Arte de Julia Geiser desembarca em BH

As impactantes obras da artista suíça Julia Geiser chegam ao Brasil pela primeira vez para ocupar a PQNA Galeria Pedro Moraleida, no Palácio das Artes. A exposição “O Corte e o Fio” ficará aberta ao público a partir da próxima sexta-feira (24) a 14 de janeiro de 2024 (domingo), com 27 imagens criadas pela ilustradora, conhecida pelas capas de livros e pela interface com áreas e técnicas como o design, a colagem e a linguagem editorial. A galeria fica aberta de terça-feira a sábado, das 9h30 às 21h, e no domingo, das 17h às 21h. A entrada no espaço é gratuita, e a classificação da exposição é livre.
Julia Geiser vive e trabalha em Berna, capital da Suíça. Com formação acadêmica na área do design, a artista começou a trabalhar com o método de colagem em 2012, e vem desenvolvendo importante trabalho como capista para a editora brasileira Âyiné há dez anos. No início da sua carreira artística, a especialização em colagem, aliada a uma linguagem visual reconhecível, ajudou-a a ganhar atenção na internet, o que lhe permitiu realizar exposições e publicações.
A atenção inicial trouxe a ela encomendas para criar ilustrações de todo o mundo, e entre seus clientes estão o jornal alemão Die Zeit e o inglês The Economist. Para suas ilustrações, a artista usa apenas fotos da internet. A digitalização de imagens e a sua disponibilização através de iniciativas comuns foram as condições que tornaram o seu trabalho possível. O voyeurismo on-line se torna uma inspiração para ela e, dessa forma, seu trabalho alcança um terreno mais amplo, tornando-se um debate sobre direitos e licenças, privacidade e bens comuns, propriedade e leis. Através de seu trabalho, desenvolveu um grande interesse por processos na internet, que também vem explorando em outros contextos.
Tridimensionalidade
Trabalhando a concretude e a tridimensionalidade dos corpos, muitas vezes sob um aspecto biológico, as ilustrações de Julia Geiser causam um grande impacto tanto pelo realismo quanto pela interação entre humanos, animais e os objetos e ambientes que estão no entorno. Geralmente com cores pouco saturadas e uma textura granulada que remete a gravuras mais antigas, as imagens que estarão na exposição foram feitas nos últimos 11 anos pela artista e impressionam pelo uso de elementos ora desconcertantes e muito palpáveis, ora pelos simbolismos repletos de abstração.
“As imagens dela têm uma atmosfera muito pictórica. Ela produz digitalmente uma profundidade de campo e cenas que aglutinam componentes de uma forma próxima à pintura. É também interessante notar que o trabalho dela se desenvolve 100% a partir de imagens encontradas na internet, mas são imagens de procedências muito distintas, desde registros históricos a acervos digitalizados. É um trabalho de pesquisa muito intenso e incansável, que a torna uma colecionadora de imagens”, destaca a curadora da exposição, Daniella Domingues.
Com uma formação muito ampla, além do trabalho como professora, a artista tem uma trajetória de produção voltada para a ilustração editorial que foge do padrão frequentemente visto. Daniella Domingues explica que muitas vezes os ilustradores se mantêm em uma posição de produzir imagens que estão submetidas ao título, ao texto e ao autor, gerando capas que abordam o tema do livro nesta tradução para a imagem de uma forma muito literal.
A exposição traz uma seleção bastante ampla de trabalhos, que propõem uma outra experiência de observação das imagens, em uma dimensão diferente, a partir de uma expografia que “brinca” com vários formatos, desde aqueles mais próximos dos livros, até a extrapolação com ampliações bem mais perceptíveis das obras.
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