Fundo da Cedro e KPTL vence edital do BNDESPar

O Fundo GovTech, cogerido pela KPTL e pela Cedro Capital, foi selecionado no edital do BNDESPar, braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O Fundo GovTech investe em startups que desenvolvem soluções inovadoras para serviços públicos, incluindo saúde, educação, segurança pública, mobilidade urbana e várias outras verticais, sendo um dos primeiros fundos de venture capital especializados em GovTechs do mundo.
O BNDES investirá até R$ 638,5 milhões em dois fundos de capital semente (para empresas que faturam até R$ 16 milhões) e quatro fundos de venture capital (para faturamentos acima de R$ 300 milhões), selecionados por meio de chamada pública promovida pela BNDESPar, braço de participações acionárias do BNDES.
O Fundo GovTech, cogerido pela KPTL e Cedro Capital, deve captar R$ 200 milhões e já conta com o apoio de investidores como as empresas Multilaser e Positivo, além da Agência de Fomento do Estado do Rio de Janeiro (AgeRio) e o banco de desenvolvimento do Rio Grande do Sul (Badesul). A meta é investir em cerca de 30 GovTechs nos próximos 4 anos. E o Fundo já conta com algumas outras instituições que declararam o interesse em seguir o BNDES no apoio ao Fundo.
Para o head do Fundo GovTech, Adriano Pitoli, o momento é de enfrentar grandes batalhas, mas há muito otimismo. “O Brasil possui um enorme desafio para melhorar o acesso e a qualidade dos serviços públicos e as novas tecnologias trazidas pela GovTechs é uma maneira altamente promissora para endereçar essas questões”, diz Pitoli.
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Cada fundo terá um capital comprometido, incluindo o aporte do BNDESPar, de pelo menos R$ 160 milhões para seedmoney e R$ 200 milhões para venture capital. Nesta última modalidade, quatro fundos se destacaram: Astella Journey V Feeder, Noon FIP I, Good Karma Fund e Genoma IX.
A previsão é de que a iniciativa mobilize, ao todo, até R$ 2,8 bilhões em investimentos. Desse total, até R$ 2,1 bilhões, aproximadamente, serão de capital privado, contribuindo para fortalecer o mercado de capitais, o ecossistema de inovação no País e as empresas nascentes de base tecnológica.
De acordo com o CEO da KTPL, Renato Ramalho, a KPTL tem olhado atentamente para o setor de Govtechs há mais de uma década. “Lançamos o fundo dedicado ao segmento em 2021, em parceria com a Cedro Capital, motivados por boas experiências com startups que atuam com o poder público. Colab, Facility, Playmove e Fractal algumas delas. Então, isso já era algo consolidado dentro da gestora”, relata Ramalho.
Segundo ele, o cenário de tecnologia pública no Brasil como um todo também é muito favorável. “O País acumula bons exemplos de vanguarda de inovação, como o imposto de renda, o Pix e agora o Drex. Além de programas sociais, que, além de distribuir renda, ajudam na inclusão bancária e digital da população”, conclui.
O primeiro investimento do Fundo GovTech foi anunciado em julho, na startup Augen, que nasceu em Rio Grande (RS) com a proposta de permitir que infraestruturas de tratamento de água, esgoto e poços artesianos com décadas de uso sejam alavancadas aos resultados da indústria 4.0 por meio de uma complexa solução, baseada em IoT (internet das coisas, na sigla em inglês).
Brasil é celeiro de oportunidades no setor
O Fundo GovTech parte de uma tese pioneira no mercado de venture capital (VC) e se justifica pelo fato de o Brasil possuir um dos maiores mercados potenciais de para esse tipo de companhia no mundo. Do lado da demanda, os serviços públicos no País apresentam reconhecidamente enormes carências, com grande parte da população alijada de acesso a serviços de qualidade, o que resta claro nas posições que o País ocupa em rankings internacionais, como o do Fórum Econômico Mundial.
Do lado da oferta, em contraposição, o Brasil é reconhecido como uma referência internacional em transformação digital de serviços públicos, com destaque para a segunda posição no GovTechMaturity Index 2022 do Banco Mundial.
De fato, o País assiste ao florescimento de um vibrante ecossistema de GovTechs, propiciando um amplo leque de oportunidades de investimentos para o Fundo. Em seu pipeline de oportunidades, o Fundo catalogou e analisou até o momento cerca de 400 GovTechs, havendo ainda um amplo número de startups a serem analisadas.
Ao mesmo tempo, as GovTechs em fase early-stage se deparam com grande escassez de capital de longo prazo para endereçar essas lacunas de mercado.
Do ponto de vista institucional, ocorreu a aprovação recente de três marcos legais importantes para o setor que favorecem a contratação de GovTechs por parte do setor público: a Nova Lei de Governo Digital, a Nova Lei de Licitações e o Novo Marco Legal das Startups.
As Govtechs possuem uma característica intrínseca de investimento de impacto na medida em que a sua atividade principal afeta diretamente a qualidade e o acesso a serviços públicos. Neste sentido, o Fundo GovTech possui diferencial ESG único na medida em que melhores oportunidades de acesso a serviços públicos de qualidade estão entre as principais carências do conjunto da sociedade, sobretudo os segmentos menos privilegiados da sociedade em suas necessidades mais imediatas.
O Fundo tem o compromisso de promover estudos de impacto independentes e no estado das artes, com divulgação pública e periódica, a partir de parcerias com centros de excelência. Um segundo aspecto em que o Fundo GovTech tem um firme compromisso de geração de impacto está relacionado à governança. Como pré-condição para o recebimento de aportes pelo Fundo, a startup deve aderir ao Programa de Integridade do Fundo.
Como parte importante das GovTechs investidas pelo Fundo deverão ser contratadas pelo setor público, a propagação de um programa de integridade, que vai além de um código de ética, atende a missão do fundo de contribuir para a construção de uma nova relação entre setor público e privado no País.
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