Oportunidade de negócio passa por pesquisa de mercado

Uma boa ideia não basta para identificar uma boa oportunidade de negócio. Antes de ingressar no mercado, o empreendedor precisa se preparar e analisar se o negócio de fato representa essa oportunidade, alerta o consultor do Sebrae Minas, Junio Enes. E o primeiro passo é fazer uma pesquisa de mercado.
Ele explica que é por meio dessa pesquisa que o futuro empresário vai trazer elementos para poder identificar o que de fato o mercado precisa. “É importante que o empreendedor entenda toda a jornada do cliente e busque informações, que é uma característica do comportamento do empreendedor, além de analisar a concorrência”, diz. Tudo isso sem deixar de lado a realização dos objetivos pessoais.
Enes ressalta que o Sebrae Minas pode ajudar o empreendedor nisso com informações no Sebrae Play, biblioteca digital, materiais que abordam as tendências de mercado, além de cursos e consultorias.
Concorrência
O especialista explica que há fatores que devem ser levados em consideração na hora de definir uma oportunidade de negócio, um deles é a questão da concorrência, que pode ser classificada como “oceano azul” e “oceano vermelho”, que vão necessitar de estratégias diferentes. “Para ambos há prós e contras”, diz.
O “oceano azul” é o mercado ainda pouco explorado e que vai exigir um esforço maior de marketing para mostrar um produto ou serviço novos. “Por outro lado, há maior facilidade de venda”, observa.
Já o “oceano vermelho” é aquele onde a concorrência é maior. O consultor do Sebrae Minas não descarta a possibilidade de ter bons negócios em um segmento já saturado, desde que sejam levados em consideração certos cuidados e adotadas estratégias.
Nesse caso, ele aconselha ao empreendedor pensar na proposta de valor e nos diferenciais em relação aos concorrentes, seja no tipo de atendimento, preço, horário de funcionamento, entre outros aspectos que podem ser considerados. Outra estratégia é agregar valor a um tipo de serviço ou produto. “Com base nas informações que ele tem de mercado, o empreendedor deve pensar no que ele pode fazer, no que os concorrentes não fazem”, diz.
O consultor lembra que em um mercado em constante transformação é importante que o empreendedor busque sempre inovar, mesmo com o negócio já estabelecido. “É possível buscar novos nichos, ferramentas, novas formas de atender, conseguir clientes de reduzir custos”, observa.
Necessidade de cuidar dos familiares levou ao empreendedorismo
A dona do Luh Oliveira Boutique Brechó, Luciana de Oliveira, teve que optar pelo empreendedorismo para poder cuidar de familiares doentes. “Durante o processo em que o meu filho estava doente eu fiz várias coisas, fiz curso, trabalhei como confeiteira, fazia bombom e também vendia empada, até hoje eu vendo”, diz.
Ela conta que trabalhava num escritório jurídico, antes de precisar sair para cuidar do filho com leucemia. A hoje empreendedora, formada em jornalismo, diz que já atuou em várias áreas, como babá, vendedora e no segmento de telemarketing.
Para ela, um dos desafios de ser empreendedora é ter que lidar com múltiplas tarefas. “Você tem que cuidar da casa, do filho, da loja e ainda tem que fazer curso de aperfeiçoamento. Você precisa provar não somente para você como também para os outros que você é capaz”, destaca.
A análise de Luciana de Oliveira é atestada pela pesquisa Mulheres Empreendedoras do Sebrae Minas, divulgada em março deste ano, que mostrou que conciliar o empreendedorismo com as tarefas domésticas e os cuidados com os filhos é um dos desafios das mulheres nos negócios.
O levantamento mostrou que 69% das empreendedoras são as principais responsáveis pelos cuidados com a casa, entre os homens o percentual cai para 31%.
Ser dona do próprio negócio e ter autonomia e flexibilidade é o principal motivo para as mulheres iniciarem o seu negócio (63%), seguido pela necessidade financeira (45%) e vocação e desejo de empreender (42%).
O levantamento, que entrevistou 1.213 pessoas no Estado, também mostrou que 28% das empreendedoras têm outra ocupação como principal fonte de renda, entre os homens o percentual foi de 18%.
Luciana de Oliveira conta que fez e procura continuar fazendo diversos cursos do Sebrae Minas. Ela diz que uma amiga, que faz parte do grupo que se chamava Viver de Brechó, hoje intitulado Moda Brechó, fez a recomendação.
O Moda Brechó faz parte das ações do programa Integra Moda, do Sebrae Minas. A iniciativa oferece capacitações em gestão, finanças e marketing, além de incentivo à formalização. As empreendedoras aprendem, ainda, sobre estratégias de relacionamento com o cliente, marketing digital e técnicas de vendas.
Oportunidade de negócio: em busca de mais flexibilidade, enfermeira abre consultórios
A enfermeira Lucielena Garcia, formada em 1999, já atuou em vários hospitais, e hoje possui dois consultórios de enfermagem em Belo Horizonte, sendo um em um coworking de saúde e o outro em uma clínica de saúde, além do atendimento virtual.
Ela conta que o seu consultório foi o terceiro registrado no Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais (Coren-MG). A empreendedora explica que o objetivo do consultório de enfermagem não é substituir a consulta médica. “O consultório de enfermagem é um aliado da prática médica, assim como a prática médica é nossa aliada. Uma área complementa a outra”, frisa.
A opção por esse campo de atuação há cerca de quatro anos é fruto de vários fatores, entre eles, o conhecimento da área, já que Lucielena Garcia já atuava com a consulta de enfermagem dentro dos hospitais. “Assim que saiu a regulamentação, eu já comecei a pensar na oportunidade de ter o meu consultório”, conta.
O funcionamento do consultório de enfermagem segue normativas e diretrizes estabelecidas pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), como a Resolução Cofen nº 568/2018, que regulamenta a atuação dos consultórios de enfermagem e estabelece os padrões técnicos e éticos necessários para a prática profissional.
Também pesou na escolha a possiblidade de ter mais liberdade na agenda, já que Lucielena Garcia também é palestrante e faz diversas viagens pelo País. “Eu busquei mais flexibilidade de horário e de lugar, já que posso fazer atendimentos on-line”, diz.
Além das questões profissionais, ela também queria ter mais tempo com a família, o que ficava comprometido pelos plantões. “Eu já tinha o empreendedorismo na alma. O empreendedorismo está muito ligado a identificar uma necessidade e apresentar uma solução para essa necessidade e essa solução gerar algum tipo de valor”, observa.

Tendências de atuação no mercado
O consultor do Sebrae Minas, Junio Enes, destaca algumas áreas em alta no mercado:
- Tecnologia da informação;
- Automação industrial;
- Saúde e bem-estar;
- Energias renováveis;
- Educação on-line, em especial, suporte educacional para alunos;
- Turismo;
- Pets;
- Comércio, com foco no digital;
- Agronegócio/Agricultura familiar.
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