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Internacionalização impulsiona ciência mineira

Fapemig firmou acordo com Universidade de Turim, na Itália
Internacionalização impulsiona ciência mineira
Beirão: é oportunidade de desenvolvimento para ambos os lados Crédito: Divulgação Fapemig/Camila Farias Rocha

Certa de que o conhecimento se desenvolve nos encontros e na cooperação, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) assinou, no início do mês, um memorando de entendimento para o incentivo à cooperação acadêmica com a Universidade de Turim, na Itália. A parceria ajuda a compor um esforço para a internacionalização da ciência mineira. O documento tem o objetivo de facilitar possíveis parcerias com o País, aproveitando a vocação tecnológica de Minas Gerais, com seus diversos parques tecnológicos.

Conforme o presidente da Fapemig, Paulo Sérgio Lacerda Beirão, essa é uma oportunidade de desenvolvimento para ambos os lados. O documento também favorece acordos relacionados às pesquisas na área agropecuária, de sustentabilidade, saúde, além de favorecer a economia circular.

“Toda oportunidade de desenvolvimento é ótima quando é compartilhada. Temos várias questões em comum com Turim, como a economia criativa – a Itália é um grande polo de design e moda –, o desenvolvimento de produtos ligados ao patrimônio histórico e cultural e a economia circular, com aproveitamento de rejeitos, especialmente da mineração, entre outros”, explica Beirão.

O acordo faz parte de um esforço permanente empreendido pela Fapemig no sentido da internacionalização. A partir de 2022, a Fundação passou a prospectar seus próprios editais na área, o que permitiu que ela tivesse mais autonomia em relação a outros organismos de fomento. A primeira chamada própria foi a 15/2022 – Pesquisador Visitante Especial, que aportou mais de R$ 15 milhões, atraindo 22 pesquisadores, oriundos de 12 países – entre eles Áustria, Canadá, Equador e Eslovênia – visando colaborar com os Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs) de Minas Gerais.

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Além dessas chamadas, a Fapemig participa das tradicionais ações junto ao Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), que permitem contratar projetos participantes e aprovados nos editais internacionais Biodiversa e WATER4ALL, que somarão até R$1 milhão.

A instituição também sistematizou seu Programa de Cooperação Internacional que permite regulamentar os procedimentos a serem observados para apoio a projetos em consórcios e redes de pesquisa transnacionais das ICTs mineiras.

“Todas as oportunidades de troca com instituições da Europa e de outros continentes são sempre muito boas. Gostamos de estimular projetos em colaboração em que financiamos a parte mineira. Não estamos falando em importação de tecnologia, mas em desenvolvimento conjunto. Vale ressaltar também a importância do intercâmbio de pessoas. É uma oportunidade não só de internacionalização das pesquisas, como também de ajudar na formação dos nossos estudantes, que ganham vivência de novas culturas. E também trazer pesquisadores estrangeiros para as nossas instituições, promovendo a ciência mineira”, pontua.

Canadenses colaboram com a internacionalização da ciência mineira

Este ano, a Fapemig firmou parceria com o consórcio Calareo, formado por um grupo de universidades canadenses. Nesse caso, as oportunidades estão centradas na manutenção do aporte do governo estadual para dar continuidade à política de prospecção junto à comunidade, das necessidades apresentadas pelas ICTs do Estado.

“Essas parcerias mostram que a comunidade científica internacional respeita a ciência brasileira. Dados recentes mostram que estamos no 13º lugar no ranking de publicações científicas, o que é uma posição honrosa. Mas ainda temos dificuldades de nos apropriarmos desse conhecimento para a geração de novos produtos. Patenteamos pouco e, mesmo assim, a patente não é o produto. Quem transforma a pesquisa em produto são as empresas. A Fapemig estimula os NITs (Núcleos de Inovação Tecnológica) a fazer a transferência de tecnologia”.

Se o que acontece nas bancadas dos laboratórios é o cerne do trabalho da Fundação, o que acontece fora delas não passa despercebido e segue gerando debates entre as instituições de pesquisa e desenvolvimento em todo o mundo.

A onda de descrédito e ataque às ciências e à cultura verificada nos últimos anos em todo o planeta é foco de preocupação da comunidade científica e também alcança os processos de internacionalização da ciência mineira. Para o cientista, existe uma falha na educação para a ciência e na comunicação feita pelas instituições direcionadas ao público amplo.

“Nas redes sociais o que importa é a narrativa. Frases soltas têm o mesmo peso que estudos de décadas. As pessoas não entendem que o conhecimento é feito via pesquisa, questionamentos, experimentos. A medida que ele se consolida, passa a construir soluções para os problemas. É preciso lembrar do impacto da ciência na economia e na vida das pessoas. Até os anos de 1970 o Brasil era um país rural e que importava alimentos. O Cerrado era uma terra considerada improdutiva. Hoje o Cerrado produz baseado em tecnologias desenvolvidas no Brasil porque esse bioma não existe em outro lugar. O mesmo aconteceu com a indústria de óleo e gás. Com o choque do petróleo, em 1973, desenvolvemos a prospecção no fundo do mar”, enumera o presidente da Fapemig.

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