Jeep Commander Longitude é bem equipado

Desde 2015, a FCA e, posteriormente, a Stellantis, produz modelos Jeep e Fiat na unidade de Goiana (PE).
Os SUVs da Jeep (Renegade, Compass e Commander), assim como a picape Fiat Toro, são grandes sucessos em nosso mercado.
Concorrendo entre os SUVs com sete lugares e contando, inicialmente, apenas com as versões Limited (intermediária) e Overland (topo de linha), ambas com motorização bicombustível ou a diesel, o Commander chegou abocanhar até 70% de participação desta categoria.
Mesmo assim, em junho deste ano, a Jeep lançou uma versão de entrada para o modelo, a Longitude.
O Veículos recebeu o Jeep Commander Longitude T270 para avaliação. Essa versão é equipada, exclusivamente, com o motor turbo 1.3 bicombustível, câmbio automático de seis (6) marchas e tração 4×2.
Seu preço sugerido no site da montadora é R$ 232,29 mil, valor para as quatro cores disponíveis, todas combinadas com o teto na cor preta.
O Commander Longitude é completo de série, não tendo opcionais. Seus principais equipamentos são: central multimídia de 10,1 polegadas com GPS TomTom nativo; quadro de instrumentos full digital e HD de 10,25 polegadas; ar condicionado dual zone com saída para a segunda fileira e ajuste da velocidade da ventilação; banco com ajustes elétricos para o motorista (8 posições); retrovisores externos com rebatimento elétrico; abertura elétrica do porta-malas com sensor de presença; chave presencial Keyless Enter’n Go; partida remota pela chave, bancos e painéis revestidos com material sintético que imita o couro e camurça e rodas de liga leve de 18 polegadas calçadas com pneus 235/55 R18.
Essa versão de entrada tem muitos equipamentos de segurança. São eles: monitoramento de pontos cegos; sistema de estacionamento semiautônomo (Park Assist); ABS; seis airbags; controle de estabilidade (ESC); controle de tração e de tração avançada (TC+); controle eletrônico anticapotamento; sistema auto hold; assistente de partida em aclive; controle automático dos freios em descida íngreme; faróis dianteiros, de neblina, DRL e lanternas em LED; sensores de chuva e crepuscular, além do espelho interno eletrocrômico.
Motor e câmbio
O Commander Longitude é equipado com o motor GSE 1.3 turbo bicombustível.
Seu grande diferencial é o sistema de variação de abertura das válvulas de admissão. Denominado MultiAir III, este conjunto eletro-hidráulico faz uma ligação totalmente controlável entre o eixo de comando e as válvulas permitindo variações de abertura em período, amplitude ou, até mesmo, em frequência.
O seu torque máximo atinge 27,5 kgmf às 1.750 rpm com ambos os combustíveis, o que corresponde a 270 Nm (Newton metro), número que batiza o propulsor comercialmente. Sua potência chega aos 185/180 cv às 5.750 rpm, com etanol e gasolina, respectivamente.
O câmbio é automático convencional com conversor de torque e seis (6) marchas. Ele oferece programação Sport e seleção entre automático e manual com possibilidade de comutação das marchas pela alavanca ou por aletas atrás do volante.
O conjunto conta com o Jeep Traction Control+, sistema de bloqueio que trava a roda motriz sem aderência com o solo para que a outra tracione em transposição de obstáculos.
O Commander Longitude tem 4,77 metros de comprimento; 2,79 metros de distância entre-eixos; 1,86 metro de largura e 1,68 metro de altura.
Suas medidas para o fora de estrada são: vão livre de 208 mm; 20,1° de ângulo de entrada; 22,2° de ângulo de saída e 21,1° de ângulo central.
Interior
O interior do Compass, após sua reestilização, foi usado no Commander. Apenas algumas peças foram redesenhadas, redimensionadas para acompanharem o ganho em comprimento da carroceria.
Acabamentos metálicos e revestimentos também foram melhorados para ampliarem a percepção de qualidade dentro da cabine.
Porém, a grande diferença interna do Commander, em comparação ao Compass, são os bancos traseiros. Os da segunda fileira são bipartidos e se deslocam 14 cm sobre trilhos.

Os dois localizados no porta-malas são escamoteáveis e independentes. Todos os encostos destes bancos reclinam alguns graus para acomodar melhor os passageiros.
O espaço nos bancos dianteiros é amplo, idêntico ao do Compass. Na segunda fileira, ele pode ser ampliado para aproveitar a maior distância entre-eixos ou reduzido ao mínimo necessário, visando dar mais comodidade aos passageiros do fundão.
Na terceira fileira o piso é alto, pois, sob ele, estão o tanque de combustível e a roda sobressalente.
Mesmo bem apoiados nestes bons bancos individuais, adultos ficam com os joelhos muito altos. Essa fileira extra é mais apropriada para pessoas de baixa estatura ou crianças, como na maioria dos SUVs de sete lugares.
Inclusive, o acesso a estes bancos exige força e flexibilidade para entrar e, também, para sair.
Segundo a Stellantis, com os sete bancos ocupados, o espaço de bagagem do Commander é de 233 litros. Com cinco pessoas a bordo, o porta-malas comporta 661 litros.
Com apenas duas pessoas na frente, o espaço traseiro é de 1.760 litros. Seu tanque de combustíveis comporta 61 litros e o modelo pode transportar até 540 kg de carga útil.
Diferenças
Externamente, são duas as diferenças visuais entre a versão intermediária Limited T270 e a Longitude, de entrada.
As rodas herdadas do Compass Longitude são pintadas em prata e não têm partes diamantadas. Essa versão de entrada não tem um emblema que a identifique, como existe nas outras versões.
Internamente, as duas versões são iguais. A parte central do painel, o console central e os encostos e os apoios das portas são revestidos no mesmo material sintético na cor preta usado nos bancos e contam com enchimento macio ao toque.
Todos os sete bancos recebem, além deste material, partes em camurça e padronagem canelada nos encostos e assentos.
A supressão de alguns equipamentos existentes na versão Limited, principalmente entre os recursos do Adas (Advanced Driver Assistance Systems), permitiu à Jeep precificar o Commander Longitude R$ 19.400 abaixo da Limited.
Os itens suprimidos são: aviso de colisão frontal com frenagem de emergência; aviso de mudança de faixas; piloto automático adaptativo; comutação automática dos faróis; detector de fadiga do motorista; reconhecimento de placas de trânsito; airbag de joelho para o motorista; carregador wireless e o sistema de conectividade Adventure Intelligence.
Mas, todos os equipamentos remanescentes na versão Longitude são os mesmos da Limited, deixando-a muito bem equipada.
Tecnologias
O quadro de instrumentos full digital é configurável, tem gráficos visíveis, informações completas e corretamente intercaladas.
Ativo, o sistema se altera automaticamente para priorizar informações em momentos que elas precisam ser destacadas de outras menos relevantes, algo raro e que amplia a segurança ao trafegar.
A central multimídia tem o melhor conjunto do mercado, pois sua tela é grande, tem alta definição, boa sensibilidade ao toque e seu processador é rápido.
Além do GPS embarcado, das informações do veículo e todos os sistemas de áudio e telefonia, também está presente uma tela dedicada à operação do ar-condicionado, apesar deste possuir botões físicos para essas funções.
Digital, automático e com dupla regulagem de temperatura, este sistema sofre por dois motivos.
Primeiro, a cabine é muito grande e exige um árduo trabalho para resfriá-la, principalmente porque o motor 1.3 já está no limite da sua capacidade.
Como se não bastasse, as discretas e belas saídas de ar do modelo são muito estreitas, limitando a capacidade de vazão do sistema.
Não por acaso, as saídas traseiras receberam um motor dedicado para aumentar a ventilação, recurso que ameniza essa limitação e também ajuda refrigerar a terceira fileira.
Entre as perdas do Adas, houve uma exceção, o sensor de presença no ponto cego. Ele atua constantemente notificando com maior ou menor intensidade, conforme o grau de risco de colisão.
Extremamente útil, consideremos este recurso o segundo mais vital, logo após a frenagem automática de emergência, um dos recursos suprimidos.
Aparentemente, os para-choques do Commander já são injetados com as furações dos sensores que monitoram o estacionamento autônomo e as presenças em pontos cegos.
Já que não fariam novas matrizes para injetar peças sem essas furações, mantiveram ambos os recursos, deixando a versão ainda mais equipada.

Utilitário esportivo se mostrou muito confortável e silencioso
Ao volante, o Commander é mais confortável do que o Compass. Como a distância entre eixos é maior, e existe mais peso após o eixo traseiro, a sua carroceria trabalha em frequências mais baixas, tratando melhor os ocupantes.
A segunda diferença perceptível é o silêncio a bordo. O atrito dos pneus e o ruído do vento contra a carroceria quase não invadem a cabine, indicando melhorias no isolamento acústico.
Referência em todos os modelos Jeep, as suspensões filtram as irregularidades do solo muito bem, pois quase não transmitem vibrações para a cabine.
Bem dimensionado, o conjunto trabalha em silêncio e não aparenta sofrer, mesmo sobre pisos muito irregulares. Os pneus 235/55 R18 ajudam no amortecimento primário, deixando o rodar mais macio do que na versão Overland, calçada com pneus 235/50 R19.
Mesmo sendo confortável e silencioso, o controle direcional do Commander é preciso para um carro alto e pesado.
Ele não aderna muito em curvas e, apesar dos pneus cantarem um pouco, o modelo não tende a sair de frente ou traseira, se mantendo neutro em uma condução responsável, compatível com a sua proposta familiar.
A direção elétrica garante leveza em manobras e perde assistência mais progressivamente do que o usual para um modelo da Stellantis.
Em velocidades médias e altas, o peso fica condizente com o deslocamento e a resposta ao esterço aparenta ser o mais direta possível, considerando que um SUV pesado não pode ser tão arisco nessas manobras.
Aproveitado ao extremo, o motor GSE 1.3 tem números impressionantes para um bloco pequeno, mas sofre um pouco neste SUV de 1.685 kg.
Sua relação peso/potência é de 9,2 kg/cv, e a peso/torque é de 61,2 kg/kgfm. Mesmo assim, a Jeep declara que ele acelera de 0 a 100 km/h em apenas 9,5 segundos e atinge a velocidade máxima de 202 km/h, abastecido 100% com etanol.
Cotidiano
No uso cotidiano, o desempenho do Commander Longitude foi condizente com essas relações descritas acima e ele se mostrou até mais esperto do que o esperado para o seu tamanho, mas nada esportivo.
Como conforto é uma das suas maiores virtudes, andando em velocidades de cruzeiro se extrai o melhor deste SUV.
Observamos que a Jeep conseguiu calibrar motor e câmbio para o Commander 1.3 fazer trocas suaves em situações tranquilas de tráfego, mas, também, para responder prontamente quando exigido.
Com curso total do acelerador, as marchas são trocadas às 6.000 rpm, caso o SUV possa manter a aceleração.
Se necessário, em uma subida mais acentuada, por exemplo, o sistema retém as marchas por mais tempo às 6.200 rpm para garantir desempenho máximo em situações extremas.

Consumo
Em nossos testes padronizados de consumo, circulando apenas com etanol no tanque, o Commander Longitude não foi muito econômico, mas isso já era esperado para um carro tão pesado e equipado com um motor de apenas 1.332 cc de deslocamento.
No circuito rodoviário, realizamos duas voltas de 38,4 km, uma mantendo 90 km/h e outra os 110 km/h, sempre conduzindo economicamente.
Na volta mais lenta, o Commander Longitude registrou 12,2 km/l e, na mais rápida, 11,2 km/l. Essa pequena diferença no consumo mostra que circulando mais rápido, proporcionalmente, o deslocamento por inércia é mais eficiente do que na velocidade mais lenta.
No teste de consumo urbano rodamos por 25,2 km em velocidades entre 40 e 60 km/h, realizamos 20 paradas simuladas em semáforos com tempos cronometrados entre 5 e 50 segundos e vencemos 152 metros de desnível entre o ponto mais baixo e o mais alto do circuito.
Nessas severas condições, o Commander Longitude atingiu uma média de 6,3 km/l, apesar de o modelo contar com o sistema stop/start que funcionou em todas as paradas.
Essa faixa de preço do Commander Longitude recebeu, recentemente, alguns concorrentes mais equipados e, até mesmo, alguns híbridos, principalmente chineses.
Porém, estes não comportam sete ocupantes e não têm a confiabilidade e o prestígio da marca Jeep.
Para quem quer um modelo que foi projetado para levar dois passageiros extras e que é mais confortável do que seus adversários diretos, o Commander Longitude tem um preço imbatível no mercado nacional.
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