Negócios

Expansão dos negócios digitais impacta Creator Economy no Brasil

Somente a Hotmart, ultrapassou a marca de R$ 30 bilhões em vendas globais desde 2011
Expansão dos negócios digitais impacta Creator Economy no Brasil
Pesquisa da Escola de Comunicação da FGV mostra o impacto dos negócio digitais no País, como cursos online, ebooks, mentorias, podcasts e outros formatos | Crédito: Adobe Stock

Com mais de 300 mil empregos diretos e indiretos gerados neste ano e um volume de vendas de produtos digitais que ultrapassou, em nível mundial, R$ 30 bilhões desde 2011, os negócios digitais tem representado um significativo impacto socioeconômico para a chamada Creator Economy no Brasil.

Os números são de um estudo desenvolvido pela Escola de Comunicação, Mídia e Informação da Fundação Getulio Vargas (FGV ECMI), realizado com 552 criadores de conteúdo e afiliados cadastrados na Hotmart, empresa global de tecnologia e líder no mercado de negócios digitais, além da análise de dados internos da empresa e estimativas de mercado. Entre os produtos digitais comercializados estão cursos online, ebooks, mentorias, podcasts e outros formatos.

“A Creator Economy está se expandindo e se profissionalizando exponencialmente, e os números do estudo mostram que o mercado de produtos digitais tem alavancado esse crescimento por meio da geração de renda e emprego”, aponta a pesquisadora responsável pelo estudo, Beatriz Pinheiro.

A pesquisa mostra que 48% dos criadores de conteúdo são mulheres e 52% homens. Cerca de 43% têm idade entre 35 e 44 anos, 21% têm idade entre 45 e 54 anos e 19% estão na faixa etária de 25 a 34 anos. Entre os entrevistados, 70% afirmaram ter aumento de renda com a venda de infoprodutos da Hotmart. Esse percentual sobe para 100% quando se considera os clientes que estão há mais de um ano vendendo seus produtos digitais por meio da plataforma.

Os negócios digitais são a principal fonte de renda de 14,5% dos pesquisados. Para esses usuários, o levantamento mostra um retorno em faturamento superior à média nacional: a mensal é de R$ 11.959, enquanto entre aqueles que possuem outras fontes de renda, o faturamento médio é de R$ 4.194.

“Diversos fatores impactam na renda dos criadores de conteúdo, como o tempo de dedicação a esse tipo de trabalho, se parcial ou integral, a formalização do negócio e se contam ou não com equipe de apoio. Mas, pelo estudo, podemos ver que um dos principais fatores é o tempo que eles já estão no negócio – quem está há mais tempo, tende a ganhar mais”, explica Beatriz Pinheiro.

A Creator Economy tem aumentado sua relevância não só no Brasil, mas mundialmente. Segundo estudo recente do banco de investimentos Goldman Sachs, o mercado global pode praticamente dobrar nos próximos cinco anos, saindo dos atuais US$ 250 bilhões para para US$ 480 bilhões até 2027.

Negócios digitais prosperam de forma independente

O estudo da FGV mostra ainda que os criadores de conteúdo que utilizam plataformas para hospedagem e comercialização de produtos digitais conseguem trabalhar com mais autonomia para pensar estratégias de monetização que fujam do tradicional patrocínio das marcas.

Entre criadores de conteúdo e afiliados, 61% investem em tráfego pago para divulgarem seus produtos digitais, sendo que destes, 47% investem menos de R$ 1 mil por mês, 12% entre R$ 1 mil e R$ 5 mil e somente 2% investem entre R$ 5 mil e R$ 10 mil. Apenas 4% dos produtores de conteúdo recebem patrocínio, mostrando que esses criadores de conteúdo não têm a publicidade de marcas como principal fonte de renda.

“Com isso, transformam seus conteúdos em negócios digitais, que são impulsionados pela construção de autoridade, de conteúdos orgânicos e do investimento em tráfego pago para divulgação de seus produtos”, avalia a pesquisadora.

Do CPF ao CNPJ

A média de faturamento dos criadores de conteúdo registrados como pessoas jurídicas é de R$ 10.115, enquanto a dos produtores pessoas físicas é de R$ 5.078. Para Beatriz Pinheiro, isso pode ser explicado pelo fato de que os usuários que mais lucram na plataforma tendem a se formalizar como pessoas jurídicas para obterem mais vantagens, como fechar mais contratos.

“A gente percebe que o ecossistema dos negócios digitais no Brasil está em plena expansão: além de movimentar a economia com a geração de renda para criadores de conteúdo, esse impacto é ampliado para toda a cadeia de profissionais e serviços envolvidos, com a criação de empregos indiretos como, por exemplo, copywriter, especialista em tráfego, videomaker e estrategista de redes sociais”, conclui.

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