Negócios

Centrais de negócios fortalecem pequenas empresas

Sistema ajuda o empreendedor na troca de informações estratégicas do setor, permite compras conjuntas de insumos comuns, bem como a venda conjunta, entre outras vantagens
Centrais de negócios fortalecem pequenas empresas
Foto: Reprodução Adobe Stock

União e cooperação com o objetivo de fortalecer as empresas, em especial as pequenas, motivam a criação das centrais de negócios, modelo que existe com o apoio do Sebrae Minas, bem como no setor supermercadista mineiro. A participação nas centrais ajuda o empreendedor na troca de informações estratégicas do setor, permite compras conjuntas de insumos comuns, bem como a venda conjunta, entre outras vantagens, observa o gestor estadual do programa Central de Negócios do Sebrae Minas, Bruno Augusto Falci Ramos.

Para ele, o futuro dos negócios de pequeno porte está nas redes de negócios. “Assim as centrais preparam para esse contexto e favorecem não apenas compras conjuntas, mas também nas vendas conjuntas para competir com grandes varejistas, empresas ou grupos, ainda possibilita a essas redes os trabalhos colaborativos, colabs, melhores fornecedores e parcerias estratégicas no negócio ou no território onde estão instaladas”, observa.

Jonh Smith
Jonh Smith: realizar compras conjuntas entre as vantagens | Crédito: Arquivo Pessoal

Ramos explica que a metodologia é aplicada há mais de 15 anos, sendo mais intensamente a partir de 2011 com a primeira reformulação. A segunda reformulação aconteceu em 2013. “Já atendemos mais de 100 iniciativas/grupos dos diversos segmentos e setores ao longo desses últimos 15 anos”, diz.

Ele conta que os primeiros grupos de trabalho foram no setor farmacêutico, materiais de construção, tintas, minimercados e varejo de móveis. E os de destaque em número são das cooperativas de agronegócio, supermercados/minimercados, farmácias e materiais de construção.

O conteúdo continua após o "Você pode gostar".


O gestor da Central de Negócios do Sebrae Minas explica que a entidade está capitaneando uma revisão e renovação metodológica desde meados de 2023, com previsão de lançamento da nova metodologia, de abrangência nacional, entre 2024 e 2025.

Segmento de beleza

Foi em novembro de 2022, em Montes Claros, no Norte de Minas, que foi lançada oficialmente a primeira Central de Empresários da Beleza (CEB) do País. O grupo é composto atualmente por 13 proprietários de salões e barbearias, que há cerca de dois anos e meio se uniram e, com o suporte do Sebrae Minas, receberam capacitações, cursos, consultorias, e passaram a atuar em rede.

O presidente da CEB, Jonh Smith, conta que a ideia de criar a central veio a partir de encontros proporcionados pelo Sebrae ao grupo da beleza. “Durante as rodas de conversa surgiu a ideia de unir forças para fazer negócios juntos”, diz.

Ele conta que há várias vantagens, entre elas, compras conjuntas favorecendo o grupo em descontos e negociações, além da parceria entre empresas do mesmo segmento, com troca de conhecimento, empréstimos de produtos em estoque, além de dicas úteis que já foram aplicadas e testadas, network, descontos em cursos e parcerias com empresas renomadas.

Apesar dos diversos pontos positivos, há desafios: “Para mim, é conseguir que pessoas completamente diferentes com objetivos diversos consigam se alinhar para que o propósito maior da central seja atingido”.

Centrais de negócios são adotadas pelo setor supermercadista

As centrais de negócios têm papel relevante no desenvolvimento e na conquista de mercado para pequenas empresas associadas, destaca o presidente executivo da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Antônio Claret Nametala.

Ele explica que as centrais de negócios surgiram como “centrais de compras”, focadas no poder de negociação e evoluíram para “centrais de negócios”. O dirigente observa que, atualmente, as centrais de negócio oferecem uma série de outras atividades e serviços em apoio aos pequenos supermercados em todas as regiões do Estado.  

“A Amis tem como missão apoiar, defender e desenvolver o setor supermercadista. Logo, apoia as boas iniciativas em prol do segmento, como o trabalho das centrais, que vêm promovendo o associativismo no setor”, diz.

O presidente da Amis esclarece que existem diversos formatos de centrais de acordo com a natureza jurídica, estratégia de mercado e a forma de adesão do associado. Para ele, há várias vantagens das centrais, entre elas, está o aumento do poder de negociação e centralização de compras, tanto do sortimento quanto de máquinas e equipamentos, além de treinamento de colaboradores e maior poder de acesso à mídia.

Ele também ressalta que a possibilidade de desenvolvimento de marca própria, cartão de crédito e campanhas de marketing são outros pontos positivos das centrais, que são ambientes de troca de experiências e ampliação do conhecimento. 

Para o dirigente, a central de negócios, de forma geral, pode ser uma boa opção para o pequeno negócio. Porém, ele ressalta que é necessário que o supermercadista faça uma avaliação com relação às próprias estratégias de mercado, seu público-alvo, localização e abrangência da central de negócios, bem como serviços oferecidos.

Um exemplo de central de negócios que vem apresentando resultados positivos é a rede Hipervalor, que atua no segmento supermercadista mineiro. Criada em Itaúna, na região Centro-Oeste do Estado, em 2018, com cinco associados e 80 lojas, hoje tem sete associados com 115 lojas e uma projeção de faturamento para 2024 de R$ 4,4 bilhões.

O presidente da Hipervalor, Vinícius de Morais Mendes, conta que a ideia surgiu pela necessidade de compartilhar boas práticas de gestão empresarial, como melhoria em sistemas, gestão de pessoas e compra de insumos. “Mais tarde evoluiu para a necessidade de fazer negócios de revenda de mercadoria, onde concentrando o volume de todos na central, as negociações são mais rentáveis tanto para o associado quanto para o fornecedor”, diz.

Para ele, o maior desafio de uma central de negócios é conseguir fazer com que todos os funcionários de todas as empresas pensem no ganho maior em fazer os negócios em conjunto do que individualizados. “Uma central não existe para substituir pessoas nas empresas, e sim para facilitar o trabalho e alcance dos objetivos das empresas”, destaca.

O diretor-executivo da Hipervalor, Gustavo Fleubert Morais Leite, acrescenta que a rede também faz a importação em conjunto e lançou a sua marca própria, a Porti, que vem ganhando espaço nas gôndolas.  “Hoje a gente já tem 12 itens e vamos trabalhar até o final do ano para chegar a 20”, conta.

Ele ressalta que a marca própria é um diferencial, que ajuda na fidelização do consumidor. “A marca foi construída pela própria Hipervalor, com participação dos associados, buscando um excelente custo-benefício, além de produtos com extrema qualidade”, diz. Outra mudança recente na rede foi a da sede, que veio para Belo Horizonte neste ano para ficar mais próximo dos fornecedores e de várias indústrias.

Faemg tem programa de produtos e serviços para o produtor rural

Com o objetivo de agregar produtos e serviços para facilitar a vida do produtor rural, a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) criou, em 2019, a Faemg Clube de Benefícios. Entre as vantagens do programa para o produtor está o acesso aos serviços através de uma consultoria, explica o consultor de negócios e responsável pela iniciativa, Wilson Moura.

“A gente oferece o produto adequado à necessidade do produtor”, diz. Ele conta que não há uma região de Minas Gerais que se destaque com relação ao número de participantes, que vem crescendo a cada mês, graças ao trabalho contínuo de sensibilização com os produtores rurais a respeito das soluções oferecidas pela Faemg Clube de Benefícios, bem como com os sindicatos para oferecer esse serviço.

Antônio Claret
Existem diversos formatos de centrais, afirma Antônio Claret Nametala | Crédito: DivulgaçÃO AMIS

 “Temos clientes espalhados por todo o Estado”, diz. Também não há um segmento que se destaca. “É bem pulverizado. Nós temos produtores do café, de gado, de lavoura, pequenos produtores e de economia familiar”, acrescenta.

O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Pompéu, Paulo Henrique de Souza Lino, conta que a entidade faz parte do programa da Faemg há cerca de cinco anos, e aprova a iniciativa. “O clube de benefícios atende o produtor de forma palpável”, diz.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas