2024: crescimento ou estagnação?

Ano novo, novas expectativas. E assim iniciamos 2024: de olho nas perspectivas do cenário econômico do País. Embora construindo alicerces sólidos, tendo fatores como o emprego e a inflação em patamares razoáveis, e a aprovação da reforma tributária, nosso calcanhar de Aquiles, a taxa de juros, segue elevada e causando um efeito contracionista na política monetária. Então, o que devemos esperar deste ano?
Mesmo que os números ainda não tenham ultrapassado o período pré-pandêmico, não tem como negar uma melhora em diversas variáveis macroeconômicas, que contribuem para um ambiente de venda e consumo mais propício para o crescimento.
Por outro lado, o Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil afirma que o conjunto de indicadores recentes de atividade econômica segue consistente com o cenário de desaceleração da economia, já esperado, e que a divulgação do PIB do terceiro trimestre de 2023 confirmou a moderação de crescimento que estava antecipada, mas com resiliência no consumo das famílias. O mercado de trabalho continua aquecido, mas com alguma moderação na margem. A inflação ao consumidor segue a trajetória esperada de queda, em ritmo mais lento, mas com expectativas de reancoragem apenas parcial e um cenário global desafiador. Tudo isso, na visão do Copom, requer serenidade e moderação na condução da política monetária.
Apesar dessa leitura fidedigna do cenário, discordo que temos que avançar em ritmo tão lento. Ao ver a economia real e seu compasso próprio, temos que ter noção de que Minas Gerais e o Brasil precisam de movimento. Peguemos como exemplo o Natal, considerada pelo varejo a melhor data comercial do ano. Observamos um crescimento médio de 8% nas vendas em 2023, sendo este acima da inflação, mas aquém da expectativa, que estava na casa dos 15% a 20%.
Importante ressaltar que, a despeito do avanço dos resultados, o que pesou nas vendas natalinas no ano passado foi a carência de mão de obra qualificada, e não somente o cenário. Para além da “economia de papel” do mercado financeiro, este é um ponto que também merece atenção. Em 2023, tivemos um saldo de 1,8 milhão de novos empregos formais no Brasil. Entretanto, ao realizarmos um levantamento com alguns estabelecimentos comerciais do Estado, a resposta foi unânime: faltam profissionais capacitados. Temos uma geração que preza por outros valores, que está mais despreparada e sem o comprometimento necessário para contribuir com o crescimento econômico.
Frente a tudo isso, vamos precisar de um desempenho mais vigoroso para 2024, que vai muito além de avaliar cenários, passando também pelo estímulo à capacitação da mão de obra, e não apenas à geração de empregos. Temos que agir na economia real do dia a dia, para fortalecer as variáveis macroeconômicas e, com isso, evidenciar que o desempenho econômico de que precisamos, ultrapassa o que apontam os indicadores.
E, voltando à pergunta inicial deste artigo, acredito que o Brasil vai, sim, crescer este ano. Todavia, precisamos unir forças e mostrar que o associativismo feito entre setores, buscando um bem comum, pode fazer do Brasil o destaque de 2024. Que possamos procurar sempre o equilíbrio das relações, trabalhando juntos, para fazer a diferença.
Ouça a rádio de Minas