Regenerabilidade e sustentabilidade

Nas últimas décadas, avançamos na conscientização pela sustentabilidade. Entenda sustentabilidade como “garantir o desenvolvimento de hoje sem comprometer o amanhã”. Ou seja, fazer o que fazemos, buscando o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico, a diminuição da desigualdade social e a preservação/regeneração ambiental, garantindo que as gerações futuras também tenham acesso aos mesmos recursos de que dispomos hoje.
Entretanto, os indicadores socioambientais atuais confirmam que reparar ou sustentar já não é suficiente para garantir o bem viver da geração atual e será definitivo para as futuras. A ideia de sustentar, ou seja, de amparar, equilibrar e evitar ou diminuir danos, não parece ser mais suficiente. Por isso, precisamos falar de regenerabilidade. O modelo sustentável expirou e agora, o desafio é substituir “sustentabilidade” por “regenerabilidade”. Regenerar é dar nova vida. Para que essa mudança ocorra, o ponto de partida é entender o conceito.
Regenerar, diferente de sustentar, está ligado a refazer, reconstruir, revificar, reiniciar aquilo que não atingiu seus objetivos, uma ideia mais próxima da realidade e mais coerente, se pensarmos na exigência do momento. A metodologia de compensação e equilíbrio dos impactos deve ser substituída pelo desenvolvimento de ações que diminuam a cultura de reparação de danos e invista nas práticas de criação de benefícios.
Introduzindo o conceito, apresento os 3 Cs da regenerabilidade – uma metodologia que favorece a mudança por meio da consciência, do cuidado e da coragem que devemos, mais do que nunca, cultivar. A lógica da regenerabilidade envolve repensar conceitos, estilo de vida e o perfil industrial, de comércio e de serviço. Ela propõe ir mais adiante, criando soluções inovadoras e compromissos de desenvolvimento para além daqueles pontuais e calculados.
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Alguns setores já estão incorporando essa nova metodologia, como, por exemplo, a engenharia civil, arquitetura e a agricultura, com iniciativas vanguardistas de como construir, em diferentes áreas, uma realidade promissora para o meio ambiente e para as pessoas. As empresas devem incorporar a regenerabilidade em sua cadeia produtiva ou de serviços e rever seus impactos sociais e ambientais. Sua contribuição também está ligada ao potencial financeiro para criação de soluções, pois, das 100 maiores economias mundiais, 51 são constituídas por empresas e 82% da riqueza do mundo estão nas corporações, ou seja, elas precisam participar dos desafios de sustentabilidade e regenerabilidade.
Uma empresa que atua de forma sustentável e regenerativa não tem o lucro como um único objetivo, pois entende que o crescimento do seu negócio está diretamente ligado às questões sociais e ambientais. Isso significa repensar sua dinâmica, suas demandas, processos e estruturas, desde a compra de insumos, passando pela produção, pela venda e finalizando no descarte dos produtos utilizados, sempre cuidando da natureza e das pessoas.
O mercado precisa revisitar seus modelos e formar líderes engajados e responsáveis com o tema. Apesar de se perceber um aumento no número de organizações desenvolvendo atividades de recuperação e preservação ambiental e de desenvolvimento social, muito ainda precisa ser feito – mais investimentos, mais acompanhamento, mais inovação – contribuindo ou criando projetos sociais, diminuindo a demanda por recursos naturais, engajando a cadeia para uma mudança efetiva, financiando pesquisas e produtos verdes, apostando na diversidade e no desenvolvimento de funcionários e de comunidades, entre outras estratégias.
Quando falamos de regenerabilidade, precisamos de pessoas, instituições e empresas protagonistas, que estejam dispostas a participar do processo, propondo soluções, criando novas tecnologias que vão além da preservação e manutenção ambiental. É necessário que todos assumam esse caminho, pois é ele que culminará num destino comum: a sobrevivência do planeta.
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