Após recorde, safra de grãos tende a cair em Minas Gerais

Em Minas Gerais, a safra de grãos 2023/24 poderá chegar a 18,1 milhões de toneladas. Tal estimativa aponta para uma queda de 2,8% se comparada à temporada anterior, que foi recorde. A diminuição é influenciada tanto pela perspectiva inicial de diminuição na produtividade média como de queda na área.
Conforme os dados divulgados no 1º Levantamento da Safra de Grãos 2023/24, que foi elaborado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no Estado, é esperada uma queda de 2,4% na produtividade, que deve girar em torno de 4,2 mil toneladas por hectare.
Em relação à área, a estimativa inicial aponta para uma redução de 0,4% e uso de 4,3 milhões de hectares. Os preços mais baixos dos grãos e o receio em relação ao clima, devido ao El Niño, influenciam na tomada de decisão dos produtores.
No País, a produção de grãos na safra 2023/24 deve chegar a 319,5 milhões de toneladas, representando, assim, uma queda de 1,5%.
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De acordo com o diretor de Política Agrícola e Informações da Companhia, Silvio Porto, a tendência é de uma safra bem semelhante à do interior. Porém, ele ressalta que será preciso acompanhar o decorrer da safra, uma vez que as estimativas são muito iniciais.
“Apesar da estimativa de redução da safra, teremos uma área bem semelhante à da safra passada. Isso é interessante e mostra que mesmo com as condições climáticas neste início de safra, nós temos praticamente um andamento muito semelhante à safra passada”, explicou.
Principais itens da safra de grãos
Entre os principais itens da safra de grãos, é esperada queda de 2,4% na produção de soja. No Estado, a previsão é colher 8,1 milhões de toneladas. A área plantada, 2,1 milhões de hectares, vai ficar praticamente estável, com pequena retração de 0,2%. A produtividade, 3,7 toneladas por hectares, tende a cair 2,6%.
Em Minas, conforme os dados da Conab, o preparo do solo para o plantio da soja está acelerado e, na maior parte, já concluído. O plantio da leguminosa vem sendo expandido a cada nova safra, avançando sobre áreas antes destinadas a outras culturas, principalmente do milho e áreas de pastagens. Mas, a confirmação de uma maior expansão nesta safra aguarda a recuperação dos preços da commodity, e, por conseguinte, da rentabilidade da cultura.
Milho e feijão
Na safra de grãos 2023/24, a produção de milho, na primeira etapa, está estimada em 4,8 milhões de toneladas, representando, assim, uma queda de 6%. A redução é resultado de uma estimativa de produtividade 4,9% menor, 6,2 toneladas por hectare. A queda também vem da diminuição de 1,2% na área, que pode ficar em 772,3 mil hectares.
“É esperada mais uma redução na primeira safra de milho que, cada vez mais, perde relevância. A perda de área é devido ao deslocamento, sobretudo, para a soja”, explicou o diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, Silvio Porto.
No Estado, a safra que se inicia será menor em razão das baixas cotações do cereal, que, segundo os produtores, não cobrem os custos de produção. Como as lavouras de milho ocupam a terra por um maior período, isso inviabiliza o cultivo de culturas de segunda safra.
A liquidez e a melhor margem financeira da soja também são fatores determinantes na escolha da oleaginosa em detrimento ao milho. Os produtores aguardam a regularização das chuvas para iniciar a semeadura.
Para o feijão, a previsão também é de um volume menor na primeira safra. Conforme a Conab, a produção tende a cair 2% e encerrar o período em 219 mil toneladas. A queda virá, a princípio, da menor produtividade. O rendimento por hectare, 1,4 toneladas, está 2,1% inferior. A área se manteve estável em 147 mil hectares.
Segundo a Conab, ainda não há semeadura efetiva no Estado, já que as áreas passam pelo período de vazio sanitário. Apesar da expectativa inicial ser de manutenção na área plantada em relação a 2022, pode haver alguma variação posterior, à medida que se aproximar do efetivo começo do plantio.
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