Parque Municipal é palco da “Suíte do Cigano”

Dentro das comemorações dos 60 anos do encontro entre Milton Nascimento e Márcio Borges, gênese do Clube da Esquina, a Fundação Clóvis Salgado (FCS) apresenta, no domingo (24), às 10h30, no Parque Municipal Américo Renné Giannetti, a obra sinfônica “Suíte do Cigano”, de Márcio Borges, em parceria com a maestrina, Claudia Cimbleris.
A “Suíte do Cigano” marca a estreia de Márcio Borges na cena erudita. Conhecido como letrista do movimento Clube da Esquina, Borges ousou ao criar, por meio de software virtual de orquestração, a composição. Na trama, a saga de um cigano mágico responsável pelo dom da escrita ofertado a um poeta terreno. Ele apresenta suas proezas, facetas místicas, origens e prodígios através dos nove movimentos instrumentais que compõem a peça musical.
Todo o trabalho foi feito por Borges durante a pandemia, período em que o compositor estava em seu sítio, na Serra da Mantiqueira. Passado o isolamento, entregou a partitura à maestra e professora Claudia Cimbleris, que imprimiu no trabalho toda a sua expertise nas técnicas de composição e orquestração clássicas, mantendo as ideias originais. Além da experiência acadêmica e das orquestras, Claudia Cimbleris trabalhou com artistas como Bibi Ferreira, gravou CDs e compôs diversas trilhas sonoras.
O evento tem entrada gratuita e tradução em libras e recursos para assegurar o acesso de pessoas com deficiências auditivas e visuais. Márcio é um dos criadores e principais letristas do Clube da Esquina que, além de revolucionário movimento musical ou grupo, representa, antes de tudo, amizades e arte que persistem.
A obra, da série Concertos no Parque será executada pela Orquestra Sinfônica de Minas Gerais (OSMG), sob regência do maestro convidado, Marcelo Ramos. O evento vai celebrar ainda os 87 anos da Rádio Inconfidência, completados no dia 3 de setembro. O programa Harmonia, da Rede Minas, leva a festa para a tela da TV mostrando a apresentação ao vivo, direto do Parque Municipal Américo Renné Giannetti, em Belo Horizonte. A transmissão também é garantida para os ouvintes pela rádio na 100,9 FM e AM 880.
Clube da Esquina
História, estória, lenda, coincidência, destino, sorte ou acaso. Fato é que, antes da mítica esquina das ruas Paraisópolis e Divinópolis, bairro Santa Tereza, em Belo Horizonte, onde se consagrou, o Clube da Esquina era gerado no centro da cidade, quando Milton Nascimento trocou sua cidade, Três Pontas, pelo Edifício Levy, lar da família Borges, na avenida Amazonas. Isso, mesmo que o termo, Clube da Esquina, só surgisse em 1969 e ainda nem designava a turma ou o movimento. As pessoas ainda estavam se conhecendo.
Procurando e achando amizades, Milton conheceu Lô Borges, irmão de Márcio, nas escadas do Levy, onde em seguida foi “adotado” por toda a família. Milton já era amigo de Wagner Tiso, “o cigano do grupo”, em Três Pontas, com quem havia tocado na banda W’Boys.
No texto, “Do Clube da Esquina à Suíte do Cigano”, Márcio Borges lembra: “Um belo dia de 1963, a família aumentou com a chegada de um amigo tão especial que logo se tornou nosso décimo segundo irmão. Era o rapaz recém-chegado de Três Pontas, uma cidadezinha cafeeira do sul de Minas; alegre, engraçado, meio tímido, que atendia pelo apelido de Bituca. Seu nome era Milton Nascimento. Muito rapidamente eu e Bituca nos tornamos melhores amigos, dois jovens sonhando com cinema, arte, justiça social e revolução. A partir dessas afinidades e intensa amizade, inauguramos uma parceria musical que se estende por 60 anos de nossas vidas”.
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