Variedades

“Banho de Sol” volta a ser encenado na Capital

Sucesso de bilheteria, o projeto da Zula Cia. De Teatro tem apresentação única na próxima sexta (15), no Sesc Palladium
“Banho de Sol” volta a ser encenado na Capital
Crédito: Guto Muniz

Há algo de único na relação criada pelo espetáculo “Banho de Sol” e o público belo-horizontino e nacional que vem acompanhando a trajetória da peça desde sua criação em 2019. As salas de teatro sempre lotadas para assistir à montagem da Zula Cia. de Teatro demonstram que algo de muito especial aconteceu. E mais uma vez a plateia belo-horizontina vai ter a oportunidade de experienciar de perto a peça em um palco ainda maior, o Grande Teatro do Sesc Palladium (rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro), em única apresentação, na próxima sexta-feira (15), às 20h, com ingressos a preços populares, entre R$ 10 e R$ 30, à venda no www.sympla.com.br.

“Banho de Sol” é fruto do projeto “A arte como possibilidade de liberdade”, composto, dentre outras atividades, por aulas de teatro que foram realizadas em um complexo penitenciário feminino ao longo de um ano, durante o banho de sol das participantes. O teatro adentrou aquele universo e foi adentrado por ele.

“A princípio, a ideia era somente fazer com que essas mulheres tivessem a oportunidade de vivenciar uma experiência artística, momentos de troca, de afeto, de integração entre elas e ver como essas atividades reverberavam no cotidiano delas. Mas a realidade vivenciada por nós foi tão intensa que nos provocou a criar uma obra para que esta vivência pudesse fazer ecoar as vozes destas mulheres em situação de cárcere”, destaca Talita Braga, atriz e fundadora da Zula Cia. de Teatro, que estrela o espetáculo ao lado das atrizes Gláucia Vandeveld, Kelly Crifer e Mariana Maioline. 

O encontro entre as artistas e as participantes, assim como as modificações provocadas por essa experiência em cada uma das mulheres em privação de liberdade, foram os motes da criação dramatúrgica da peça, assinada por Talita Braga, que também assina a direção com Mariana Maioline.

“A intenção da peça é, a partir das nossas memórias e experiências, dividir com o público o processo de transformação que nós, juntamente com nossas alunas vivenciamos ao longo de um ano de trabalho dentro de um complexo penitenciário. Trazer à tona os preconceitos, julgamentos, a crise do sistema prisional, a opressão, o abandono das mulheres em privação de liberdade, mas também o poder humanizador da arte, o poder do afeto. Tudo isso a partir de memórias de corpos que ouviram, viram, viveram e conviveram com essa realidade. Nossos corpos e vozes serão a ponte para trazer para a sociedade toda a discussão vivenciada dentro do presídio”, destacam as atrizes. 

É notável a conexão que “Banho de Sol” vem estabelecendo por onde passa, com as mais diversas plateias, trazendo para as salas de espetáculo espectadores que, muitas vezes, não têm o hábito de frequentar assiduamente esses espaços. Mas esse impacto gerado pelo espetáculo também rompe as barreiras do artístico e alcançou diversas autoridades e instituições públicas ligadas à questão prisional ou dos direitos humanos Brasil afora, gerando reflexões que transbordam as paredes do teatro.

Situações marginais

Com um trabalho focado na mulher em situações marginais, a Zula Cia. de Teatro tem como ponto de partida para a criação teatral histórias e depoimentos reais como em seus primeiros espetáculos: “As rosas no jardim de Zula” (2012), com direção de Cida Falabella, e “Mamá!” (2015), com direção de Grace Passô.

Trabalhar com mulheres em situação de cárcere era um desejo antigo de Talita Braga, mas foi em 2016, ao participar do núcleo de pesquisa para arte-educadores no Galpão Cine Horto, que o projeto começou a ganhar vida. Ela conta que as atividades eram coordenadas por Gláucia Vandeveld, que já tinha realizado atividades teatrais em unidades prisionais e acumulava experiência nesse universo.

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