ABVE se opõe à declaração de Zema sobre carro elétrico

A Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) se posicionou de forma contrária às falas e ações dos governadores Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, e Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, em relação ao mercado de veículos elétricos e híbridos no Brasil. Em nota, a entidade considerou as falas como “surpreendentemente hostis” ao desenvolvimento deste segmento no País.
Durante a abertura da 9ª edição do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud), Zema afirmou que o carro elétrico poderá ameaçar os empregos dos brasileiros e que o veículo a etanol é uma alternativa ao elétrico. Já Tarcísio, vetou um projeto de lei que propunha incentivos à eletromobilidade no estado, substituindo-o por uma proposta que esquece os veículos elétricos.
Para a ABVE, as falas de Zema estão em descompasso com a realidade internacional e também com o desenvolvimento do próprio mercado brasileiro. Enquanto a decisão do governador de São Paulo segue na contramão das opções mais promissoras de combate às mudanças climáticas.
A entidade também ressalta que a eletromobilidade não é incompatível com o setor de biocombustíveis. “Ela se soma a uma vocação já consolidada da indústria brasileira e potencializa os benefícios de uma das matrizes de geração de eletricidade mais sustentáveis do planeta”, explica.
Ela ainda destaca que os investimentos mais relevantes do setor automotivo brasileiro são justamente de empresas que estão transformando a indústria nacional, por meio de investimentos em novas tecnologias e renovando suas linhas de produção para fabricar este tipo de veículo.
A associação que representa o setor no País aponta que o crescente número de emplacamentos de veículos leves elétricos e híbridos nos últimos anos prova que o consumidor brasileiro aposta cada vez mais em produtos modernos e sustentáveis, o que explica os investimentos no setor. “Esses investimentos estão criando um conjunto amplo de empresas de veículos, componentes, equipamentos e serviços, com um número crescente de startups surgindo a cada dia”, garante.
O presidente da ABVE, Ricardo Bastos, ressalta que as autoridades dos principais estados brasileiros não deveriam estar criando insegurança a empresas que já se comprometeram a gerar empregos de qualidade e trazer inovação tecnológica à indústria nacional. “Não nos parece sábio essas autoridades darem um sinal de desconfiança à tendência mais relevante do setor automotivo mundial, e esperamos que essas posições sejam reconsideradas”, comenta.
Bastos lembra que a eletromobilidade é um ecossistema completo, que vai muito além dos automóveis. Ela também inclui a nova cadeia produtiva de ônibus elétricos, a indústria de infraestrutura de recarga elétrica e o promissor setor de mineração.
Ele ainda falou sobre o projeto do Vale do Lítio, lançado em maio deste ano pelo governo de Minas na bolsa de valores do setor tecnológico de Nova York, a Nasdaq. “Esse lítio é só para ser exportado in natura? Não seria mais adequado essa riqueza servir à produção de baterias, automóveis e ônibus elétricos no Brasil?”, questiona.
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