Letra em Cena aborda obra de Ariano Suassuna

A última sessão da temporada 2023 do programa literário do Centro Cultural Unimed-BH Minas, o Letra em Cena, ocupará, hoje, às 19h, o teatro do complexo cultural com as letras de Ariano Suassuna (foto).
Na ocasião, o multiartista Antônio Nóbrega mostrará suas observações, análise e leituras da obra do poeta, romancista, ensaísta, dramaturgo, professor e advogado que tinha paixão pela cultura popular nacional. “Eu falo mais da popular porque ela é a mais discriminada. Eu me interesso pela cultura brasileira em geral e pela cultura universal”, disse Suassuna ao jornalista Gerson Camarotti, em 2012. Os ingressos gratuitos podem ser retirados no site da Sympla.
Um dos paraibanos mais recifenses do País, Ariano Suassuna foi eleito em 1989 para a cadeira nº 32 da Academia Brasileira de Letras, além de integrar as academias de letras de Pernambuco e Paraíba.
Suassuna nasceu em uma família com posses, seu pai, João Urbano Pessoa de Vasconcelos Suassuna, foi presidente do estado (que hoje é o governador) da Paraíba. Na revolução de 1930, ele foi assassinado e a família mudou-se para Taperoá, mais tarde para Campina Grande, ambas cidades na Paraíba. Foi na sua adolescência que se mudou para Recife e lá fez a sua graduação em direito, se tornando advogado em 1950. Nesse período, Suassuna criou sua primeira peça teatral, que foi laureada com o prêmio Carlos Magno, “Uma Mulher Vestida de Sol”. Tal espetáculo é inspirado no livro do Apocalipse e é considerado a primeira grande tragédia produzida no Nordeste. Em seguida, o autor criou, junto a Hermilo Barbosa Filho, o “Teatro do Estudante de Pernambuco”. Ainda estão no catálogo de suas obras, “O santo e a porca”, de 1958, “O auto da compadecida”, de 1955, entre tantas belezas.
Suassuna disse, em entrevista para Gerson Camarotti, que suas influências na literatura são Dostoievski, Calderón de la Barca, Proust e Molièr. Porém, sua obra é reconhecida por falar do Brasil e sua forma mais sincera. Em 1956, o autor virou professor de estética na Universidade Federal de Pernambuco e abandona a advocacia. “Não sei se você reparou, mas eu tenho essa ligação profunda com o rural. Eu acho que o universo de um escritor se forma na infância/adolescência. O que ele vive nessa época é o fundamento do seu universo de escritor”, disse Suassuna ao jornalista Camarotti.
Armorial
Nos anos 1970, Suassuna criou o Movimento Armorial, que tem como objetivo ser um preceito estético que entende que é preciso criar a partir de elementos realmente originais da cultura popular do País, pode-se, portanto, dizer que o autor é um ufanista. O Armorial inclui diversas manifestações artísticas, como a música, a dança, as artes plásticas, a literatura, o teatro, o cinema, etc. “Sou a favor da internacionalização da cultura, mas não acabando as peculiaridades locais e nacionais”, disse Suassuna.
Dessa forma, o escritor se coloca como um guardião da cultura popular. “Uma coisa que me preocupa muito na cultura de massa (…) é que ela nivela pelo meio termo, pelo gosto médio, que pra mim é pior do que mau gosto. Tá entendendo?”, revelou ao jornalista Gerson Camarotti.
Uma das ações de Suassuna na difusão da cultura nacional e na sua vocação artística foram as aulas-espetáculos, realizadas a partir de 1995, quando assumiu, no governo de Miguel Arraes, a Secretaria Estadual de Cultura do Recife. Por meio de causos contados com detalhes, Suassuna defendia a cultura nacional, suas características mais marcantes. Uma de suas célebres frases é: “Arte para mim não é produto de mercado. Podem me chamar de romântico. Arte para mim é missão, vocação e festa”.
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