Economia

Brasil é ponte para China na América Latina, diz economista da Fiemg

Entidade leva mais de 100 empresas mineiras para conhecer mercado chinês e buscar investimentos para o Estado
Brasil é ponte para China na América Latina, diz economista da Fiemg
Crédito: Ken Ishii/Pool via REUTERS

Há anos como principal parceiro comercial do Brasil, a China é o destino de quase um terço das exportações brasileiras (26,8%) e o fornecedor de quase um quarto das importações (22,3%). Todas essas transações registraram um volume de US$ 150 bilhões no ano passado. De olho nesse mercado, a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) levou ao gigante asiático uma expedição de 180 integrantes de 102 empresas mineiras, de mais de 20 setores da economia, para estreitar relações com os chineses em busca de conhecimento, networking e investimentos.

Para o economista do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Fiemg, Alexandre Brito, é fundamental para o continente aprofundar as relações com a China, considerado por ele como uma “locomotiva” da economia mundial. “É uma locomotiva econômica que influencia o mundo todo, especialmente aqueles países que dependem muito de matérias-primas. Principalmente na América Latina, tem países que são exportadores de quatro ou cinco produtos, no máximo. Portanto, a China tem impacto direto sobre eles. Quando os preços sobem, esses países vendem mais, exportam mais, têm uma capacidade para importar também maior e a economia cresce. Aqui na nossa vizinhança quase todos os países são assim”, disse.

Para o caso do Brasil, o economista explica que o mercado brasileiro tem muita relevância para grandes empresas, como as multinacionais chinesas. Pelo tamanho, renda média, potencial de consumo e por ser aberto aos produtos e investidores estrangeiros, o País se torna uma ponte para a China estabelecer relações com todo o continente. “Um mercado grande como o brasileiro é também uma ponte na América do Sul. Um mercado onde você pode se estabelecer regionalmente, ter uma base regional e, a partir daí, explorar outros mercados mais próximos, trabalhar com outros mercados mais fortes. A cultura latina é diferente e, às vezes, é importante ter uma base”, afirma.

E para Minas, Brito pontua que as vantagens vistas no País se acentuam, sobretudo em relação ao comércio de matérias-primas. “Minas Gerais é um fornecedor de matéria-prima importante. É o principal estado exportador para a China e um razoável importador. Tem diferentes ambientes econômicos muito fortes, um mercado consumidor grande, agropecuária, indústria e setor de serviços grandes, portanto, evidentemente que eles vão ter interesse no mercado mineiro. Daí a atração de investimentos. Somos um player importante na agenda chinesa”, expressou.

O conteúdo continua após o "Você pode gostar".


O Brasil é o décimo maior fornecedor para a China e representa 4% de suas importações. Além disso, 1,7% das exportações dos chineses tem destino brasileiro. Minas Gerais tem um comércio de quase US$ 20 bilhões e superávit comercial de US$ 9,5 bilhões, o que representa quase 36% de tudo que o País exporta para o mercado chinês.

Missão internacional

Por conta dessa importância para o Estado, a gerente do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Fiemg, Rebecca Macedo, está em Xangai para a missão internacional da entidade com o empresariado mineiro. Ela conta que a viagem com mais de 100 empresários do Estado, em sua maioria de médias e pequenas empresas, tem o objetivo de promover negócios e fortalecer as relações bilaterais entre Minas Gerais e China. Inclusive, o governo do estado é parceiro da entidade na missão. “Vamos impulsionar a imagem de Minas como destino de negócios para investimentos chineses, proporcionar também para delegação a prospecção de novas tecnologias e know-how em um dos maiores e mais inovadores mercados do mundo, e como consequência também atrair investimentos estrangeiros para Minas”, contou

A gerente disse que a missão internacional vai proporcionar às empresas de Minas possibilidades de expandir seus mercados. “Quando uma empresa tem a possibilidade de participar de uma missão internacional, abre muito esse olhar para fora, para novas oportunidades. Quando ela procura se internacionalizar, entende que tem oportunidades além do mercado doméstico, fica menos suscetível a crises. Tem grandes oportunidades a serem explorada, tanto pra benchmarking, trazer novas tecnologias, novos entendimentos, entender outras oportunidades de mercado”, expressou.

Brasil China Business Forum

Em Xangai, a Fiemg promoverá a primeira edição do Brasil China Business Forum, encontro para promover debates que possibilitem oportunidade de negócio entre os dois países. “O intuito é de apresentar as características e diferenciais dos negócios realizados no Brasil e oportunizar investimentos para Minas Gerais. A ideia é que esse evento aconteça anualmente num país diferente”, explicou Rebecca Macedo.

Além do fórum, a comitiva mineira fará visitas técnicas em empresas de tecnologia, e-commerce, de equipamentos, entre outros ramos, e participará na China International Import Expo (CIIE), uma feira de importação com participantes de todo o mundo.

Desaceleração chinesa

Em voga no noticiário recente, a desaceleração da economia chinesa causa apreensão no mundo. A meta de crescimento anual hoje é estipulada em 5%, diferente de outrora, quando atingia dois dígitos. Dificuldades no mercado imobiliário chinês fazem investidores temerem uma nova crise do subprime, que aconteceu nos Estados Unidos, entre os anos 2007 e 2008, e afetou a economia de todo o planeta.

Mas Alexandre Brito discorda dessa visão. “Não concordo muito com essa desaceleração que é falada. Veja bem, o problema é a base (da economia). É inevitável que a base, à medida que ela cresça, a taxa de crescimento cai. Um país que tem um PIB de US$ 19 trilhões, se crescer 5% esse ano, cresce US$ 950 bilhões. Isso é metade do PIB do Brasil. Quando se fala em desaceleração, leva-se em conta uma base muito maior”, comenta o economista, que completa: “não é desaceleração. É natural que os países com PIB maior tenham uma taxa de crescimento mais baixa do que no período anterior. Mas um país como a China, como Estados Unidos, ter um crescimento de 3% a 4%, é um crescimento muito positivo”.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas