Agricultura irrigada e recursos hídricos

O domínio das práticas agrícolas ao longo de milênios consolidou as relações da humanidade com os recursos naturais na sinergia clima, solo, fauna e flora nos continentes da Terra e deve perdurar ainda por muitos séculos nessa longa caminhada rumo ao futuro presumível. Entretanto, os humanos revelam uma extraordinária capacidade de aprender, inovar, viver, sobreviver, projetar, dilapidar, reconstruir, produzir, comercializar e registrar eventos, que são as memórias do tempo!
No viger do século XXI, a oferta de alimentos e o acesso aos recursos hídricos para múltiplos usos, campo e cidades, serão dois desafios consideráveis num cenário agravado pelas mudanças climáticas e seus efeitos colaterais poderosos anunciados pelos pesquisadores e cientistas de todo o mundo e já detectados nos continentes, mares, oceanos, geleiras, extinção de espécies animais e vegetais, e no comportamento do “Ciclo hidrológico.”
Contudo, o primeiro projeto de irrigação foi desenvolvido pelo Faraó Menes (3100 a.C), com canais e represas, para utilizar as águas do rio Nilo na produção de trigo. No México e na América Latina a irrigação foi desenvolvida pelos Maias e Incas há mais de 2000 anos; a prática da inundação na cultura do arroz chegou no Rio Grande do Sul na década de 1900.
Os sistemas de irrigação agrícolas são por inundação controlada, aspersão, gotejamento, pivô central, tubos enterrados, gravidade em sulcos, o que implica também em eficiente gestão dos recursos hídricos disponíveis; a agricultura irrigada no Brasil ocupa uma área de 8,2 milhões de hectares e poderá crescer 40% até 2040.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Pode-se presumir que as chuvas definem, num conjunto de outras exigências tecnológicas, os ganhos e perdas nas safras de grãos, a depender das regiões produtoras afetadas nos respectivos ciclos produtivos das culturas; nem chuvas demais e nem de menos, o suficiente na hora certa!
Ao longo de séculos as máquinas e equipamentos agrícolas fazem parte dos programas de conservação do solo e da água, bem como plantios diretos, na busca da eficiência no uso dos recursos hídricos e sejam sustentáveis na agropecuária e dessedentação dos rebanhos de pequenos e grandes animais.
O Brasil reúne 12 grandes bacias hidrográficas, entre as quais do rio São Francisco, que nasce na Serra da Canastra(MG), e sua capacidade de drenagem das chuvas (639,2 mil km2) abrange Minas Gerais, Goiás, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas (ANA).
Dados do Ministério da Agricultura publicados no ano 1989 revelaram os diferenciais de produtividade de algumas culturas não irrigadas e com irrigação localizada; uva, de 13 toneladas por hectare cultivado para 40 toneladas (+208%); tomate de 25 toneladas para 60 toneladas (+140%); banana de 25 toneladas para 100 toneladas (+300%); morango de 20 toneladas para 50 toneladas (+150%); e abacate de 10 toneladas para 31 toneladas por hectare (+210%).
Além disso, sob a irrigação por pivô central; milho de 2.025 quilos por hectare para 5.500 quilos (+172%); e soja de 1.844 quilos para 3.000 quilos por hectare (+62,6%). Essas e outras tecnologias geradas pela pesquisa agropecuária avançaram num horizonte para melhor nos ganhos de produtividade nas culturas e criações.
Aliás, programas de conservação da água e do solo, com políticas públicas e investimentos privados, são essenciais à oferta de água para múltiplos usos e não apenas para a agricultura.No Programa ABC+ foram aplicados, safras 21/22 e 22/23, R$ 926,7 milhões no MT (1º lugar); e R$ 804,7 milhões em MG (2º lugar) (Mapa).
Por outro ângulo, Minas Gerais desempenha também papel indispensável na irrigação em nível nacional por seus recursos hídricos e através de suas bacias hidrográficas. No Brasil, a irrigação com sistemas de pivôs centrais passou de 804 mil hectares em 1985 para 3,29 milhões em 2021(+309,2%), sendo que 64% dessas áreas irrigadas estão em GO/MG/BA. Dois dos cinco maiores municípios irrigantes são Paracatu (79,9 mil ha); e Unaí (72,7 mil ha) (ANA).
Ouça a rádio de Minas