Curta mineiro no Festival de Berlim

O curta-metragem “Lapso”, dirigido por Caroline Cavalcanti, estará na Mostra Competitiva Generation do 74º Festival Internacional de Cinema de Berlim, que acontece entre os dias 15 e 25 de fevereiro de 2024. O filme, que já conquistou o Prêmio Canal Brasil de Melhor Curta no 34º Festival Internacional de Curtas de São Paulo, tem sido bem recepcionado por público e crítica em diferentes festivais brasileiros e agora alça voo internacional em terras alemãs.
A trama se passa numa biblioteca e nas ruas da região central e da periferia de Belo Horizonte, e acompanha a vida de Bel e Juliano, adolescentes que se encontram após serem detidos por atos de vandalismo e passam a cumprir medidas socioeducativas em uma biblioteca pública. Bel, que está prestes a completar 18 anos, enfrenta os desafios da comunicação em língua de sinais, enquanto Juliano é um jovem apaixonado por rap. A história se desenrola através de diários em áudio compartilhados por Juliano, nos quais ele expressa seus sentimentos, dúvidas e busca por um propósito na vida.
Caroline Cavalcanti é atriz, diretora e roteirista, conhecida por projetos como a websérie “Absurdas,” indicada a Melhor Ideia Original pelo Rio Webfest, e o curta “Tinnitus,” exibido em diversos festivais, incluindo o 45º Festival de Cinema de Guarnicê. Ela também foi vencedora do 1º Prêmio Cardume-Cabíria com o argumento Zero Decibel. Pessoa com deficiência auditiva, há cinco anos, a artista que também tem uma trajetória de dez anos no teatro mineiro, tem explorado novas perspectivas e relações com o som, que se refletem em suas obras. Atualmente, está desenvolvendo seu primeiro longa-metragem.
Duas temáticas
Em “Lapso”, se conectam duas temáticas relevantes e muitas vezes sub-representadas no cinema contemporâneo: as experiências das juventudes negras e das pessoas surdas. Além de Caroline, a equipe conta com outras pessoas com deficiência auditiva: Jessé Barbosa assistente de arte, Michelle Murta consultora de inclusão e Libras, Hélio Alves estagiário de produção, Thayanne Lima atriz mirim e a protagonista Beatriz Oliveira.
O filme mergulha na vida de Bel e Juliano, adolescentes que, apesar de enfrentarem diferentes desafios, encontram uma conexão profunda através do afeto e da resistência. Enquanto Bel lida com o fato de ser uma pessoa com deficiência auditiva e navega pela comunicação em língua de sinais, Juliano enfrenta as complexidades de ser um jovem negro nas periferias de BH. “Lapso” nos convida a explorar as nuances dessas identidades e também a refletir sobre como a solidariedade e a compreensão mútua podem transcender barreiras e construir laços genuínos em meio às adversidades.
“O júri do Canal Brasil se encantou com uma representação afetuosa das periferias, que desvia dos clichês sem ignorar os problemas sociais. É com entusiasmo que premiamos o filme de uma cineasta promissora por sua visão de mundo, pelo trabalho com atores e domínio de mise en scéne”, afirmou o júri da premiação.
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