Curadoria e organização das roupas usadas leva brechó infantil ao sucesso

Quase triplicar o número de unidades é a meta do Brechó Infantil Joaninha. A ousadia da rede de brechós é fruto da história de 12 anos de um negócio que reinventou o modelo de venda de roupas usadas marcado por preconceitos e estereótipos. Segundo a fundadora do Joaninha Brechó Infantil, Vivian Deus, a rede, que conta atualmente com 68 lojas abertas e 18 negociadas, deve fechar 2024 com 200 unidades no total.
A ideia do Joaninha Brechó Infantil nasceu da necessidade de complementar a renda familiar. A primeira loja, com apenas quatro metros quadrados lotados de roupas usadas para crianças, hoje é referência para uma rede de brechós que se espalha pelo País. O foco atual da expansão é em cidades com mais de 100 mil habitantes. O investimento médio para a abertura de uma loja é de R$ 125 mil.
O grande segredo, segundo a empresária, é fazer a seleção das roupas usadas para o brechó como se fossem produtos novos, cuidando da limpeza, organização e, claro, da qualidade.
“Quando comecei, havia ainda muito preconceito, as pessoas não gostavam de dizer que compravam em brechó. Se fossem produtos para crianças, então, isso era ainda pior. Mas é possível entender essa reação porque a maioria dos estabelecimentos era de ‘brechós naftalina’, como eu costumo chamar. Tudo era muito velho, em mau estado de conservação, bagunçado e, muitas vezes, sujo. Eu sabia que não poderia trabalhar desse jeito e cuidava para que tudo fosse muito organizado, bonito e limpo. Em um mês, a demanda foi tanta que já tive que mudar de ponto”, relembra Vivian Deus.
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Vendendo roupas usadas, brechós apoiam causa ESG
A preocupação com o futuro do planeta é, além da questão econômica, a grande mola propulsora do crescimento do brechó. A indústria têxtil e do vestuário é apontada como uma das que mais degrada o meio ambiente no mundo, sendo responsável por 20% da poluição das águas em escala mundial, especialmente em processos de tingimento e acabamento das peças. Estima-se que, para fabricar uma única camiseta de algodão, sejam necessários 2,7 mil litros de água.
“Há dois anos a sustentabilidade está pegando muito forte nos brechós. As pessoas entram com essa ideia. Essa mentalidade está começando a desabrochar. Hoje, muita gente chega dizendo que passou a comprar roupas usadas devido à responsabilidade ambiental”.
Em 2022, a rede Joaninha Brechó Infantil faturou R$ 20 milhões. A previsão para 2023 é chegar a R$ 30 milhões, com 75 franquias vendidas. Para isso é preciso encontrar candidatos a franquia com perfil comercial e que tenham interesse em ficar “no balcão”, à frente do negócio.
“A pandemia acelerou o nosso comércio on-line, que passou de 5% para 30% do total, mas, ainda assim, loja física é o principal canal de vendas. O maior desafio não é passar o conhecimento para o franqueado, porque temos ferramentas. Mudar a mentalidade do franqueado é o mais difícil. Tem a questão do gosto e do feeling comercial. Tem peça de roupa usada que, por melhor e mais barata que seja, não vai sair. Um exemplo: trabalhamos até a numeração 16, mas quem veste esse tamanho normalmente tem 12 anos. Ainda é uma criança, não adianta eu ter um vestido de paetê e bojo tamanho P, que não vai vender. Então é preciso ter esse tipo de entendimento e conhecer o que agrada o público daquela região. Os hábitos de consumo diferem entre bairros vizinhos”, finaliza a fundadora do Joaninha Brechó Infantil.
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