Espetáculo de dança reúne 180 mulheres

O Casulo Espaço e Tempo de Dança estreia o espetáculo de dança “É Vida”, idealizado e dirigido pela coreógrafa mineira Carol Saletti. Em cena, 180 mulheres com idades entre 30 e 85 anos, refletem sobre a vida e a finitude, em 20 coreografias pautadas nas suas vivências. A montagem é inspirada na obra “Água fresca para as flores”, da francesa Valérie Perrin, e nos livros “A morte é um dia que vale à pena viver”, “Histórias lindas de morrer” e “Para a vida toda valer a pena viver”, da geriatra paliativista Ana Cláudia Quintana Arantes. O espetáculo também será lançado em vídeo documentário no primeiro semestre de 2024.
“É Vida” fará duas apresentações na quinta-feira (2), às 17h e às 19h30, no Teatro Sesiminas. O espetáculo tem participações especiais da cantora Celinha Braga e das percussionistas do Bloco das Mimosas Borboletas. O ingresso custa R$ 50,00 (valor único), com vendas em www.sympla.com.br e na bilheteria do teatro.
A coreógrafa Carol Saletti trabalha com as suas alunas a consciência de que ao entender o que acontece com o corpo durante o envelhecimento – ao invés de maquiá-lo ou de negá-lo – a pessoa pode ser mais ativa na busca da saúde física e mental, a viver bem e feliz, levando em conta a finitude. “As nossas alunas têm idades entre 30 e 85 anos, um grupo de mulheres bem heterogêneo com relação à dança, mas a grande maioria começou a dançar depois da pandemia. São corpos maduros, que contam histórias, muitas vezes considerados inadequados para a dança, e que chegam ao espaço com o sonho de dançar empoeirado, guardado no fundo da gaveta”, sublinha Carol Saletti, fundadora do Casulo Espaço e Tempo de Dança, que além de coreógrafa, é psicóloga, especialista em psicomotricidade e mestre em psicologia da saúde e do desenvolvimento (FR).
“É Vida” é um espetáculo de dança de mulheres maduras que colocam em cena seus corpos e movimentos cheios de histórias. A montagem convida as alunas a refletirem sobre o sentido da vida a partir das suas experiências, considerando a finitude como uma condição natural à existência. “Nós acolhemos esses corpos e as suas histórias, porque o envelhecimento do corpo como processo natural e do qual não é possível fugir é algo que faz parte das aulas de dança da Casulo. No espetáculo, levamos para o palco 180 mulheres maduras que dançam as suas vivências, refletindo coletivamente sobre a nossa existência. São mulheres que lidam diariamente com o envelhecimento, com as marcas da idade, com a finitude como algo certo, como um caminho sem volta. A partir do momento em que envelhecemos, lidamos com a finitude com muito mais proximidade, com a nossa e a dos outros”, pondera Carol Saletti.
Mais de 20 músicas dão o tom às coreografias que transitam por diversos temas presentes nas entrelinhas das canções.“Na música “Oração ao tempo”, de Caetano Veloso, dançaremos em homenagem ao tempo, que é o nosso primeiro e grande limite na vida. Em “Gracias a La Vida”, de Violeta Parra, formamos uma lagarta que se transforma em borboletas, dançando as metamorfoses constantes da vida.
Na canção “Preciso me encontrar”, de Cartola, as alunas entram em cena com uma mala nas mãos e remetem à uma viagem à procura de si mesmas. O momento mais profundo do espetáculo é com a canção “Canto para minha morte”, de Raul Seixas, em que ele canta a morte de maneira crua e nua, numa música onde falas, fábulas, tangos e valsas se misturam à única certeza de nossas vidas”, detalha Carol Saletti.
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