Economia

Faturamento da indústria tem maior queda em quatro anos

Resultado do setor em Minas Gerais recuou 11,6% em maio na comparação com o mês imediatamente anterior, aponta a Fiemg
Faturamento da indústria tem maior queda em quatro anos
Apesar da queda em maio, o setor industrial em Minas Gerais registrou incremento de 2,4% na receita no acumulado de 12 meses FOTO: Divulgação Capicilin

O faturamento da indústria mineira caiu 11,6% em maio na comparação com abril. É a queda mais intensa para o mês em quatro anos. Na comparação ano a ano, o setor apresentou queda de 6,4%. Os dados são da Pesquisa Indicadores Industriais (Index), da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

Apesar do resultado negativo, o setor industrial do Estado apresenta alta acumulada de 1,9% no faturamento durante o ano.

A economista da entidade, Ellen Araújo, analisa que a queda é proveniente da menor quantidade de pedidos em carteira e pela base de comparação alta, fruto de um faturamento significativamente elevado em abril (leia a análise completa ao fim do texto).

O resultado do Index é proveniente da contração de 14,1% na indústria extrativa e de 11,2% na transformação em maio na comparação com o mês anterior.

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As horas trabalhadas na produção da indústria geral também apresentaram queda no mês, da ordem de 1,3%, justificada pela redução de postos de trabalho na indústria de transformação.

A utilização da capacidade instalada apresentou pequena redução, neste caso de 0,3 ponto percentual, passando de 81,6%, em abril para 81,3% em maio.

Com relação aos indicadores referentes ao mercado de trabalho, a massa salarial subiu 0,9%, após o pagamento de rescisões, férias e participação nos lucros e resultados e contribuiu para a alta de 1,5% do rendimento médio real, em maio, em relação ao mês anterior.

Já nos últimos 12 meses, o setor industrial de Minas Gerais apresentou resultados positivos. Durante esse período, o faturamento acumulou alta de 2,4% e o emprego avançou 5,8%. A massa salarial subiu 8,5% e contribuiu para um aumento de 2,5% no rendimento médio real dos trabalhadores.

Taxa de juros vai impactar no faturamento da indústria

Até por conta do aumento significativo do faturamento em abril, Ellen Araújo destaca que o recuo no mês de maio não representa uma tendência de queda da atividade industrial do Estado. “No acumulado tem performado bem, tanto em 12 meses quanto de janeiro a maio de 2024, a indústria mineira apresentou resultados positivos”, disse.

Mas a economista da Fiemg aponta que o fim do ciclo de cortes da taxa básica de juros (Selic) pelo Banco Central (BC) terá impacto negativo na atividade industrial. “A manutenção dos juros em patamar elevado atrapalha o faturamento da indústria, os investimentos, a aquisição de bens pelos familiares, principalmente bens mais dependentes de financiamento”, comenta.

Por isso, a expectativa do setor para os próximos meses ainda é de crescimento, mas com menor robustez do que ano passado. Dentre os fatores que deverão contribuir positivamente para o resultado, estão o mercado de trabalho aquecido e as medidas de transferências de renda realizadas pelo governo federal, que aumenta o poder de compra das famílias e impulsiona o consumo.

Entre os fatores que devem contribuir negativamente para o faturamento da indústria, além da Selic elevada, estão as alterações climáticas. “O menor volume de chuvas deverá impactar a safra agrícola e, consequentemente, segmentos industriais mais ligados à agropecuária, como o de máquinas e equipamentos, de veículos pesados”, aponta Araújo.

Ela destaca ainda que eventos climáticos extremos, como as enchentes no Rio Grande do Sul, também podem influenciar negativamente o setor industrial mineiro no curto prazo.

Por fim, a economista ressalta que o volume de pagamentos de precatórios pelo governo federal, no primeiro semestre, também deve contribuir para um crescimento menos robusto da atividade industrial de Minas Gerais neste ano. “No restante do ano, muito provavelmente não haverá um pagamento tão grande de precatórios”, finaliza.

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