Minas é o que conta

O governador de Minas Gerais será sempre potencialmente candidato à Presidência da República e quem, na condição de inquilino do Palácio da Liberdade, dizer o contrário muito provavelmente estará faltando com a verdade. Um entendimento que com certeza se aplica ao governador Romeu Zema, que, como também tem sido bastante comum nessas circunstâncias, publicamente não confirma nem desmente a possibilidade, mas nos bastidores parece trabalhar com objetivos bastante claros, talvez com a ambição de se apresentar como candidato da direita. Seria esta a razão de ser de seu oscilante alinhamento com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Respostas mais precisas virão com o tempo.
Por enquanto, entre outras tarefas compete ao governador mineiro encontrar uma saída para a dívida que o Estado acumulou junto à União, num montante que bem pode ser chamado de impagável e por isso mesmo de difícil negociação. Os termos colocados e por suposto em negociação representam, para simplificar, uma camisa de força que o Estado não pode e não deve se sujeitar, sendo impositiva a mudança de direção algo que requer argumentação, suporte técnico consistente e, na mesa, a decantada habilidade política que dizem ser própria dos mineiros.
Não é o que parece estar acontecendo, com a politização do tema ganhando a sua pior vertente, algo do que o governador Zema parece não se dar conta, sobretudo ao dificultar o entendimento que poderia ser construído a partir do Senado, com valiosa participação do também mineiro senador Rodrigo Pacheco. O ministro Fernando Haddad, da Fazenda, normalmente discreto nas suas manifestações, subiu de tom para apontar nessa direção e afirmar que o governador está dificultando o que deveria facilitar. E avançou mais ao afirmar que Zema teve cinco anos de alinhamento com o governo anterior e não soube aproveitar a circunstância, além de receber uma conta que girava em torno de R$ 100 bilhões, não fazer nada e assim transformá-la em R$ 160 bilhões.
Para o Palácio da Liberdade, não dá para fazer de conta que Haddad não foi ouvido ou que não mereça consideração, da mesma forma que as pontes que Rodrigo Pacheco tenta pôr de pé não podem ser tratadas simplesmente como novas peças do varejo político. O tamanho da dívida, o tempo transcorrido e próximo do esgotamento, além dos termos propostos, exigem movimento, vale dizer, convergência e nunca divergência, tudo isso bem acima dos espaços políticos que as partes pretendam ocupar. Não pode ser diferente quando em jogo está o futuro de Minas Gerais.
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