Onda de calor eleva o custo de empresas no País

São Paulo – As ondas de calor que vêm sendo registradas no País provocam impactos em diversas atividades da economia, que começam a colocar em prática medidas de contingência já existentes e planejam novas adaptações para um cenário de aquecimento prolongado.
O aumento brusco da temperatura altera o rendimento de motores de aviões, eleva os custos com ar-condicionado em escritórios, prejudica setores agrícolas e represa vendas de segmentos do varejo. Além de comprometer a produtividade dos trabalhadores, especialmente os que atuam ao ar livre em canteiros de obras e postos de vigilância, os efeitos do clima podem bagunçar a sazonalidade de alguns setores.
No caso da construção, historicamente, são os tempos de chuva que costumam provocar períodos de suspensão das obras de infraestrutura ao longo do ano, mas a incidência do sol intenso começa a mudar esse padrão, tirando produtividade em momentos em que antes funcionavam a pleno vapor.
Haruo Ishikawa, executivo do SindusCon-SP, que reúne as empresas de construção civil, afirma que o setor vem atuando com medidas de conscientização e prevenção como hidratação, protetor solar e paradas.
Segundo o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), Renato Correia, o setor se orienta por norma regulamentadora que estabelece os níveis de tolerância para exposição ao calor.
“Existem controles caso ultrapasse certos limites de temperatura. Tem controle por meio de ventilação, isolamento térmico, pausas e monitoramento de saúde. Vemos a exposição ao sol como um problema, não só pelo calor, mas pelo risco de doenças como o câncer de pele”, diz.
O setor também usa técnicas para mitigar os impactos sobre os materiais. Como a reação para endurecer o concreto libera calor, é preciso adicionar gelo para controlar a temperatura nos grandes volumes de material, de modo que a secagem aconteça mais lentamente, sem rachar o produto.
No setor aéreo, quando a temperatura do ar aumenta, sua densidade cai, o que reduz o volume de oxigênio que entra nos motores, impactando a potência e a performance de decolagem do avião, segundo a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear). De acordo com a entidade, não há riscos de segurança, mas pode significar redução de peso de decolagem de alguns voos, diminuindo a quantidade de passageiros ou carga.
Os efeitos do clima se espalham também por ramos como calçadista e de vestuário, que têm fragilidades na estimativa dos estoques. Quando as temperaturas atingem recordes, o desconforto térmico pode prejudicar o fluxo dos consumidores, segundo Edmundo Lima, da ABVTex, que representa grandes marcas do varejo têxtil. “No calor extremo, as pessoas evitam sair de casa”, diz.
Outros mercados sensíveis, como alimentos perecíveis e flores, exigem ajustes de produção e transporte.
Segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), os estabelecimentos elevaram a atenção no recebimento de perecíveis, priorizando as cargas sensíveis. (Joana Cunha)
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