Café mineiro busca status de patrimônio cultural

“Aceita um cafezin?”. É assim que o povo de Minas Gerais costuma receber os visitantes. Símbolo de hospitalidade, não apenas o jeito de servir, mas toda a cultura do café mineiro pode se transformar em patrimônio cultural do Estado e, em algum tempo, até do mundo.
Para isso, o governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult-MG) e o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), assinaram o “Termo de Cooperação Técnica para o Registro do Sistema de Produção Cafeeira em Minas Gerais” com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais – Campus Muzambinho (IF Sul de Minas), na quarta-feira (11), no Palácio da Liberdade, na região Centro-Sul.
O objetivo é promover o desenvolvimento de estudos técnicos que vão subsidiar o dossiê necessário para o reconhecimento do Sistema de Produção Cafeeira em Minas Gerais como patrimônio cultural do Estado.
Os estudos serão elaborados pela equipe técnica do Iepha-MG e por professores e alunos do IF Sul de Minas. O instituto possui excelência na pesquisa sobre todo o sistema de manejo, plantio, colheita, secagem e torrefação do café.
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Para o secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, Leônidas Oliveira, o modo de produzir café em Minas será também reconhecido mundialmente como patrimônio cultural.
“Em novembro, vamos à Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) trabalhar a candidatura do Queijo Minas Artesanal e eu já quero levar a ideia do café como patrimônio cultural do mundo. Esse dossiê será a base para que isso aconteça. Temos uma instituição que é pioneira na pesquisa sobre o café e é tão importante para a nossa cultura. Isso é motivo para muita celebração. Esse dossiê ser feito a tantas mãos, sobretudo dos alunos do IF, é muito gratificante”, afirmou Oliveira
O Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo, e a maioria das sacas é produzida em Minas Gerais. Segundo os dados da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), o Estado é responsável por 46% da safra nacional, o que equivale a cerca de 22,1 milhões de sacas.
Existem 451 municípios mineiros com lavouras de café, e há 651 propriedades cafeeiras certificadas no Estado. Do total, 209 são de agricultores familiares. São também cinco as regiões produtoras de café de Minas Gerais: Cerrado Mineiro, Mantiqueira de Minas, Sul de Minas, Matas de Minas e Chapada de Minas.
Em 2022, o Iepha-MG emitiu parecer favorável à solicitação de registro da cultura cafeeira no Estado como patrimônio cultural encaminhada pelo município de Guaxupé, no Sul de Minas, juntamente com a Cooperativa dos Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé). De lá para cá, o Instituto trabalha na execução esse projeto.
Um marco importante para o reconhecimento das culturas cafeeiras foi 2011, quando a Unesco declarou como patrimônio imaterial a Paisagem Cultural Cafeeira da Colômbia.
Para a presidente do Iepha-MG, Marília Palhares, a relação do povo mineiro com o café é o início do reconhecimento sobre o jeito próprio de produzir café no Estado.
“O Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo e a maior parte das sacas é produzida em Minas Gerais. Já conta para caracterizar a cultura cafeeira de Minas como patrimônio a própria relação das pessoas com o café, que identifica e traz a noção de pertencimento. Para o mineiro tomar um café é a hora da prosa, de botar a conversa em dia, de suspender as tensões, de esquecer a tristeza, de cultivar as amizades, de se alimentar e se revigorar. Isso constitui a relação do mineiro com as nossas produções, o nosso patrimônio”, destacou Marília Palhares.
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