Consumo de etanol cresce e impulsiona as vendas de combustíveis em Minas Gerais

De janeiro a maio de 2024 frente a igual intervalo de 2023, as vendas de combustíveis subiram 7,6% em Minas Gerais, aumento impulsionado pela comercialização de etanol hidratado, cujo consumo cresceu 73,9% no período. No total, foram 6,9 milhões de metros cúbicos (m³) negociados no acumulado do ano, dos quais 1,1 milhão de m³ do álcool misturado com água. 

Conforme levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), as distribuidoras do Estado também venderam volumes maiores de outros produtos. São eles: óleo diesel (5,2%, para 3,3 milhões de m³), gás liquefeito de petróleo – GLP (8,2%, para 593 mil m³) e querosene de aviação – QAV (79,5%, para 103,7 mil m³).

Por outro lado, as vendas da gasolina comum somaram 1,8 milhões de m³ nos primeiros cinco meses deste ano, quantidade 10,7% inferior à comercializada no mesmo período do exercício anterior. Do mesmo modo, houve queda nas negociações de óleo combustível (-1,3%, para 49 mil m³), gasolina de aviação (-1,3%, para 1,3 mil m³) e querosene iluminante (-17,8%, para 263 m³).

O coordenador do curso de Ciências Econômicas do Ibmec-BH, Ari Francisco de Araujo Junior, diz que duas variáveis possivelmente influenciaram os resultados das distribuidoras em Minas Gerais. A primeira, de acordo com ele, é a renda, enquanto a segunda se refere ao preço. 

O especialista recorda que a renda da população mineira, medida de forma aproximada pelo resultado do Produto Interno Bruto (PIB), subiu cerca de 3% no primeiro trimestre. Segundo ele, estudos apontam que, em geral, quando há um aumento de 1% nos rendimentos, tende a ter impacto semelhante sobre a demanda por combustíveis, ou seja, as pessoas consomem mais. 

Etanol x gasolina 

No caso dos preços, Araujo Junior explica que as mudanças podem ter influência negativa sobre o consumo, criando um contrabalanço para o desempenho do mercado distribuidor de combustíveis. Contudo, ele destaca que a relação entre o valor do etanol e o da gasolina favoreceu o consumo do álcool – produto que teve um significativo incremento nas vendas. 

“Esses dois combustíveis são bens substitutos, o que significa que, quando o preço de um deles sobe relativamente ao outro, é provável que uma parte da demanda caminhe para o outro”, disse. 

Dados da própria ANP mostram que, de fato, em maio, o consumidor mineiro encontrava vantagem ao optar pelo etanol ao invés da gasolina. Na última semana do mês, conforme a agência, o preço médio da gasolina comum vendida nos postos de combustíveis do Estado era de R$ 5,84, ao passo que o do etanol hidratado era de R$ 3,96. Como o resultado da divisão do preço do etanol pelo da gasolina era menor que 0,7, era mais vantajoso abastecer com etanol. 

Crescimento do mercado de combustíveis do Estado

O presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos, destaca que existe um indicador que combina os consumos de etanol e gasolina. Conhecido como consumo do “ciclo otto”, a métrica subiu mais de 4% no acumulado de 2024 até maio, ante igual intervalo de 2023, significando um avanço do mercado mineiro de combustíveis, captado apenas pelo aumento do consumo de etanol hidratado, uma vez que o da gasolina caiu.

“Esse resultado do etanol hidratado é uma reconstrução da demanda que tínhamos perdido nos últimos anos em função de mudanças tributárias, percepções equivocadas – talvez de variações de preços –, falta de comunicação com parte dos consumidores, uma série de itens. Agora estamos recuperando uma parcela desse mercado”, afirmou, reiterando que, frente a 2019, principal ano em termos de consumo do produto, a demanda ainda é baixa, havendo espaço para crescimento.