Vendas de cimento no Sudeste caem 3,2% em setembro

As vendas de cimento na região Sudeste do Brasil caíram 3,2% em setembro comparado ao mesmo mês de 2022, totalizando 2,4 milhões de toneladas. A queda na região foi inferior ao observado na média nacional, de 5,1% no comparativo. Os dados são do Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (Snic).
No acumulado de 2023, o resultado no Sudeste também foi negativo, com queda de 0,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. O volume de cimento comercializado na região passou de 22 milhões para 21,8 milhões de toneladas.
O cenário não foi muito diferente para o restante do País. Apenas a região Nordeste apresentou variação positiva, de 0,3%. O indicador geral fechou o período em queda de 2%, alcançando 46,8 milhões de toneladas.
O Snic considera a taxa de juros elevada como a principal causa para o desempenho. Com 12,75%, o patamar atual impacta no número de financiamentos imobiliários para construção – redução de 44% de janeiro a agosto de 2023, em relação ao mesmo período de 2022. O ciclo de cortes iniciado pelo Banco Central ainda não foi suficiente para alavancar a indústria.
O presidente do Snic, Paulo Camillo Penna, afirma que o início do ciclo de cortes da taxa de juros aponta para a retomada do crescimento. “Ao ciclo de cortes deverão ser incorporados novos vetores que induzam o desenvolvimento da infraestrutura e a melhor dinâmica de programas importantes no campo do saneamento e da habitação, entre outros”, disse.
O despacho do insumo por dia teve um decréscimo de 2,5% sobre setembro de 2022. A comercialização do produto no mercado nacional foi de 232 mil toneladas por dia. Em comparação com o mês anterior, a queda foi de 2,9%.
Confiança do setor de construção
O Snic também considera outros três fatores para que indicadores de vendas de materiais de construção, como o cimento, continuem em desaceleração: a lenta recuperação da renda da população; o alto endividamento das famílias, que atingiu 47,8% em julho deste ano, muito próximo do pico de 50% em julho do ano passado; e as fortes chuvas registradas em setembro, principalmente nos estados do Sul, comprometeram o desempenho de vendas do insumo.
Mas as projeções do sindicato indicam que, com o cenário econômico de franca recuperação de empregos, do PIB e o controle da inflação, o setor deve fechar o ano com apenas -1% de queda de vendas.
Assim, a confiança da construção subiu e alcançou o maior patamar desde outubro de 2022. Os segmentos de serviços especializados e de infraestrutura são os com maior confiança. Já o mercado imobiliário está menos confiante. A falta de mão de obra qualificada e o acesso ao crédito têm dificultado o cenário da construção.
O PAC Seleções, nova modalidade anunciada do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), poderá abrir novas oportunidades de obras. A categoria é voltada para atender projetos prioritários apresentados por estados e municípios em áreas essenciais, como saúde, educação, infraestrutura social e urbana, e mobilidade.
No âmbito nacional, a aprovação do projeto de lei que regulamenta o Mercado de Carbono pelo Senado, tem participação ativa da indústria do cimento. O setor tem como meta firmar um compromisso de neutralidade climática, em escala global, dentro do programa Race To Zero da ONU. O projeto brasileiro de neutralidade terá suas bases lançadas no 8º Congresso Brasileiro de Cimento (CBCi), entre os dias 6 a 8 de novembro, em São Paulo.
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