Para o bem, para o mal

Numa rotina que vai se repetindo preocupantemente, notícias que vêm da Argentina dão conta de que também por lá o processo eleitoral encerrado no domingo foi contaminado pela larga utilização da parafernália eletrônica que vai se transformando em ameaça de proporções ainda desconhecidas para todos e tudo. E no caso presente com o uso também em larga escala de ferramentas da chamada inteligência artificial, capazes de alterar a realidade conforme a conveniência de quem as utiliza.
Independentemente do que se passa no país vizinho, de seu destino ou das preferências de cada um, com a escalada de uma divisão que tem muito de falso e de artificial, há que compreender, enquanto ainda é possível, as proporções da ameaça e dos riscos que a todos alcança.
Reflexões que nos remetem à Web Summit, maior encontro de tecnologia e inovação realizado na Europa, que acaba de acontecer em Lisboa, Portugal, tendo como um dos eixos das discussões exatamente a inteligência artificial. Melhor e mais especificamente, como regular essa tecnologia sem causar danos sensíveis à inovação, muito menos demonizá-la. Sem que estivessem presentes quaisquer das empresas que desenvolveram e operam esta tecnologia, o que é um tanto sintomático e reforçam a ideia de que mais e mais elas se comportam como se estivessem acima do bem e do mal, o Web Summit, as discussões foram lideradas por pesquisadores, cientistas, representantes de governos e empresas independentes.
Para esse grupo bastante seleto, o importante é não fingir que nada está acontecendo ou que não existem ameaças, enquanto a regulamentação, o estabelecimento de regras e de limites, deveria ser uma discussão coletiva e independente. Trata-se de entender exatamente como a tecnologia funciona e onde estão os pontos de avanço e inovação, assim como as ameaças potenciais, sobretudo a quebra de confiança, atributo inerente a todos os sistemas que têm como principal suporte, ou ponto de partida, a internet. Nesse rol, as fake news e, agora, digamos, a realidade paralela que pode ser criada com auxílio da inteligência artificial simplesmente não podem escapar a regras e controles eficazes.
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Resumindo e para concluir, a conclusão geral pode ser resumida no reconhecimento de que estamos todos diante de avanços tecnológicos que podem ser determinantes e positivos para o futuro, desde que aconteçam num ambiente e sob regras que protejam as pessoas e os Estados. Outro caminho, ainda que por horas desconhecido, bem poderá ser algo como um mergulho nas trevas.
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