Editorial

Regressão a ser contida

Regressão a ser contida
Crédito: Freepik

As importações de aço chinês, que apenas no corrente ano já cresceram 58%, definitivamente não será mais um daqueles assuntos que simplesmente são varridos para debaixo de algum tapete em Brasília e, assim, esquecidos. Voltando no tempo, aos anos 30, pouco mais, pouco menos, do século passado, verificaremos que a expansão e modernização do parque industrial brasileiro, processo que rendeu bons resultados 40 anos mais tarde, começou exatamente com a siderurgia. Foi a base, o ponto de partida, para a diversificação que veio mais tarde, inclusive com a indústria automotiva um dia chamada de “locomotiva” do crescimento brasileiro.

Um passado que, verifica-se agora, parece ter nos ensinado muito pouco. É o que se pode concluir não só do processo de desindustrialização em andamento, mas, particularmente, do que ocorre no setor siderúrgico, que pode não resistir à ofensiva em curso. E não terá como, sem consciência do que se passa e das proporções das ameaças, bastando ter em conta que apenas a parcela da produção chinesa – 100 milhões de toneladas – destinada à exportação representa exatamente o dobro do total da produção brasileira. É o que nos está sendo contado e bem demonstrado pela Gerdau em relatório encaminhado há pouco aos acionistas da empresa.

Diz o documento, em parte já reproduzido neste jornal: “O Brasil tem que fazer uma escolha, se quer exportar minério para a China para que ele volte como aço subsidiado para o Brasil, gerando emprego e renda na China, ou se o aço será produzido no Brasil, gerando emprego e renda aqui”. É uma escolha que cabe a todos nós”.

Nada disso corresponde a divagações ou especulações acerca de um futuro remoto. Remetem sim a decisões imediatas, relativas a investimentos no parque siderúrgico brasileiro já a partir do próximo ano. Da mesma forma que pode ser mais um capítulo do processo de industrialização brasileira, acentuado e acelerado justamente a partir do momento em que a indústria local se revelou incapaz de concorrer com a ampla oferta chinesa. E tudo isso, como bem acentua a Gerdau e foi demonstrado antes pelo Instituto Aço Brasil, em contrariedade explícita às normas e recomendações da Organização Mundial de Comércio (OMC).

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E o caminho impositivo e imediato para uma reação proporcional ao tamanho da ameaça está na adoção de medidas protetivas, exatamente como já fizeram outros países, como o México, que já aplicou sobretaxa de 25% para o aço de procedência chinesa que entra no país. Ou fazemos o mesmo, e rapidamente, ou retroagimos aos anos 30, do século passado.

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