Drex: o Real Digital brasileiro
Em uma era marcada por constantes avanços tecnológicos, o setor financeiro brasileiro encontra-se diante de uma nova fronteira: o Real Digital, agora conhecido como Drex. Que promete revolucionar a forma como interagimos com o dinheiro de uma maneira muito mais virtual; de acordo com matéria divulgada pela CNN no dia 07 de agosto 2023, apenas 3% das transações financeiras realizadas no Brasil são feitas em dinheiro vivo e todo o restante é dividido em alguma forma de pagamento digital.
O Brasil tem demonstrado sua aptidão para inovar no cenário financeiro global. Exemplos como o TED e a Lei dos Meios de Pagamentos criaram um ambiente favorável para a ascensão das fintechs, redefinindo a paisagem financeira do país. No entanto, foi com a introdução do Pix, e o Open Banking, que o Brasil solidificou sua posição de vanguarda em inovação financeira. Agora, surge o Drex, utilizando tecnologia blockchain, que fundamenta as criptomoedas mundialmente reconhecidas. O “D” em Drex refere-se a “digital”, o “RE” a “Real”, e o “X” tem como objetivo a demonstrar o parentesco com o Pix. Diferentemente das criptomoedas como Bitcoin, cujo valor é volátil, o DREX tem seu valor diretamente atrelado ao real, garantido pelo Banco Central: 1 Drex= R$ 1.
Essa nova moeda se destaca por sua segurança e transparência. Os primos Pix e Drex são bem parecidos, mas possuem diferenças, apesar de ambos possibilitarem transações instantâneas, o Drex difere em seu mecanismo. Enquanto o Pix se baseia em transferências com limites de segurança, o Drex usará a tecnologia blockchain, possibilitando transações de maior valor. A tecnologia blockchain, em sua estrutura imutável e interconectada, praticamente elimina riscos de fraudes e manipulações além de poder capitalizar sobre as vantagens do blockchain.
Um dos maiores potenciais benefícios e perigos do Drex está em sua capacidade de tokenização, permitindo uma abordagem fragmentada dos ativos. Essa capacidade possibilitará vender frações de propriedades, como imóveis, da mesma forma que ações são negociadas. A incorporação de contratos inteligentes ao Drex trará simplificação e agilidade para as vendas, eliminando a necessidade de intermediários.Imagine a seguinte situação: Você está comprando um imóvel e decide programar o dinheiro para a compra no valor de 200.000 BRL. Você entra em contato com seu banco e programa este valor com uma condição específica: o valor só será transferido quando o atual proprietário do imóvel concretizar a transferência para o seu nome. O dinheiro, por meio do sistema Drex, tem a capacidade de monitorar bancos de dados, para verificar quando a posse do imóvel é oficialmente transferida. Uma vez confirmada a transferência, o dinheiro é automaticamente liberado.
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E o que tudo isso significa para a população? O Drex, na verdade, é basicamente uma versão digital e automatizada do bom e velho cheque, onde você pode colocar cláusulas contratuais referentes a concretização do pagamento conforme foi acordado entre as partes. Além disso, de acordo com Fábio Araújo, economista do Banco Central, o objetivo do Drex é ampliar o acesso a serviços financeiros, promovendo assim maior inclusão e educação financeira para todos.
No entanto, suponha que o governo crie um programa social chamado “vale-gás” que permite famílias comprarem gás de cozinha. Utilizando o Drex, o governo transfere um valor determinado para a conta corrente do beneficiário. Esse dinheiro é programado com certas regras, por exemplo, ele pode ser utilizado apenas para a compra de gás de cozinha. Se alguém tenta usar esse dinheiro para comprar outros produtos, como roupas, cigarros, bebidas alcoólicas ou até mesmo comida, o sistema perceberá a discrepância. Caso o dinheiro seja usado em uma compra que corresponda ao propósito originala transação será concretizada. Se não, a operação é bloqueada, e o dinheiro permanece na conta do beneficiário até que seja usado corretamente.
O caminho rumo à implementação completa do Drex ainda tem desafios pela frente, como a privacidade, uma vez que as criptomoedas surgiram como uma forma de tirar do governo o controle sobre movimentações financeiras, porém, o Drex é uma moeda digital na qual o governo tem total ciência e controle sobre as transações financeiras individuais e poderá definir quanto de dinheiro você poderá gastar com cada item. Resumindo, o sistema Drex monitora para onde o dinheiro está indo e, se a transação não estiver de acordo com as regras predefinidas, a operação não é concluída. Dessa forma, até que ponto a LGPD e as liberdades individuais serão comprometidas com o avanço da tecnologia? No entanto, com base nos avanços até agora e no comprometimento do Banco Central, o Drex promete ser a ponte para um sistema financeiro mais robusto, ágil e adaptado às necessidades do século 21.
Em conclusão, o Brasil está mais uma vez no limiar de uma revolução financeira. Com iniciativas como o Pix, Open Banking e agora o Drex, o País não está apenas em consonância com as melhores práticas globais, mas está ativamente moldando o futuro da inovação financeira. A era do Real Digital está apenas começando, e o Drex promete ser seu protagonista.
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