Ibovespa fecha em alta com alívio nos DIs e aval de NY; Itaú sobe após balanço

São Paulo – O Ibovespa fechou em alta nesta terça-feira, favorecido pelo alívio na curva futura de juros em meio a uma certa melhora na percepção de risco fiscal do país, enquanto Itaú Unibanco avançou quase 3% após resultado no terceiro trimestre, em sessão cheia de balanços sob os holofotes.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,71%, a 119.268,06 pontos; na quinta alta consecutiva. Na máxima do dia, chegou a 119.576,62 pontos. Na mínima, na parte da manhã, cedeu a 118.026,33 pontos. O volume financeiro somou R$ 28,3 bilhões.
Na visão do assessor da Blue3 Investimentos Rafael Gamba, o pregão brasileiro encontrou apoio em expectativas de o governo brasileiro não alterar a meta de déficit fiscal zero em 2024, assim como no avanço da reforma tributária no Senado, com aprovação do texto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Preocupações com o quadro fiscal do país tinham voltado a pressionar a bolsa paulista nos últimos pregões após declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que o objetivo para o próximo ano dificilmente será alcançado, o que abriu espaço para especulações de mudança na meta.
Fontes a par das negociações, contudo, afirmaram à Reuters que o governo não enviará ao Congresso uma mensagem para modificar a meta e manterá, ao menos por enquanto, a busca pelo déficit zero para dar tempo ao ministro da Fazenda de negociar a aprovação de medidas que ampliam a arrecadação.
Ainda, a Comissão Mista de Orçamento aprovou nesta terça-feira o parecer preliminar do deputado Danilo Forte (União-CE) à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) mantendo a previsão de déficit zero para 2024, enquanto o presidente da Câmara dos Deputados disse que todo o esforço da Casa é para que o ministro da Fazenda cumpra a meta fiscal zero no próximo ano.
As notícias, combinadas com o declínio dos rendimentos dos títulos do Tesouro nos Estados Unidos, trouxeram alívio à curva de DI, o que fortaleceu ações de empresas sensíveis a juros, com o índice de consumo da B3 avançando 2,91%, enquanto o do setor imobiliário subiu 3,11%.
A pauta do dia ainda destacou a ata da última decisão de política monetária no Brasil, na semana passada, quando a Selic foi reduzida a 12,25% ao ano, com o Banco Central afirmando no documento justamente que vê maior incerteza sobre a capacidade de o governo em cumprir suas metas fiscais.
Wall Street corroborou a performance brasileira, com o S&P 500, uma das referências do mercado acionário norte-americano, fechando em alta de 0,28%.
Destaques
– ITAÚ UNIBANCO PN avançou 2,80%, a R$ 28,98, após reportar lucro líquido recorrente de R$ 9,04 bilhões no terceiro trimestre deste ano, alta de 11,9% frente ao mesmo período de 2022. O CEO ainda sinalizou a possibilidade de aumentar o retorno aos acionistas. BRADESCO PN subiu 2,64%, a R$ 15,15.
– MAGAZINE LUIZA ON saltou 23,78%, a R$ 1,77, e CASAS BAHIA ON disparou 11,76%, a R$ 0,57, ajudadas pelo alívio na curva de DI, que beneficiava ações sensíveis a juros de modo geral. Alguns operadores também citaram efeito de “short squeeze”. Até a véspera, Magalu acumulava queda de 47,8% em 2023, enquanto Casas Bahia perdia 75,7%.
– VIBRA ON fechou com elevação de 5,61%, a R$ 21,64, tendo no radar o balanço da distribuidora de combustíveis mostrando lucro líquido de R$ 1,26 bilhão no terceiro trimestre, revertendo prejuízo de R$ 61 milhões no mesmo período do ano anterior, em desempenho ajudado por melhores resultados operacional e financeiro, além da venda da ESgás. O CEO da companhia também afirmou que a Vibra quer voltar a crescer em volume de vendas gradualmente.
– TIM ON valorizou-se 3,11%, a R$ 16,57, após divulgar lucro líquido normalizado de R$ 724 milhões no terceiro trimestre, avanço de 53% ante o mesmo período no ano anterior, com desempenho sólido nas frentes financeiras, operacional e comercial. A operadora de telefonia também elevou a previsão de retornos a acionistas em 2023, citando desempenho da companhia no ano e solução de conflito com a ex-rival Oi.
– VALE ON caiu 1,99%, a R$ 70,08, conforme os preços do minério de ferro caíram nesta terça-feira, com os investidores ainda cautelosos depois que a Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) disse que limitaria os volumes de negociação dos contratos futuros do principal ingrediente da fabricação de aço. O contrato da commodity mais negociado no pregão da DCE encerrou o dia com queda de 0,48%, a 923,5 iuanes (US$ 126,81) a tonelada.
– PETROBRAS PN recuou 1,66%, a R$ 34,92, acompanhando o recuo do petróleo no exterior, com o barril de Brent encerrando negociado em baixa de 4,19%, a US$ 81,61. O CEO da companhia também disse nesta terça-feira que a Petrobras planeja elevar investimentos “em tudo” no próximo Plano Estratégico para o período de 2024 a 2028, previsto para ser publicado neste mês, inclusive na área socioambiental.
– GERDAU PN perdeu 1,38%, a R$ 22,80, com o CEO da companhia afirmando nesta terça-feira ser “urgente” a necessidade de o governo criar imposto de importação de 25% sobre aço que tem chegado ao país em grandes volumes neste ano. O alerta foi feito um dia após a Gerdau reportar lucro líquido ajustado de R$ 1,6 bilhão no terceiro trimestre, queda de 47,3% em comparação ao mesmo período do ano passado. A Gerdau também anunciou R$ 822,2 milhões em dividendos.
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