Exemplo a ser imitado

No final da Segunda Guerra Mundial, meados do século passado, os Estados Unidos emergiram como potência mundial, dividindo poder com a então União Soviética, um sistema bipolar que dividiu o planeta. Uma construção militar, econômica, política que os norte-americanos cuidaram de consolidar com sofisticadas técnicas de propaganda e marketing e do qual o melhor símbolo é Hollywood. Nada por acaso, tudo intencional em “líder do mundo livre” ou uma espécie de xerife com jurisdição autoatribuída e de caráter universal. E assim tem sido, pelo menos para o lado de cá, a banda do mundo à qual este estado foi imposto, sem que sequer caiba aos demais indagar onde, exatamente, ficam seus próprios interesses.
Ou preferirem, como fez em 1964 o então embaixador brasileiro em Washington, Juracy Magalhães, afirmando que “o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”. Não necessariamente, claro, valendo a respeito chamar atenção para uma outra afirmação, esta de 2019: “Americano pensa em americano em primeiro lugar, pensa em americano em segundo lugar, pensa em americano em terceiro lugar, pensa em americano em quarto lugar e se sobrar tempo pensa em americano. E ficam os lacaios brasileiros achando que os americanos vão fazer alguma coisa por nós. Quem tem que fazer por nós, somos nós.”
A frase do presidente Lula encerra uma verdade absoluta, traduzindo realidade bem comprovada ao longo da história. Mais, muito provavelmente representa o único aspecto em que existe coerência com a fala do então embaixador Juracy Magalhães. Os Estados Unidos, do ponto de vista interno e de seus próprios interesses, não estão errados, fazem assumidamente o que lhes convêm, ainda que quase nunca da melhor maneira. E é nesse sentido um bom exemplo para o Brasil, algo a ser copiado aqui tanto quanto em qualquer outra parte do mundo. Bem seria o caso de mudar uma outra frase muito conhecida: “Faça o que eu digo, mas não faça o que faço”.
Houvesse claro entendimento quanto aos direitos de cada um, bem como de seus limites e tudo poderia ser melhor, ensejando inclusive colaboração verdadeira e desprendida, no entendimento elementar de que prosperidade pode ser bom para todos, da mesma forma que se guerra é manifestação da barbárie, paz será sempre o equivalente ao triunfo da inteligência. Tudo isso sem que se esqueça, como muito bem disse o presidente Lula que “quem tem que fazer por nós somos nós”.
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