Regulação do hidrogênio verde pode favorecer indústria de Minas

Os avanços para a criação do Marco Legal do Hidrogênio de Baixo Carbono são avaliados como fundamentais para Minas Gerais. Considerado um potencial tanto na produção como no consumo do hidrogênio verde, o Estado pode ser muito favorecido com a regulamentação do considerado “combustível do futuro”. Na próxima terça-feira (24), o relatório preliminar deverá ser votado na Câmara dos Deputados.
No início do mês, o relator da Comissão Especial de Transição Energética e Produção de Hidrogênio da Câmara, deputado Bacelar (PV-BA), apresentou o relatório preliminar. Segundo a Câmara dos Deputados, o documento trata de governança, certificação, taxonomia e incentivos para o setor. Bacelar também propõe a instituição do Programa de Desenvolvimento do Hidrogênio de Baixo Carbono (PHBC), visando incluir o produto na matriz energética brasileira, com o aproveitamento racional da infraestrutura existente e o apoio à pesquisa.
Até segunda-feira (23), serão aceitas sugestões de ajustes no texto e o objetivo é colocá-lo em votação no dia seguinte.
De acordo com o especialista em energia da Federação das Indústrias do Estado de Minas (Fiemg), Sérgio Pataca, o avanço no projeto federal e também do estadual, que está parado na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) é de extrema importância.
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“O projeto de lei dá muitas diretrizes da política nacional do hidrogênio de baixo carbono, que é o hidrogênio verde e o azul. Então, basicamente, ele busca a neutralidade das emissões e determina os incentivos para essa produção e a inserção do combustível, que a gente vê como grande potencial no futuro”.
Minas tem grande potencial
Pataca destaca que Minas Gerais tem muito potencial na produção e consumo do hidrogênio verde. Por isso, a regulamentação será importante e pode promover a indústria mineira.
“Minas é um estado muito favorecido, somos o maior produtor de energia solar do Brasil. Além disso, o Estado conta com uma matriz elétrica altamente renovável, hoje em quase 99%. A gente tem uma localização estratégica, na região Sudeste, e estamos perto dos principais centros de consumo. Temos produção de etanol, disponibilidade de água e de biogás.Todos estes são possíveis insumos do hidrogênio verde”, explicou.
Conforme o representante da Fiemg, para o hidrogênio ser verde, ele tem que ser obtido de fontes de energia renovável, como a solar, a hidrelétrica, e o etanol. Minas Gerais é o polo de todos.
Além disso, do lado do consumo, os principais potenciais consumidores do hidrogênio verde são a siderurgia, a mineração, o transporte ferroviário e a produção de insumos químicos.
“Todas estas indústrias são a base de Minas. O Estado tem várias empresas que podem substituir os combustíveis fósseis – diesel, gás natural – nos processo produtivos pelo hidrogeniônico verde. Então, no Estado, há um grande potencial do lado de produção e também de consumo e demanda. Por isso, o projeto de lei federal e, também, o estadual são de extrema importância para o Estado”, argumentou.
Com a regulamentação, toda a cadeia industrial pode ser favorecida. “Somos os geradores de energia, somos os produtos dos equipamentos para a conversão do hidrogênio e também somos os potenciais consumidores. Então, estamos em toda a cadeia, da produção até o consumo”, ressaltou.
Hidrogênio verde trará mais competitividade no mercado mundial
A introdução do hidrogênio na cadeia industrial vai aumentar a competitividade da indústria mineira no mundo. Conforme o especialista em energia da Fiemg, Sérgio Pataca, ao substituir os combustíveis fósseis por fontes renováveis, a produção será mais sustentável e alinhada às tendências globais de descarbonização.
“Estamos muito interessados neste assunto e conversando com todos os envolvidos para ter o arcabouço e todos os pontos necessários para implantação correta no Brasil do hidrogênio verde. Precisamos avançar nessa pauta que sabemos que será muito boa para o Estado e para a indústria”, avaliou.
Ainda segundo Pataca, no País, alguns estados do Nordeste estão bem avançados no projeto do hidrogênio verde. Um deles é o Ceará, mas, ao contrário de Minas, a produção de hidrogênio verde será muito voltada para exportação.
“Minas tem potencial para atender ao consumo interno e promover a descarbonização local. Vamos descarbonizar a mineração, a siderurgia e tornar nossos produtos verdes e sustentáveis”, afirmou.
O potencial visto no Estado tem atraído indústrias. Uma unidade da Neuman Esser, que fabrica máquinas para conversão de hidrogênio e tecnologias, está em construção, em Belo Horizonte.
“A gente já está começando a desenvolver tecnologia e tem potencial de produção e consumo. Então, só falta interligar as partes, ter o arcabouço regulatório e legislativo que está sendo implantado. Temos o projeto federal e o PL 3043 na ALMG, de autoria do deputado Gil Pereira. Estamos conversando com a ALMG para avançar e ter inventivo estadual do hidrogênio verde, além do federal que está caminhando”, disse..
O setor da indústria avalia as iniciativas como positivas, mas ressalta que é preciso ter um olhar especial para a questão de onde virá os subsídios. Segundo Pataca, o subsídio é bem-vindo, desde que não onere o consumidor e que seja proveniente de fontes da União, como do Tesouro, que é auditado.
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