Ativo digital pode ajudar pequenas empresas a captar recursos

A digitalização da economia feita no “susto” da pandemia, quando as medidas de restrição de deslocamento obrigaram empresas e consumidores a se relacionarem através da internet, mostrou a urgência de entendermos e nos adaptarmos a um mundo que já havia surgido, porém, ainda passava imperceptível para a maioria das pessoas: o da economia virtual. A principal ferramenta dessa nova economia é o token e, mesmo que não pareça, ela é também para as pequenas empresas.
Em linhas gerais, a tokenização é o processo de converter algo de valor em um token digital utilizável em um aplicativo blockchain e um token representa uma parte bem menor, e acessível, da propriedade no ativo subjacente, se trata de uma representação digital.
Assim, ela não está limitada a um setor, tipo ou porte de empresa. De acordo com o CEO do Contbank – banco digital especializado em oferecer produtos financeiros inteligentes e crédito, além de conectar contadores com as micro, pequenas e médias empresas -, Paulo Castro, mesmo para as grandes empresas, os conceitos ainda são confusos, como tokenização e criptomoedas. Ainda assim, com um pouco de calma e estudo, é possível as pequenas empresas utilizarem a virtualização dos ativos como ferramenta para conquista de crédito mais barato.
“Ainda não chegamos na tokenização como ferramenta para conquista de crédito mais barato como acontece com as criptomoedas. Esse ainda é um ambiente de alta alavancagem e alto risco. O nosso propósito é fazer com que os pequenos acessem o mercado de crédito de forma mais adequada. Creio que as novas tecnologias vão ajudar a destravar o processo. Podemos captar com os pequenos e médios superavitários para financiar os pequenos e médios que precisam de crédito. A tokenização não é uma panaceia, não diminui os riscos, mas diminui os custos com intermediários. A internet trouxe a ampliação dos mercados a partir do comércio eletrônico e a tokenização reforça isso em relação ao crédito”, explica Castro.

Token pode aumentar compliance de pequenas e médias empresas
Segundo o especialista em finanças e CEO da Soul Capital – assessoria financeira -, Rodrigo Negrini, ainda falta um trabalho maior de comunicação eficiente que seja capaz de explicar ao público geral o que é o processo de virtualização da economia. Para ele, essa dificuldade é o que ainda trava a expansão dos tokens pela economia e a sua consequente utilização pelas pequenas empresas.
“É importante dizer que a tokenização é a confirmação digitalizada dos contratos. Quando você assina um contrato de forma digital, ele é validado pela plataforma de forma on-line. A grande vantagem disso é ser uma simplificação e desburocratização dos processos, com segurança para as partes. Mas ainda temos um trabalho de educação das pessoas. Esbarramos em questões básicas do mercado de capitais. Do lado da tecnologia é mais fácil porque o brasileiro gosta e não tem medo de usar a tecnologia”, pontua Negrini.
Para ajudar as pequenas e médias empresas no caminho da utilização do token, as fintechs podem desempenhar um papel decisivo. De outro lado, a expectativa é de que esse processo faça com que as médias e pequenas empresas invistam na modernização de processo e profissionalização da gestão.
“Um problema dessas empresas é que elas ainda não têm executivos super experimentados em finanças. Falta experiência. Eles precisam dar o primeiro passo para se envolver com o mercado de capitais. Começar a se instruir porque o volume do mercado vai puxar mais investimento para a tokenização. Podemos ter um efeito colateral positivo, que é desenvolver processos transparentes, compliance, governança das médias empresas. E as fintechs, que surgiram oferecendo acesso e simplificação de processos e produtos para pequenas e médias empresas, devem se voltar novamente para esse público”, completa o CEO da Soul Capital.
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