Capitalismo Consciente

O futuro do trabalho e suas transformações

As tendências para o mercado de trabalho são reunidas em estudos e pesquisas de forma recorrente. Na prática, abordar esse tema significa compreender de que maneira as empresas e os profissionais estão inseridos nesse processo.

É olhar para frente para se preparar e se adaptar.

Assim, ao acompanhar os impactos da 4ª Revolução Industrial nos empregos, percebe-se que o mundo corporativo entra em uma fase onde as capacidades cognitiva e comportamental possuem um peso mais impactante que as características técnicas (reforçando, todas sempre em constante movimento). Ou seja, a tecnologia, que está aí para tirar o robô de dentro de nós, se encarregará de muitos processos, ao mesmo tempo em que abrirá oportunidades às pessoas com mais análise crítica, que saibam fazer as melhores perguntas para lidar com a Inteligência Artificial. A liderança consciente tem papel fundamental nesse cenário, ao promover uma gestão responsável, com olhar personalizado e que consiga moldar a comunicação de acordo com o perfil dos colaboradores e o contexto.

Até 2027, os principais fatores que fomentarão as transformações são a rápida evolução tecnológica, especialmente a adoção da Inteligência Artificial (IA), a ampliação do acesso digital e a implementação de práticas ESG (Environmental, Social and Governance, na sigla em inglês). Muitas das ocupações no mundo devem se modificar: algumas serão criadas; outras, extintas; e a grande maioria passará por alterações. As projeções fazem parte do relatório mais recente sobre o futuro do trabalho, elaborado, neste ano, pelo Fórum Econômico Mundial. Diante disso, o líder consciente é ainda mais necessário, pois está alinhado aos princípios da agenda ESG, levando em consideração o impacto social e ambiental das decisões empresariais.

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Sendo assim, ele é aquela pessoa essencial para impulsionar a construção de companhias mais humanas, apoiadas em uma cultura que envolva a responsabilidade não apenas por resultados financeiros, mas também pelos indivíduos (todos stakeholders) e pelo cuidado com o planeta. Para desenvolver essa consciência dentro do espaço corporativo, o gestor deve defender a abertura das empresas à “agilidade emocional” como mecanismo de engajamento e inovação. O conceito é da pesquisadora Susan David, autora do livro “Agilidade Emocional”, que é a capacidade de reconhecer, compreender e gerenciar as emoções de forma eficaz e adaptativa. É a habilidade de se recuperar rapidamente em situações estressantes. Em seus estudos, ela percebe que a dedicação e a criatividade florescem em ambientes em que os líderes têm consideração individualizada em relação às necessidades dos colaboradores e permitem que seus liderados sejam emocionalmente genuínos. Segundo Susan David, pessoas, equipes, organizações, famílias e comunidades mais ágeis e resilientes são construídas com base na abertura às emoções humanas. Cada um possui suas próprias necessidades e motivações.

Essa ideia ganha ainda mais força após pandemia, pois chegamos a um ponto em que não podemos pensar em futuro do trabalho sem incluir as famílias – filhos, pais, avós, enteados ou qualquer ente que dependa de assistência – no centro da conversa. A realidade de quem precisa conciliar a carreira com o cuidado a outras pessoas está exposta. Não podemos pensar em futuro do trabalho, sem discutir medidas para apoio à parentalidade na primeira infância, para flexibilização do regime de trabalho, para apoio ao retorno das mulheres após a licença-maternidade, para trabalhar a pluralidade nos times. Precisamos, ainda, falar em burnout, estresse e segurança psicológica, desigualdade salarial, de desenvolvimento e de oportunidades de ascensão na carreira.

São muitos aspectos envolvidos que explicam porque, no relatório do Fórum Mundial, o maior potencial de geração de empregos, no Brasil, está ligado ao ESG. E também faz com que as competências mais importantes no trabalho, já em 2023, sejam pensamento analítico, pensamento criativo, resiliência, flexibilidade e agilidade. Então, o momento é oportuno para a análise da atuação dos líderes, que têm papel transformador nos novos formatos de empresas. Afinal, o empoderamento do indivíduo resulta em mais autonomia e na possibilidade de desenvolvimento de mais protagonistas. É preciso aprender a usar isso a favor dos negócios, do bem-estar e do equilíbrio ecológico, com uma liderança mais humana. Tudo indica que, no mundo da Inteligência Artificial, as habilidades comportamentais e emocionais são cada vez mais relevantes do que as capacidades técnicas.

“É impossível ser feliz sozinho”, canção que nunca sairá de moda de João Gilberto. E ainda, seja incansavelmente eficaz e perseverante na habilidade de gerenciar suas emoções, de maneira consciente, se adaptando, com uma boa dose de flexibilidade emocional nas mudanças, pois estas acontecem cada dia em uma velocidade mais rápida, imprevisível e surpreendente.

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