Ibovespa avança após Powell e fecha acima dos 128 mil pontos; Braskem recua

São Paulo – O Ibovespa fechou em alta nesta sexta-feira, acima dos 128 mil pontos pela primeira vez desde 2021, após ganhar fôlego à tarde com os comentários do chair do Federal Reserve de que o banco central dos EUA deve agir com “cuidado”, enquanto Braskem caiu cerca de 6% diante do risco de colapso de mina desativada da empresa em Maceió.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,67%, a 128.184,91 pontos, termiando na máxima do dia e marcando o maior patamar de fechamento desde 14 de julho de 2021. Na mínima, cedeu a 126.655,67 pontos. O volume financeiro somou R$ 26,8 bilhões. Na semana, o Ibovespa acumulou elevação de 2,13%, registrando a sexta alta semanal seguida.
Nos Estados Unidos, em discurso para um evento da faculdade Spelman, o chair do Fed, Jerome Powell, disse que os riscos de o Fed ir longe demais com as altas de juros e desacelerar a economia norte-americana mais do que o necessário tornaram-se “mais equilibrados” em relação àqueles de não agir o suficiente para controlar a inflação.
“Tendo chegado tão longe tão rapidamente, o (Comitê Federal de Mercado Aberto) está avançando com cuidado, à medida que os riscos de apertar pouco ou muito estão se tornando mais equilibrados”, afirmou Powell.
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Em um mercado que acredita cada vez mais no fim do ciclo de aperto monetário nos EUA e já começa a especular sobre cortes – talvez no segundo semestre de 2024, quiçá ainda na primeira metade do próximo ano -, as declarações se traduziram em queda nos rendimentos dos Treasuryes e alta nas bolsas em Nova York.
No final do dia, o rendimento do Treasury de 10 anos marcava 4,2128%, de 4,35% na vespéra, ainda mais distante do pico do ano, de outubro, quanto bateu 5%. O S&P 500 fechou com elevação de 0,59%.
O Ibovespa, que chegou a titubear na parte da manhã, após encerrar novembro com a melhor performance mensal em três anos, ganhou fôlego com a movimentação externa. As apostas de que o ciclo de altas de juros nos EUA terminou têm estimulado a presença de estrangeiros na ponta compradora na bolsa paulista.
Dados da B3 mostram uma entrada líquida de 18,48 bilhões de reais em novembro até o dia 29, após três meses em que os estrangeiros venderam mais do que compraram ações no mercado secundário brasileiro. Deve ser o maior saldo mensal no ano até o momento, ultrapassando os 12,55 bilhões de reais de janeiro.
Estrategistas da XP chefiados por Fernando Ferreira elevaram a estimativa de valor justo para o Ibovespa no próximo ano para 142 mil pontos, de 136 mil pontos anteriormente, conforme o relatório Raio XP enviado a clientes nesta sexta-feira.
Analistas do Itaú BBA afirmaram que o mês de novembro foi excelente para os ativos de risco, e que a dúvida que fica no ar é se esse rali continuará no mês de dezembro. “As sinalizações técnicas apontam que sim, com alvo inicial para o Ibovespa em 131.200 pontos”, afirmaram no relatório Diário do Grafista.
Destaques
– VALE ON avançou 1,86%, a R$ 75,22, endossada pela alta dos futuros de minério de ferro na Ásia, onde o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian, na China, encerrou as negociações diurnas em alta de 2%. Em Cingapura, o minério de ferro de referência subiu 0,9%.
– BRASKEM PNA perdeu 5,85%, a R$ 18,01, em queda forte pelo segundo dia (-6,5% na véspera), em meio a preocupações com uma mina desativada da petroquímica em Maceió. Na véspera, a empresa revelou nova ação de autoridades federais e de Alagoas sobre os danos causados por movimentação do solo na capital alagoana. Nesta sexta-feira, o ministro dos Transportes, Renan Filho, defendeu que a empresa acelere os trabalhos de estabilização do solo.
– EMBRAER ON subiu 6,23%, a R$ 22,84, engatando a terceira alta seguida, apoiada em novos pedidos anunciados recentemente e perspectivas positivas para 2024.
– SUZANO ON caiu 3,76%, a R$ 51,76, em dia negativo para o setor, com KLABIN UNIT perdendo 6,25%, após ter a recomendação rebaixada por analistas do Itaú BBA para “underperform”. Mais cedo, a Suzano estimou investimento de R$ 14,6 bilhões em 2024, ante expectativa de desembolsos de R$ 18,5 bilhões neste ano.
– CIELO ON avançou 7,96%, a R$ 4,34, na quarta alta seguida, fechando em uma máxima desde o começo de agosto.
– MAGAZINE LUIZA ON valorizou-se 7,43%, a R$ 2,17, apoiada pelo forte alívio na curva de DI, com GRUPO SOMA ON também se destacando e fechando em alta de 7,37%, a R$ 6,41.
– PETROBRAS PN recuou 0,67%, a R$ 35,67, em sessão de fraqueza dos preços do petróleo, enquanto agentes financeiros também seguiram repercutindo mudanças no estatuto da companhia aprovadas em assembleia de acionistas nessa semana. No exterior, o barril de Brent fechou em baixa de 2,45%.
– ITAÚ UNIBANCO PN cedeu 0,24%, a R$ 31,50, em dia de ajustes após desempenho mais forte na véspera. Acionistas do banco aprovaram na quinta-feira uma reorganização societária que engloba a cisão total do Itaú BBA e a incorporação das parcelas cindidas pela holding e pela Itaú BBA Assessoria Financeira. BRADESCO PN subiu 0,31%, a R$ 16,32.
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