Saiba como atua a primeira bolsa de carbono do Brasil

Em um contexto no qual os impactos ambientais da emissão dos gases de efeito estufa estão cada vez mais em pauta, a primeira bolsa de carbono do Brasil começou suas atividades para atuar como facilitadora na negociação de ativos no mercado de crédito de carbono.

Com o objetivo de liderar uma ação climática real, a B4 foi lançada em agosto deste ano, em São Paulo, e está de olho no potencial do mercado de crédito de carbono, principalmente com a aprovação do Projeto de Lei 412.

Por meio da tecnologia do blockchain, a empresa apresenta uma solução que transforma os ativos. Assim, faz com que os registros de crédito de carbono sejam imutáveis, evitando a duplicidade dos créditos para garantir um ambiente transparente e seguro.

É o que explica o fundador da empresa, Odair Rodrigues. “A B4 surge exatamente com o propósito de atuar como uma facilitadora neste mercado de crédito de carbono, que é extremamente valioso e está crescendo com muita força, não só no Brasil, mas em todo o mundo. Nossa expectativa é de que a empresa movimente até R$ 12 bilhões em crédito de carbono no primeiro ano”.

Regulamentação do mercado de carbono

A proposta que regulamenta o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE), o chamado mercado de carbono, foi aprovada pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e segue para a Câmara dos Deputados.

O mercado de crédito de carbono é uma alternativa para reduzir as emissões na atmosfera, por meio do estabelecimento de metas de redução e a possibilidade de venda de quantias excedentes.

Pela regulamentação, está previsto que as atividades que emitem acima de 10 mil toneladas de gases de efeito estufa devem fazer relatórios de emissões e aquelas que emitem acima de 25 mil toneladas terão que realizar alguma compensação.

Em um cenário que as empresas terão que medir suas pegadas de carbono, a regulação nacional deste mercado é considerada fundamental tanto para a B4, quanto para as empresas e órgãos realmente preocupados com a sustentabilidade global.

“Com a regulação do mercado, a definição dos padrões de verificação e medição das emissões de gases do efeito estufa serão ainda mais eficientes e ainda mais claras. Isso é muito importante para que não ocorram duplicações ou mesmo a tentativa de vendas falsas de crédito de carbono”, diz o fundador da empresa.

Potencial do mercado de crédito de carbono

Dados do último Relatório Anual da CCS Brasil, organização sem fins econômicos que promove atividades de captura e armazenamento de carbono, apontam que o País possui potencial de capturar cerca de 200 milhões de toneladas de carbono por ano. O número representa 12% de todas as emissões no território nacional.

“Devido o potencial que o Brasil tem de apoiar projetos sustentáveis, sobretudo por conta da nossa floresta e da biodiversidade, temos a possibilidade de atrair investimentos e ainda gerar empregos em setores como o de energia renovável e mesmo eficiência energética, por exemplo. Quando falo em apoiar projetos sustentáveis, me refiro ao fato de que as empresas que possuem em sua meta global a redução do impacto de carbono, investindo em projetos sustentáveis, elas também terão lucros”, aponta Odair Rodrigues.