Economia

Sob impacto do reajuste da energia elétrica, IPCA da RMBH sobe 0,46% em junho

O índice para a região representou o segundo maior resultado entre as 16 áreas pesquisadas pelo IBGE
Sob impacto do reajuste da energia elétrica, IPCA da RMBH sobe 0,46% em junho
Crédito: Fernando Frazão/Agência Brasil

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) subiu 0,46% em junho, pressionado pelos gastos com habitação, sobretudo com energia elétrica residencial. O item encareceu 5,98% devido ao reajuste médio de 6,76% nas tarifas da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), aplicado desde 28 de maio.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a alta de 2,7% observada no gás de botijão também pressionou os preços do grupo habitacional, que subiram 2,18%, impactando a inflação da Grande BH. O índice para a região representou o segundo maior resultado entre as 16 áreas pesquisadas pela entidade e ficou acima da média nacional, de 0,21%.

Os outros grupos que exerceram pressões sobre o indicador foram:

  • saúde e cuidados pessoais (0,55%);
  • despesas pessoais (0,51%);
  • alimentação e bebidas (0,47%);
  • comunicação (0,25%);
  • educação (0,10%);
  • vestuário (0,06%).

O economista e colunista do Diário do Comércio, Guilherme Almeida, pondera que, mesmo não apresentando a principal variação positiva, os alimentos e bebidas merecem destaque, já que exercem forte impacto no orçamento familiar. Ele diz que o aumento de preços, neste caso, foi impactado por elevações tanto da alimentação dentro do domicílio quanto fora da residência. 

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Sobre a alimentação no domicílio, ou seja, as compras da população em supermercados e hortifrútis, o especialista explica que houve o encarecimento de alguns produtos em razão de questões climáticas e de oferta. São exemplos: manga (16,63%) e a batata-inglesa (11,04%). 

Quanto à alimentação fora da residência, feita em restaurantes e lanchonetes, ele atribui o aumento ao momento aquecido do mercado de trabalho, com salários de admissão mais elevados e reajustes acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). “Tudo isso impacta no custo da mão de obra e naturalmente o estabelecimento acaba repassando para os preços”, afirma.

Deflações nos grupos de transportes e artigos de residência

Por outro lado, dois grupos ajudaram a segurar a inflação da Região Metropolitana de Belo Horizonte no mês passado. O primeiro foi transportes, com deflação de 0,4%, provocada, principalmente, por uma queda no custo das passagens aéreas, de 14,38%. Já o segundo foi artigos de residência, com recuo de 0,15%, conforme o levantamento do IBGE.

Almeida ressalta que, provavelmente no indicador de julho, não será mais observado redução dos preços no grupo de transportes, pelo contrário, deverá ser registrado um encarecimento, em razão do reajuste dos combustíveis. Na segunda-feira (8), a Petrobras elevou em 7,12% (R$ 0,20) o preço do litro da gasolina aditivada vendido para as distribuidoras

“Os postos de combustíveis já repassaram isso para o preço (na bomba, pago pelo consumidor final) e isso tem um impacto inflacionário relevante, e o grupo de transportes é mais um que pesa no orçamento das famílias. Nós teremos esse impacto futuro já esperado”, observa o economista.

Inflação da RMBH fica acima da média nacional em 2024 e nos últimos 12 meses

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a variação inflacionária da RMBH no primeiro semestre deste ano alcançou o percentual de 3,63%, o terceiro maior índice entre as 16 áreas de abrangência da pesquisa. No acumulado dos últimos 12 meses, de acordo com o IBGE, o IPCA para a região chegou a 5,23%, o maior valor entre os locais pesquisados.

Em ambas as comparações, o desempenho da Grande Belo Horizonte foi pior do que o nacional. A média brasileira no acumulado de 2024 ficou em 2,48% e nos últimos 12 meses em 4,23%.

Como indicativo de que os preços da RMBH estão evoluindo mais do que no Brasil inteiro, Almeida salienta que o IPCA na região está bem distante do centro da meta perseguida pelo Banco Central para a inflação do País em 2024. Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta é 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

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