros (Norte de Minas), além de municípios na região Central do Estado: Curvelo e Cordisburgo.
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Os trechos constituem alguns dos principais eixos de ligação entre a região Nordeste de Minas Gerais e Belo Horizonte, sendo a BR-135 também um importante corredor viário de longa distância no País, interligando o Nordeste e o Sudeste do Brasil.
Concessionária
A Eco135 faz parte do grupo EcoRodovias, maior operador de rodovias do Brasil, em extensão. Presente em oito estados da federação, o grupo possui onze concessões rodoviárias, num total de 4,7 mil quilômetros de rodovias, e um ativo portuário.
Por meio de nota, a concessionária informou que as debêntures capturadas pela Eco135 irão viabilizar a realização de novos investimentos e são importantes para a operação para a concessionária.
“Com esses recursos, daremos continuidade às obras de implantação do anel viário de cerca de 13 quilômetros no município de Montes Claros (Norte de Minas), adicionados à concessão em 2022, além da continuidade de obras já previstas, destacando-se a duplicação de 136 quilômetros do trecho concedido”, diz a empresa no documento.
As obras do anel viário, já iniciadas, estão previstas para ser finalizadas até 2024 e têm como objetivo retirar o tráfego pesado da rodovia BR-135 da área urbana da cidade de mais de 400 mil habitantes, diminuindo o impacto à mobilidade no município.
Análise
O conselheiro do Conselho Regional de Economia de Minas Gerais (Corecon-MG), Weslley Cantelmo, explica que a operação é muito comum entre empresas, principalmente para viabilizar novos investimentos. Para ele, o mecanismo é interessante, ainda mais num cenário em que concessões estão sendo devolvidas.
“O que tem de novo é o BNDES garantindo que esse investimento, que busca a melhoria da qualidade logística da região ocorra, uma vez que esse tipo de empreendimento de infraestrutura tende a não ser muito atrativo para os agentes de mercado, em função dos longos prazos de maturação do investimento e também de um retorno relativamente baixo no tempo”, diz.
O economista Gelton Pinto Coelho avaliou a operação como positiva. “O BNDES torna viável negócios e ações que não seriam possíveis pelo tamanho do risco envolvido”, observa. Ele acrescenta a importância de mais investimentos nas rodovias, que têm os mais diversos impactos, seja no transporte, turismo, geração de postos de trabalho, além dos acidentes.
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