Micro e Pequenas Empresas

Oportunidade de negócio passa por pesquisa de mercado

Não basta ter uma boa ideia para ter sucesso como empreendedor
Oportunidade de negócio passa por pesquisa de mercado
Luciana de Oliveira: um dos desafios de ser empreendedora é ter que lidar com múltiplas tarefas | Crédito: Káila Odara Fotografias

Uma boa ideia não basta para identificar uma boa oportunidade de negócio. Antes de ingressar no mercado, o empreendedor precisa se preparar e analisar se o negócio de fato representa essa oportunidade, alerta o consultor do Sebrae Minas, Junio Enes. E o primeiro passo é fazer uma pesquisa de mercado.

Ele explica que é por meio dessa pesquisa que o futuro empresário vai trazer elementos para poder identificar o que de fato o mercado precisa. “É importante que o empreendedor entenda toda a jornada do cliente e busque informações, que é uma característica do comportamento do empreendedor, além de analisar a concorrência”, diz. Tudo isso sem deixar de lado a realização dos objetivos pessoais.

Enes ressalta que o Sebrae Minas pode ajudar o empreendedor nisso com informações no Sebrae Play, biblioteca digital, materiais que abordam as tendências de mercado, além de cursos e consultorias.

Concorrência

O especialista explica que há fatores que devem ser levados em consideração na hora de definir uma oportunidade de negócio, um deles é a questão da concorrência, que pode ser classificada como “oceano azul” e “oceano vermelho”, que vão necessitar de estratégias diferentes. “Para ambos há prós e contras”, diz.

O “oceano azul” é o mercado ainda pouco explorado e que vai exigir um esforço maior de marketing para mostrar um produto ou serviço novos. “Por outro lado, há maior facilidade de venda”, observa.

Já o “oceano vermelho” é aquele onde a concorrência é maior. O consultor do Sebrae Minas não descarta a possibilidade de ter bons negócios em um segmento já saturado, desde que sejam levados em consideração certos cuidados e adotadas estratégias.

Nesse caso, ele aconselha ao empreendedor pensar na proposta de valor e nos diferenciais em relação aos concorrentes, seja no tipo de atendimento, preço, horário de funcionamento, entre outros aspectos que podem ser considerados. Outra estratégia é agregar valor a um tipo de serviço ou produto. “Com base nas informações que ele tem de mercado, o empreendedor deve pensar no que ele pode fazer, no que os concorrentes não fazem”, diz.

O consultor lembra que em um mercado em constante transformação é importante que o empreendedor busque sempre inovar, mesmo com o negócio já estabelecido. “É possível buscar novos nichos, ferramentas, novas formas de atender, conseguir clientes de reduzir custos”, observa.

Necessidade de cuidar dos familiares levou ao empreendedorismo

A dona do Luh Oliveira Boutique Brechó, Luciana de Oliveira, teve que optar pelo empreendedorismo para poder cuidar de familiares doentes. “Durante o processo em que o meu filho estava doente eu fiz várias coisas, fiz curso, trabalhei como confeiteira, fazia bombom e também vendia empada, até hoje eu vendo”, diz.

Ela conta que trabalhava num escritório jurídico, antes de precisar sair para cuidar do filho com leucemia. A hoje empreendedora, formada em jornalismo, diz que já atuou em várias áreas, como babá, vendedora e no segmento de telemarketing.

Para ela, um dos desafios de ser empreendedora é ter que lidar com múltiplas tarefas. “Você tem que cuidar da casa, do filho, da loja e ainda tem que fazer curso de aperfeiçoamento. Você precisa provar não somente para você como também para os outros que você é capaz”, destaca.

A análise de Luciana de Oliveira é atestada pela pesquisa Mulheres Empreendedoras do Sebrae Minas, divulgada em março deste ano, que mostrou que conciliar o empreendedorismo com as tarefas domésticas e os cuidados com os filhos é um dos desafios das mulheres nos negócios.

O levantamento mostrou que 69% das empreendedoras são as principais responsáveis pelos cuidados com a casa, entre os homens o percentual cai para 31%.

Ser dona do próprio negócio e ter autonomia e flexibilidade é o principal motivo para as mulheres iniciarem o seu negócio (63%), seguido pela necessidade financeira (45%) e vocação e desejo de empreender (42%).

O levantamento, que entrevistou 1.213 pessoas no Estado, também mostrou que 28% das empreendedoras têm outra ocupação como principal fonte de renda, entre os homens o percentual foi de 18%.

Luciana de Oliveira conta que fez e procura continuar fazendo diversos cursos do Sebrae Minas. Ela diz que uma amiga, que faz parte do grupo que se chamava Viver de Brechó, hoje intitulado Moda Brechó, fez a recomendação.

O Moda Brechó faz parte das ações do programa Integra Moda, do Sebrae Minas. A iniciativa oferece capacitações em gestão, finanças e marketing, além de incentivo à formalização. As empreendedoras aprendem, ainda, sobre estratégias de relacionamento com o cliente, marketing digital e técnicas de vendas.

Oportunidade de negócio: em busca de mais flexibilidade, enfermeira abre consultórios

A enfermeira Lucielena Garcia, formada em 1999, já atuou em vários hospitais, e hoje possui dois consultórios de enfermagem em Belo Horizonte, sendo um em um coworking de saúde e o outro em uma clínica de saúde, além do atendimento virtual.

Ela conta que o seu consultório foi o terceiro registrado no Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais (Coren-MG). A empreendedora explica que o objetivo do consultório de enfermagem não é substituir a consulta médica. “O consultório de enfermagem é um aliado da prática médica, assim como a prática médica é nossa aliada. Uma área complementa a outra”, frisa.

A opção por esse campo de atuação há cerca de quatro anos é fruto de vários fatores, entre eles, o conhecimento da área, já que Lucielena Garcia já atuava com a consulta de enfermagem dentro dos hospitais. “Assim que saiu a regulamentação, eu já comecei a pensar na oportunidade de ter o meu consultório”, conta.

O funcionamento do consultório de enfermagem segue normativas e diretrizes estabelecidas pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), como a Resolução Cofen nº 568/2018, que regulamenta a atuação dos consultórios de enfermagem e estabelece os padrões técnicos e éticos necessários para a prática profissional.

Também pesou na escolha a possiblidade de ter mais liberdade na agenda, já que Lucielena Garcia também é palestrante e faz diversas viagens pelo País. “Eu busquei mais flexibilidade de horário e de lugar, já que posso fazer atendimentos on-line”, diz.

Além das questões profissionais, ela também queria ter mais tempo com a família, o que ficava comprometido pelos plantões. “Eu já tinha o empreendedorismo na alma. O empreendedorismo está muito ligado a identificar uma necessidade e apresentar uma solução para essa necessidade e essa solução gerar algum tipo de valor”, observa.

Queria ter meu próprio consultório, diz Lucielena Garcia | Crédito: Ana Luisa Felipe

Tendências de atuação no mercado

O consultor do Sebrae Minas, Junio Enes, destaca algumas áreas em alta no mercado:

  • Tecnologia da informação;
  • Automação industrial;
  • Saúde e bem-estar;
  • Energias renováveis;
  • Educação on-line, em especial, suporte educacional para alunos;
  • Turismo;
  • Pets;
  • Comércio, com foco no digital;
  • Agronegócio/Agricultura familiar.
Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas