Editorial

Aprendendo a pensar grande

Aprendendo a pensar grande
Anel Rodoviário de Belo Horizonte | Crédito: Alisson J. Silva/ Arquivo

Mais um acidente de grandes proporções no Anel Rodoviário de Belo Horizonte, agora felizmente sem fatalidades a lamentar, faz lembrar a questão que se arrasta, indefinida, há décadas. Se dessa vez, ainda na abertura do ano, os prejuízos foram apenas materiais e numa contabilidade que não pode concluir as longas horas em que o Anel permaneceu interditado, com perdas evidentes para as atividades comerciais e industriais no seu entorno, não dá para deixar de perceber que as dificuldades são crescentes e, na mesma proporção, as ameaças.

São questões elementares e que não deveriam escapar aos olhos dos administradores públicos diretamente responsáveis pela situação. O fato é que o Anel simplesmente envelheceu e seu traçado não responde mais ao volume de veículos que nele circulam. Além da quantidade, por si só um problema, os veículos de carga evoluíram, ganharam em peso e capacidade de carga, além de desempenho. Veículos leves também mudaram, já não guardam semelhanças com os parâmetros que eram válidos na época do projeto e construção do Anel. Os ditos “gargalos” sintetizam a consequência esperada desse enorme descompasso.

Enxergar é fundamental para que se possa entender também como o problema deveria ser atacado. Ou muito mais do que prometem as obras cujo início, sob responsabilidade da Prefeitura de Belo Horizonte e contando com recursos federais, está prometido para breve. Poderá ser um alívio, não há porque negar, mas representará pouco na perspectiva de quem se lembra que até há pouco era discutida a duplicação de todo o Anel, além da correção de traçado em pontos críticos. Não se trata de parar e sim de enxergar mais longe e com a ousadia que a situação requer.

Um esforço que não pode continuar sendo adiado enquanto acidentes fatais, de grandes proporções como no início da semana, acontecem e são contabilizados quase que como rotina. Assim, caberia enxergar o Anel, já agora, como uma grande avenida que corta justamente as áreas mais densamente povoadas da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Nessa mudança de perspectiva o entendimento também será outro, focado na mobilidade que responsa satisfatoriamente às necessidades humanas assim como às econômicas, tudo como parte de um sistema viário integrado em que o Rodoanel será outra peça fundamental.

Estamos propondo pensar grande e não apenas colecionar notícias ruins, com o mesmo fatalismo com que são contadas as perdas já banalizadas pelo cotidiano.

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